Por vezes escutei pessoas a dizer que quem espera alcança. Mas, de que espera estamos falando? Esperar sentado para não cansar, ou vendo TV para o tempo passar mais rápido. Ansiosa que sou, nunca consegui colocar tais esperas em prática, sempre gostei de me adiantar, de estar um passo a frente, e apesar de nunca ter rompido o casulo da lagarta para ajudar a borboleta sair, ultrapassei meus limites inúmeras vezes só para ver algo que se realizar quando e onde queria.
Mas existem certas verdades que regem o Cosmo e nossas pequeninas vidas também. É bíblico: “Debaixo do céu há tempo para todas as coisas”. E há. E mesmo em minha vida ansiosa e corrida houve espera. Uma espera inconsciente, silenciosa, calma. Não uma espera ociosa. Mas uma espera dinâmica. Como o discípulo que espera, a preparar-se, pela chegada do Mestre.
Todas as vezes que isso se tornou consciente era um martírio, um desespero. Terei de esperar? Não. Eu não queria. Eu não quis. E desisti. No entanto, mesmo quando desistia da espera consciente, deixando situações e vivências maravilhosas de lado só por que precisavam de mais alguns minutos, mesmo assim, eu esperei. E hoje, ao questionar-me sobre a espera ideal, relembrei um poeta-pedagogo que traduziu toda a espera que busco hoje. Não deixei de ser ansiosa, mas entendi que cada etapa é importante para o aprendizado. E que o sabor de um fruto maduro, colhido no momento certo, é incomparável.
“Escolhi a sombra desta árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,:
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso, esperar, na forma em que esperas,
porquê êsses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque êsses, ao anunciar-te ingênuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.”
Paulo Freire, "Canção Óbvia" Março 1971.
Mas existem certas verdades que regem o Cosmo e nossas pequeninas vidas também. É bíblico: “Debaixo do céu há tempo para todas as coisas”. E há. E mesmo em minha vida ansiosa e corrida houve espera. Uma espera inconsciente, silenciosa, calma. Não uma espera ociosa. Mas uma espera dinâmica. Como o discípulo que espera, a preparar-se, pela chegada do Mestre.
Todas as vezes que isso se tornou consciente era um martírio, um desespero. Terei de esperar? Não. Eu não queria. Eu não quis. E desisti. No entanto, mesmo quando desistia da espera consciente, deixando situações e vivências maravilhosas de lado só por que precisavam de mais alguns minutos, mesmo assim, eu esperei. E hoje, ao questionar-me sobre a espera ideal, relembrei um poeta-pedagogo que traduziu toda a espera que busco hoje. Não deixei de ser ansiosa, mas entendi que cada etapa é importante para o aprendizado. E que o sabor de um fruto maduro, colhido no momento certo, é incomparável.
“Escolhi a sombra desta árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,:
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso, esperar, na forma em que esperas,
porquê êsses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque êsses, ao anunciar-te ingênuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.”
Paulo Freire, "Canção Óbvia" Março 1971.
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