Enquanto eu recebia um abraço carinhoso dos que só os amigos nos dão, ouvi-o falar que todos precisamos em nossas vidas, de um tempo para vivermos para dentro de nós.
E fiquei pensando nisso. Nesta necessidade de fazermos uma viagem pra dentro de nós, de nos encontrarmos, de nos avaliarmos. É onde precisamos estar sozinhas. Não queremos companhia, não queremos que nos digam que a vida é assim mesmo, não queremos o som alto, o barulho do telefone. Queremos paz!
Queremos um espaço nosso, que nos é negado a cada dia, porque cada vez mais nos imputam mais tarefas. Cada dia a carga que as cobranças geram, aumenta e nos pressiona mais e mais até que nos sentimos sufocar. Que vontade de gritar: Deixem-me!
Dêem-nos um tempo. Nós precisamos dele. Nossa hora de perguntar: Por que não lutamos mais? Por que deixamos que sufocassem nossos sonhos? Surgem pensamentos como: O tempo passou e não há mais tempo pra mim. Ele agora, é dos filhos. Não tenho mais vida. Não tenho mais sonhos, ajudo a realizar os sonhos dos outros.
Tenho que estar firme sempre, ser a esponja, aquela que absorve os problemas, enquanto que ninguém se interessa pelos meus. Meu rosto está cansado, meu corpo está cansado, minha alma está cansada. Parem o mundo que quero descer!
Quantas das que me lêem, não pensaram nisso em algum momento de suas vidas? Como ficou resolvido isso? Vale a pena continuar vivendo? Alguém sentiria nossa falta se morrêssemos hoje?
Quem cuidaria da casa desarrumada, do bebê que chora, do outro filho que quer colo. De mais um que reclama da falta de dinheiro, do outro que acha que as coisas só acontecem com ele. Pra quem reclamariam das cuecas na gaveta errada, daquele tênis e louça que ainda não tivemos tempo de lavar?
Ah, e o marido, a elogiar bundas que nunca são parecidas com as nossas? Somos frágeis mas temos que nos revestir com uma proteção imaginária, porque mães não cansam, mães não reclamam, mães nem são mulheres, são “apenas” mães.
Mas não desanimem, daqui a 20 anos, quando nossos filhos já estiverem devidamente encaminhados, teremos tempo pra olhar nosso rosto enrugado, sentir as dores do reumatismo, “degustar” a nossa incapacidade de fazer tudo o que nunca tivemos tempo de fazer, porque naquela altura do campeonato, nossos maridos (nem todos, obviamente), já terão sucumbido aos encantos de alguma guria. (Só rindo mesmo!).
Bem... isso prova que temos motivos pra sorrir no dias da mães, depois é claro, de lavarmos toda a louça oriunda da comemoração.
Felicidades, a todas essas heroínas do dia-a-dia!
Mara Von Mühlen
Publicado originalmente no site Recanto das letras em 31/05/2007.
Um comentário:
Agressivo demais... talvez pq eu ainda não seja mãe, dona de casa... mas concordo que todos nós (homens e mulheres) merecemos um tempo só pra nós... Fazer algo só nosso. O tempo de pensar em mim, só em mim, é quando danço... nas aulas sou eu e meus sonhos em realização. Nada mais.
Que cuidemos bem de nós... só assim cuidaremos bem dos outros.
Beijocas...
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