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terça-feira, 14 de agosto de 2007

A próxima vítima

Mais uma vítima de bala achada estampa as páginas dos jornais: o engenheiro Aílton Lopes Moreira.

Hoje está sendo ele, mas amanhã pode ser eu ou até mesmo, você, querido leitor.

Nunca as páginas dos jornais cariocas estiveram tão democráticas: ricos e pobres; bonitos e feios; intelectuais e povão; todos, atualmente e a qualquer momento podem ter (embora ninguém queira) esses “quinze minutos de fama”, movidos pela trágica situação de violência que impera em nossa sociedade.

Aí, o nosso equivocado Secretário de (Des)Segurança Pública, Sr. José Mariano Beltrame, informa que “poderíamos acabar com os traficantes em um dia, se quiséssemos, mas não vamos colocar a população em risco.”

- E daí, Secretário? Acabar com traficantes representa uma ação específica contra a vida humana, cujo objetivo é levá-los à morte.

Claro que numa sociedade em que a população está acuada pelo medo, muitos apóiem a pena de morte aos bandidos acreditando ser essa a solução, o que é um outro imenso e lamentável equívoco.


- Mas, Secretário, o senhor não é povo. Está num cargo que envolve ações de inteligência e depoimentos dessa natureza só demonstram despreparo para o cargo.


Eliminar o traficante nem de longe fará se extinguir o tráfico.


- Acredito, Sr. Secretário, que não tenha sido contratado para enxugar gelo. O traficante é resultado de uma série de graves distorções sociais.


É natural que se devam continuar existindo as ações policiais, mas enquanto se associar a causa da violência urbana à bandidagem, estaremos agindo como a pessoa com câncer no cérebro que toma o analgésico para aliviar a dor.

- Vamos lá, Secretário, convoque sociólogos, profissionais de educação, assistentes sociais. Vamos ouvir os juristas, os representantes dos núcleos familiares, os inúmeros voluntários religiosos ou não que se doam pela causa da inclusão social. Que tal, também, buscar médicos, sanitaristas, pedagogos, psicólogos, publicitários, jornalistas e tantos outros representantes sociais. Monte uma força-tarefa que envolva ações reais de repreensão, mas que não ignore o mais importante: os aspectos profiláticos. Ah, mas esqueça totalmente os políticos, como o seu chefe, por exemplo. Porque os políticos são só gargantas que bradam por soluções, mas que precisam da miséria humana para se reelegerem.


Assim, Secretário, haverá uma chance real de se acabar com a violência em nosso querido Rio de Janeiro. Pode ser até que perca o cargo, mas ficará para sempre como o primeiro Secretário de Segurança Pública que de fato nós já tivemos.


Como não sei se serei a próxima vítima, deixe-me apresentar enquanto estou viva:
- Muito prazer, eu sou Alcione Koritzky.

Alcione Koritzky

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