Andando por esses dias pelas ruas do bairro onde moro deparei-me com uma situação que ainda me deixa bastante triste. Percebi como têm muitos cães pelas nossas ruas. Isso infelizmente é um caso antigo, pois sempre existem pessoas que, às vezes, por impulso pegam um filhote de cão para criar e depois por vários motivos e com o mesmo impulso os abandonam nas ruas, mas que de uns tempos para cá esse número tem aumentado e muito.
Por inúmeras vezes pessoas comuns, como nós, presenteiam amigos, namorados e afins com lindos e fofos “mimos” sem se dar conta que esse mimo é um ser vivo e que crescerá carecendo de cuidados e atenção para viver. Coisa que não acontece com os outros tipos de mimos que também presenteamos os nossos amigos como por exemplo: CD’s, DVD’s, livros e outros do gênero. Mas ao contrário desses presentes que quando você enjoa pode emprestar sem preocupar-se com a devolução, doar ou dar para algum outro amigo ou conhecido ou simplesmente deixar largado em um canto; com um filhote de cão isso não poderá ser feito, até porque ele não poderá ser emprestado ou deixado de lado como um objeto qualquer, afinal de contas é um ser vivo, sendo totalmente dependente do seu dono e condicionado a essa dependência.
Podemos até alegar que o canino por não poder raciocinar não tem sentimentos ou qualquer outro tipo de referencial de apego emocional. Entretanto será essa uma verdade? Quantas vezes já ouvimos falar de cães que arriscam a própria vida para defender a do seu dono ou de algum membro da sua família? Quantas pessoas comentam que uma das alegrias ao retornar para sua casa ou apartamento é ter a certeza que seu companheiro de “quatro pés” estará o aguardando ansiosamente? E como eles ficam tristes por não receber atenção ou ficam enciumados quando aparecemos com outros animais em casa? Eles podem até não ter o dom do raciocínio, mas com certeza eles podem sentir e, por diversas vezes, bem mais que nós, os seres humanos.
Por esse simples motivo já seria muito bom se nós pensássemos bastante antes de dar de presente um filhote. Não que isso não deva ser feito, mas se o tivermos vontade de fazer que tenhamos o cuidado de saber se a pessoa presenteada gosta realmente, se tem espaço em casa e tempo para cuidar do cão e como são os hábitos dos cães enquanto forem filhotes e durante a fase adulta, para que não ocorram futuros arrependimentos.
Mas também, de um certo modo fico com um alívio no coração, pois da mesma forma que há pessoas que simplesmente jogam seus cães nas ruas também existem, embora em menor escala, as que os recolhem dando-lhes afeto e um lar. E mesmo quando não podem ou não têm como recolhê-los dão um jeito de alimentá-los mesmo estando nas ruas e sempre que possível dando-lhes um pouco de carinho. Por isso andando pelas nossas ruas além de ver muitos cães também tenho visto vasilhas com água, comida e às vezes até um certo tipo de abrigo. Não é o que eles merecem, mas já serve como um pouco de alento.
Contudo, caros amigos, bom mesmo seria se isso não fosse mais necessário. Se parássemos de abandonar nossos animais de estimação e os tratássemos com o carinho e respeito que todo ser vivo necessita. Mesmo que por qualquer motivo não possamos mais ficar com ele, que tenhamos o bom senso de procurar alguém para cuidar dele ou, em último caso, deixá-lo em um abrigo. Desse modo não mais seria necessário termos que alimentar cães que ficam circulando pelas ruas à espera de uma mão que lhe ofereça alimento e um mínimo de carinho. Mas enquanto esse tempo ainda não chega que possamos continuar cuidando da melhor forma possível não somente dos cães, mas de todos esses companheirinhos que ainda não conseguiram encontrar um pouso ou foram expulsos dos seus.
Tonni Nascimento
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