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domingo, 22 de julho de 2007

A Perda da Inocência

Você se lembra dos seus primeiros anos de vida? De como tudo era novo e mágico e o mundo parecia um lugar imenso de mistérios intimidadores? Ainda bem que você era acompanhado de dois super-heróis prontos para te ajudar: papai e mamãe.

Lembra de como o quintal ou a rua em frente à sua casa pareciam um mundo de infinitas possibilidades onde amigos reais e imaginários poderiam ser o que quisessem?

Lembra de como as “tias” da escola pareciam imensas e inteligentes, sempre sabendo como resolver aqueles trabalhinhos complicados que te davam para fazer na escola?

Ah, que delícia era ser o desbravador do mundo: encontrar casulos pendurados em árvores perto de casa, ralar o joelho e saber que a super-mamãe está sempre lá para te salvar, rolar na grama e sair cheio de carrapichos pendurados pela roupa, ser o melhor jogador da rua (mesmo que os outros jogadores todos apontem para si dizendo o mesmo)...

Mas aí algo acontece.

É difícil definir quando esse momento chega, mas acaba sendo em algum ponto entre o dia em que você deixa de desenhar o seu próprio nome para efetivamente escrevê-lo e o dia em que você descobre que o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa não existem exatamente na forma de pessoas. De repente o mundo passa a não ser tão grande quanto se imaginava, o que antes era misterioso passa a se tornar conhecido e catalogado e papai e mamãe deixam de ser tão super assim.

Agora você já pode ir até a padaria ou ao mercadinho da vizinhança quando sua mãe pede, os livros que você lê começam a ter mais palavras do que figuras, a tia da escola começa a mostrar a ciência por trás da magia do mundo e você já descobriu um punhado de coisas em que papai e mamãe não são nem de longe tão bons quanto você imaginava.

E a vida continua a acabar com a festa. Ela te força a aprender o que é a decepção, a morte e todo um mundo de eventos e sentimentos longe do colo da mamãe.

E quando você se dá conta, ela já se foi. Aquela inocência dos olhos de criança dá espaço a discussões sobre política, religião, guerras, estudo, trabalho, dinheiro... Bem vindo ao mundo adulto!

Parece um quadro meio apocalíptico, eu sei, mas toda grande mudança é assim, não é? O que a lagarta chama de fim, é apenas o começo para a borboleta.

Por mais que a inocência se vá, se você for esperto o suficiente, vai saber manter o espírito jovem. E essa é que é a grande sacada para a vida adulta: crescer, mas manter uma certa jovialidade, uma certa curiosidade e uma certa visão imaginativa que só uma criança poderia ter, pois só assim você vai conseguir perceber que a vida deixou de ser uma festa de criança para se tornar um baile que pode ser tão divertido quanto a festa, apesar de ter um pouquinho mais de regras.

E, quando você menos espera, se da conta que está agradecido por aquela inocência infantil ter ido embora, porque só assim você consegue escapar de certas armadilhas do baile da vida adulta. Vai ver que é exatamente por isso que crianças não podem entrar nesse baile, né? E, nossa, como ele se torna magicamente maravilhoso quando você descobre certas verdades com as quais só um adulto consegue lidar. Mas o mais interessante é exatamente isso: a magia não acaba, apenas muda de roupagem a cada nova dança, a cada novo ritmo. E como perde aquele que fica se escondendo pelos cantos, sentado longe da pista de dança, apenas praguejando a própria sorte.

Vamos celebrar o fim da inocência e a beleza da vida adulta! Conceda a si mesmo o prazer desta dança!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Albergue



Eu lí num texto de Rubem Alves (do livro - O amor que acende a lua - que é muito bom por sinal) que nós somos um Albergue.
E que nesse albergue moram muitas pessoas. Umas boas, outras más, outras normais, outras esquezitas... Isso ficou algum tempo pairando na minha mente, sem que eu entendesse direito.

No meu albergue moram pessoas totalmente diferentes. A personalidade dominante é a dona do albergue, aquela que cobra o aluguel, que procura ver se o albergue está em boas condições, como andam os hóspedes... Essa personalidade dominante é aquela que manda e que conhece todos os outros inquilinos.

Alguns inquilinos precisam ficar presos e trancados (Rubem Alves também fala nisso e eu tenho que corcordar com ele). O meu ciúme é regido por um homem... Ele é impulsivamente impulsivo. Sente ciúmes de tudo e de todos, é aldaz, voraz, audacioso, e extremamente perigoso. Esse fica preso. Mas ele grita e como grita.

Outra é uma cigana. É "cigana oblíqüa". Essa está aprendendo a conviver com as pessoas. Vamos dizer que ela vive em regime semi-aberto, em alguns momentos ela fica trancada. Ela não grita, mas sussura... e, às vezes, é pior. Mas ela, eu sei que aprenderá a conviver com as pessoas com total educação... falta pouco pra liberdade total. Mas ela me ajuda. Eu sou tímida demais e ela é muito sensual, e muitas vezes eu preciso dela. É só ela aprender a vir com calma e não ser voraz e devoradora.

Outro inquilino é uma criança... ela é tranquila... às vezes passa correndo e cantando, fazendo bolinha de sabão... Não faz estranho algum, mas quando ela aparece sempre querem que eu volte a ser adulta... mesmo quando eu quero que a criança fique.

Tenho um deprimido dentro de mim. Um deprimido depressivo com tendências suicidas. Esse também fica trancado. Já soltei ele algumas vezes... foram os momentos mais tristes da minha vida... Eu o mantenho trancado, mas ele chora alto que dá dó. Toda vez que ele chora, me dá um aperto no peito... mas não dá pra soltá-lo. E uma vez ou outra ele pede pra morrer... Algumas vezes eu me senti tentada, foram as vezes que ele ficou solto. Se eu soltá-lo, teria que matá-lo, e isso implica em acabar comigo. Esse eu mantenho preso também.

O intelectual anda solto... O filósofo também passeia pelo hotel com liberdade... e é ele que está me ajudando a escrever esse texto. E o ansioso está aqui do lado atormentando e me deixando com dor de barriga.

O apaixonado deveria estar preso, mas me roubou a chave e anda cantarolando canções de amor e dizendo o nome de alguém a plenos pulmões, deixando o ansioso desesperado, o deprimido achando que tudo vai dar errado, o ilusionisma me enchendo de imagens bonitas e falsas na hora de dormir... ai! E eu mesmo estou perdendo o controle do albergue.

Eu preciso dominar a todos!
Apaixonado! Volta pro seu quarto! Ele não está apaixonado por nós!
Ansioso, se acalma! Não tem nada pra temer, não vai acontecer nada!
Deprimido, se alegre... não tem nada pra acontecer, não tem coisas tristes pra acontecer, só coisas alegres!
Ilusionista, pára de me mostar imagens de mim e de quem estou gostando. Eu gosto sozinha, ele nada sente por mim! Essa é a verdade!

Vamos ver se eu consigo colocar moral e restabelecer a ordem.

Eu sou uma e sou tantas....
_________________________________

Eu não sei se foi um bom texto, mas eu precisava escrever isso.

domingo, 15 de julho de 2007

PAN, PAN, PAN, PAN ...




A vida é um hospital

Onde quase tudo falta.

Por isso ninguém se cura

E morrer é que é ter alta.

[Quadras ao gosto popular – Fernando Pessoa]


Poesia, jornalismo e política. Hoje, ao voltar do mercado a conversar com o motorista do táxi, quis ser especialista em cada um destes assuntos.


Primeiro quis ser poeta, para poder escrever o que ocorre com o mundo, de forma singela e doce, como faz Pessoa. Depois quis ser jornalista, para descrever o que se passa em nossa cidade de maneira verdadeiramente imparcial. E por último, quis saber e entender o que fazem esses a quem damos o poder de decidir o destino de nosso dinheiro, de nossos impostos e no fim, de decidir também como é nossa vida enquanto povo, população, cidadãos da República Federativa do Brasil.

Passávamos por uma rua perto de casa quando ele disse para que eu não andasse por ali à noite. “É deserto, escuro, perigoso e ultimamente tem dado muito assalto por aqui...”

Aí comecei a pensar no PAN enquanto conversava com ele. Não no pan-americano e seus turistas, força nacional, exército, médicos e ambulâncias a postos... Mas sim no PÂNico que mães e pai sofrem dia após dia ao saírem para trabalhar e deixar seus filhos em casa, ou quando precisam levá-los ao hospital público (que se tem médico não tem remédio, se tem remédio não tem leito etc.) No PANdemônio que é pegar ônibus lotado e encarar engarrafamentos quilométricos, em ter que pensar que se pago esta conta, não pago aquela.

E, como sempre gosto de buscar qual o meu papel em relação a isso tudo, percebi que minha falha maior é evitar os assuntos de política, evitar discutir sobre o que faz nosso Presidente, dizer que religião até pode, mas que política não se discute. E olhando em volta, dei-me conta que num quadro geral, esse é o perfil de brasileiro.


Cidadão esforçados, batalhadores, que lutam dia após dia contra as forças “invisíveis” do desemprego, da fome, do cansaço... Essa gente que vibra com a Copa do mundo, com o final da novela das oito, mas que é completamente desinformada em relação a política. A gente fala de política na fila do banco, dizendo que o país é uma bagunça. Mas não se importa em assistir o horário político, em ler os projetos de governo de nossos candidatos, de questionar a origem e a capacidade daquela pessoa em governar uma cidade, um estado, um país.


E depois a gente reclama... Reclama após votar em candidatos de milhares de partidos diferentes, sem saber se um apoiará o outro depois que eleito. A gente reclama, enquanto eles enriquecem e quase nada fazem. Apenas reclamamos, mas de que adianta se deixar manipular para sair a rua como caras pintadas se no fundo, nem sabíamos o real motivo de fazermos aquilo?


Esse PAN (e agora falo do torneio esportivo) me fez ver mais uma vez, que a assertividade do todo, depende do um. É claro que como boa torcedora, fico vibrando, gritando, pulando em frente a TV esperando por medalhas. Mas na vida além do PAN, está na hora de entra no time dos que vestem de verdade a camisa de seu país, e que fazem a diferença para que seja este o lugar onde quero viver e criar meus filhos.


Política e religião? Está mais do que na hora de discutir, entender, questionar!


E quanto ao posicionamento do novo Papa? Bem... Isso fica para o próximo post.


Beijocas politizadas.

sábado, 14 de julho de 2007

Viva essa energia!

Esse é o tema dos XV Jogos Pan-americanos, mas não iremos falar sobre os jogos. Pelo ao menos não diretamente. Vamos tentar falar sobre o que eles trarão de bom para a nossa cidade, nosso país e para o nosso povo.

Estamos vivendo uma onda de boas vibrações na nossa cidade por causa desse evento esportivo que o Rio de Janeiro está sediando. Moços, crianças e idosos estão em clima de festa e descontração. É como se estivéssemos em um carnaval ou reveillon fora de época, pois toda a cidade esta respirando, ou pelo ao menos tentando respirar, esse clima festivo que se nos apresenta.

Mas o que achamos desse tema? O que será que a organização pensou quando decidiu que seria esse o tom da nossa festa?

É bem interessante essa escolha, até por que se formos levar em conta ela veio em excelente hora, quase que por coincidência. É bom também lembrar que o tema foi definido há bastante tempo atrás, quando começou a pensar na cerimônia de abertura. Entretanto parecia que eles, os organizadores, estavam adivinhando o que estaria acontecendo com a nossa cidade.

Não é segredo para ninguém que nossa cidade, como todo o país, está passando por um momento bastante crítico no quesito segurança e, que por causa disso, a maioria ou boa parte da população tem andado apreensiva e até receosa em sair dos seus lares, de buscar o convívio com os outros. Fazendo com que alguns dos atributos do nosso povo, a espontaneidade e a alegria, sejam menos vistos no momento.

Mas como se por encanto as coisas começaram a mudar. Começamos a sentir e viver o clima do Pan. Essa energia mais do que positiva vindo de todos os lados e fazendo com que nosso povo lembrasse que somos um povo alegre, festivo e que menos que tudo a nossa volta pareça ruim sempre damos um jeito e revertemos o quadro de forma que isso não atrapalhe a nossa vida.

Que energia é essa? É a energia da comunhão de idéias, de sentimentos, a troca da desconfiança pela certeza de que o amanhã será melhor. Essa energia maravilhosa que só quem vive nessa cidade que foi abençoada de todas as formas pode sentir. Essa energia que sentimos quando estamos caminhando à beira da praia sentindo o gosto da maresia, a refrescante sensação de caminhar por entre os nossos jardins ou florestas ou a energia que vem desse povo que está sempre com um sorriso no rosto e disposto a dividir com quem aqui chega essa sensação maravilhosa de viver numa cidade que é uma verdadeira obra de arte de Deus.

Que possamos viver essa energia, não apenas nessas épocas de festas. Carnaval, reveillon ou agora o Pan-americano. Que tenhamos vontade para fazer com os outros dias do ano sejam tão belos como os dias de festa. Que essa troca deliciosa de energias positivas possa continuar ad infinitun.

Que não só a realização dos Jogos Pan americanos e a eleição do Cristo Redentor como uma das sete maravilhas do mundo moderno, sejam motivos de festa, mas o fato de sermos seres humanos, de termos um divino presente em nossas mãos que é a dádiva de viver nessa cidade tão bela. Que a cada dia quando acordarmos pela manhã possamos lembrar de agradecer pelo simples fato de estar vivo e viver esse dia como se fosse o último, tornando-o útil e dividindo com alguém essa dádiva. Que lembremos de dar bom dia para quem cruzar o nosso caminho, agradecer pelos favores que nos forem feitos, ser gentil com o um estranho, entre milhares de outras coisas que podemos fazer. Para que no fim do dia, quando deitarmos a cabeça no travesseiro possamos dizer: hoje eu vivi essa energia maravilhosa de fazer o outro um pouco mais feliz dividindo com ele a minha alegria de ser carioca e viver na Cidade Maravilhosa.

Que essa onda de boas vibrações e energias positivas que pousam agora sobre a nossa cidade possam servir de estímulo e alavanca para que comecemos a viver realmente com mais respeito e amor. Que vivamos essa energia!

Tonni Nascimento

terça-feira, 10 de julho de 2007

Eu sou o obstáculo

Certa vez um cão estava quase morto de sede, parada junto à água. Toda vez que ele olhava seu reflexo na água, ficava assustado e recuava, por que pensava ser outro cão. Finalmente, era tamanha a sua sede, que abandonou o medo e se atirou para dentro da água. Com isso o reflexo desapareceu. O cão descobriu que o obstáculo, que era ele próprio, a barreira entre ele e o que buscava, havia desaparecido.

Nós estamos parados no meio do nosso próprio caminho. E, a menos que compreendamos isso, nada será possível em direção ao nosso crescimento. Se a barreira fosse alguma outra pessoa, poderíamos nos desviar. Mas nós somos a barreira. Nós não podemos nos desviar. Quem vai desviar-se de quem? Nossa barreira somos nós e nos seguirá como uma sombra.

Esse é o ponto onde nós estamos; juntos da água, quase mortos de sede. Mas alguma coisa nos impede, porque nós não estamos saltando para dentro. Alguma coisa nos segura. O que é? É uma espécie de medo. Porque a margem é conhecida, é familiar e pular no rio é ir em direção ao desconhecido. O medo sempre diz: “agarre-se àquilo que é familiar, ao que é conhecido”.

E as nossas misérias, nossas tristezas, nossas depressões, nossas angústias, nossos complexos, nos são familiares, são habituais. Nós vivemos com eles por tanto tempo e nos agarramos a eles como se fosse um tesouro. Esse é o caso de todos nós. Ninguém nos está impedindo. Apenas o próprio reflexo entre nós e o nosso destino, entre nós como uma semente e nós como uma flor. Não há ninguém mais impiedoso, criando qualquer obstáculo. Portanto, não continuemos a jogar a responsabilidade nos outros. Essa é uma forma de nos consolar, deixemos de nos consolar, deixemos de ter autopiedade. Fiquemos atentos. Abramos os olhos. Vejamos o que está acontecendo com a nossa vida. Escolhamos certo e decidamos dar o salto.

Autor desconhecido

domingo, 8 de julho de 2007

O Importante é o que Importa

(Ou “Uma Receita Simples a Quatro Mãos”)

Quando eu era mais jovem, eu sonhava com uma paixão de filme de cinema. Daquelas que me colocaria nas nuvens, me faria sentir borboletas no estômago e balançaria meu mundo de uma forma radical e irresistível. Eu queria um amor que fosse quente como um incêndio, consumindo a tudo e não deixando que nada ficasse em seu caminho. Queria que a mulher da minha vida vivesse por mim e que seu estilo se encaixasse como uma luva em meus gostos, desejos e manias. Ela seria uma fada, uma deusa, causando mudança completa na minha vida ao transformá-la num completo paraíso.

Bem, desde esses meus primeiros ensaios na vida amorosa eu percebi duas coisas.

A primeira é que ninguém recebia ou pagava contas de água, luz ou telefone e que os cartões de crédito não tinham limite nos romances que me inspiravam. Nenhuma mocinha era vista em cena, preocupada com o orçamento do mês. Nenhum mocinho parava para pensar antes de comprar os presentes mais caros para a sua amada.

A segunda coisa que percebi foi que menino que brinca com fogo, além de fazer xixi na cama, pode se queimar bastante. Agora, imagina um menino que brinque com o incêndio de uma paixão... Dói. E pra caramba.

Definitivamente “romance de cinema” e “paixão incendiária” são coisas que dificilmente funcionam na vida real. Acaba sendo como aquelas receitas elaboradas dos chefes de cozinha franceses: super elaboradas e obscenamente caras, mas em porções minúsculas que servem apenas para você sentir um gostinho e jamais matariam a fome de ninguém.

Só mesmo a experiência de alguns anos para ensinar que a chama de uma pequena vela ou tocha é suficiente para espantar a escuridão e que o calor humano de um abraço sincero mantém o frio distante. Quem precisa de um incêndio?

Só mesmo a experiência de alguns anos para ensinar que um romance de verdade é feito na simplicidade das pequenas coisas e que elas é que são o verdadeiro tempero de qualquer relação. Quem precisa de romance de cinema?

A beleza do amor está em fazer as contas juntos e explodir em felicidade ao descobrir que sobrou o suficiente para ir ao cinema e ainda comprar a pipoca. A felicidade está em descobrir que ela comprou atum, mesmo que ela não seja muito fã, só porque sabe que você gosta. A delícia da relação é ele levar um livro no seu trabalho, para te emprestar, só porque ouviu você comentando sobre ele.

Bilhetinhos apaixonados, beijos roubados, telefonemas no meio da tarde, piadas por mensagem de celular, atividades a quatro mãos, aceitação, carinho, paciência... Esse é o tempero de um amor de verdade. E é esse amor que agora, não tão jovem, eu tanto queria e que, graças a essa jóia rara que divide os domingos aqui comigo, eu tenho.

Sim, é o que temos. E não importa o quanto olhamos pra trás e dizemos: como fui louco de aceitar aquela situação em minha vida? Como pude ter um relacionamento como aquele? Simples, foi fruto de uma escolha e de uma necessidade. Escolha porque o livre-arbítrio está aí para todos e necessidade pois como poderemos distinguir o que realmente importa, daquilo que não, se não tivermos experiências? NÃO HÁ COMO.

Consideramos justas toda forma de amor, como canta Lulu. A paixão avassaladora que queima e deixa marcas profundas que demoram a cicatrizar, a amizade que quase virou namoro até que pudéssemos perceber que amigos são amigos, e beijo na boca é um negócio bem a parte disso (far far away), aquele outro desejo escondido que não foi revelado nem ao travesseiro e vivido apenas na imaginação...

No fim das contas, tudo que vivenciamos antes de chegar aqui nos fez melhores um para o outro. Erros para que não se repitam, acertos para dar o devido e merecido gostinho de vitória. E depois de tanta solidão, tantas escolhas, e caminhar contando passos com a solidão: um grande amor, aconchegante, morninho, cheio de cumplicidade e carinho. Não somos iguais, vejam bem. Eu amo dançar e ele joga RPG (!!!). E isso não é problema, são apenas novos mundos e experiências que podemos ofertar um ao outro.

E que possamos não esquecer, o importante é o que importa. Saber cozinhar também ajuda muito. Isso vale tanto para as moças, quanto para os rapazes.

Beijocas e muito amor a todos nós, sempre!

Clarissa e Marcos Bahia.

sábado, 7 de julho de 2007

Nossas paixões

Alguma vez já paramos para pensar como nós, os seres humanos, temos o "dom" de nos apaixonamos facilmente? Às vezes por coisas e causas realmente importantes, porém outras por razões que se pararmos para pensar nem nós mesmos entendemos o motivo de tanta paixão.

Vamos citar alguns exemplos, mas começando por um dos mais simples, contudo um dos que mais paixão agrega: o futebol. Quantos de nós somos apaixonados por futebol ou conhecemos alguém que seja? Não digo aquele simples torcedor que gosta de futebol, mas não está nem aí se o seu time venceu ou perdeu. Mas aqueles que são capazes de deixar de comparecer em compromissos para ver o seu time jogar. Quantos nós conhecemos que são capazes de chorar, brigar, passar por dificuldades financeiras para assistir aos jogos? Enfim cometer diversos desatinos por causa do seu time, cujo seus dirigentes ou jogadores por vezes não estão nem aí para o que os torcedores pensam ou sentem.

Também poderíamos citar outros exemplos além do futebol. Como alguns objetos (instrumentos musicais, livros, CD’s, DVD’s, etc). Quem de nós não tem aquela peça de vestuário que guarda como se fosse o tesouro mais raro do mundo? Ou aquele CD que você é capaz de comprar outro igual somente para não estragar o primeiro de tanto ouvir ou aquele instrumento musical (violão, flauta, saxofone, violino, etc.) que você não usa mais, porém não o vende, não doa e muito menos empresta? Será que alguma vez pensamos nisso, como nós somos apaixonados por essas coisas e ficamos tentando dissimular dizendo que tais objetos têm enormes valores sentimentais?

Agora uma das paixões que eu considero das mais interessantes é a paixão pelos amigos. Não aquela paixão carnal, de sentir desejo pelo amigo ou amiga, mas aquela de que você chega a sentir ciúmes, de querer que sua atenção seja totalmente para você. O amigo é meu e ele não pode ter nenhum outro amigo. E se ele ou ela arrumar um namorado a pessoa chega ao cúmulo de boicotar o namoro só para não perder a companhia do amigo, mesmo que ela esteja namorando. Eu posso namorar, o meu amigo não. Ele tem de estar cem por cento a minha disposição. Afinal de contas ele é meu amigo.

Alguns dirão que isso é caso de tratamento psicológico, psiquiátrico ou qualquer um que trabalhe com a psique humana. Outros que isso são coisas bobas, que com o passar do tempo irão se resolver. Eu digo que em certos casos é realmente necessário um tratamento terapêutico sim, mas somente se isso ou essas paixões começarem a interferir no dia-a-dia da criatura. E isso só quem está vivendo essas situações ou seus familiares podem dizer. De qualquer forma é interessante ficarmos atentos à forma com a qual estamos ligados às pessoas e as coisas do nosso cotidiano para percebemos se estamos começando a trilhar o caminho da paixão exagerada. Por que isso irá prejudicar a médio e longo prazo não só a vida da pessoa que está vivendo como também de todos aqueles que estão à sua volta e que realmente se importam com ela.

Tonni Nascimento

sexta-feira, 6 de julho de 2007

O segredo da Coca-Cola

E tudo, no início, era a escuridão. Deus, em seu momento máximo de inspiração, resolveu criar o mundo. Começando, logicamente, pela luz. Até porque era a luz que excitaria nossas retinas para que elas pudessem apreciar a criação do Criador. Bom, isso é o que diz o nosso registro escrito mais antigo: A bíblia. Mas quem pode assegurar-nos que Ele não tinha feito nenhuma outra coisa antes da luz? Estava tudo escuro! Eu não vi, nem ninguém viu nada! A bíblia só nos conta o depois da luz. E o antes? Esse antes fervilha a minha mente com milhões de teorias! O que será que Deus fazia no escuro? Por que medo Ele não tinha.

Uma das teorias que paira em minha mente é sobre o momento e o porquê das baratas. Sim, as baratas. Eu não vejo (e sei que você provavelmente concordará comigo) razão suficientemente convincente para a criação das baratas. E não me venha com aquela explicação científica sobre como o mundo seria sem as baratas. A resposta é bem clara: seria um mundo melhor. A criação das baratas e o porquê delas é tão obscuro que eu só posso dizer que elas foram feitas antes da luz, por isso saíram tão feias e nojentas. Deus não tava vendo nada mesmo!

Outra teoria maluca que não pára de assediar o meu cérebro é sobre a fórmula da coca-cola. Quem a inventou? Quando? Qual é o elemento secreto que está contido em sua composição misteriosa? Alguns "pesquisadores" registraram a primeira coca-cola no Antigo Egito. Provavelmente, Tutankamon foi o primeiro a experimentar e aprovar, mas a sua fórmula foi perdida nas areias do deserto... Alguns dizem que a fórmula da coca-cola foi trazida pelos extraterrestres. Lembram o caso da área 51? É, meus amigos, porque vocês acham que essa área é tão secreta? Acho que a fórmula está guardada lá. Enterrada, por segurança. Há quem diga que atrás das tábuas dos Dez Mandamentos, Deus deixou à Moisés, a fórmula da coca-cola. Mas era algo ultra-secreto, só para os iniciados.

Mas há outras teorias em circulação. A mais provável é a de que foi Deus, o próprio, que formulou a coca-cola. Com certeza, foi antes da luz. Isso para que ninguém soubesse da fórmula e Ele não precisasse dividir os direitos autorais. Um egoísta.

_______________________________ Eu

terça-feira, 3 de julho de 2007

Grão de vida

Recentemente, a über model Gisele Bündchen manifestou-se a favor do aborto afirmando que até os quatro meses de gravidez, o ser que já habita o ventre materno é como um grão e que cabe a mulher decidir o que seja melhor para ela.

Reli a matéria. Não poderia ser verdade!

Uma mulher viajada, rica, vivida deve ter freqüentado boas escolas! – pensei eu.

- Um grão?! Considerar um feto de quase 16 centímetros e de aproximadamente 120 gramas como um grão é subestimar a capacidade do fenomenal corpo feminino de gerar vida.

Por mais que se queira negar, há um coração que bate e é possível perceber o sangue correndo em suas veias, abaixo de uma pele fininha.

Há uma ânsia maravilhosa desse ser em surgir para a luz.

Nessa fase, o bebê já está desenvolvendo o paladar, iniciando o processo de identificação de sabores que o agradam.

- Grão?! Seria um pequeno grão de areia a que ela referia-se? Um grão sem vida? Ou seria uma semente em projeção?

Se comparado à semente a germinar, o bebê de fato é um grão, pequenino, aparentemente frágil, mas que desenvolve em sua essência os elementos primordiais para tornar-se o adulto forte de amanhã.

Até o quarto mês, seus cabelos, sobrancelhas e cílios estão começando a crescer. Ele já possui cordas vocais e até pode emitir sons.

Um grão com fígado? Com intestinos? Um grão com bexiga e pâncreas?

Ah, Gisele! Tão bela...

De fato, a mulher pode fazer o que quiser com o seu corpo. Isso mesmo: com o seu próprio corpo. E como mulher, defendo esse direito de utilizar o meu corpo como acho melhor! Nisso, pensamos de forma idêntica. Mas o filho gerado no ventre feminino é um outro corpo, com vida própria, embora dependente da mãe.

Abençoadas mulheres, futuras mães, que mesmo no terreno árido, sofrido, quando falta o dinheiro, falta o apoio, o emprego, um companheiro, assim mesmo, permitem o desenvolvimento desse grão.

Um dia, a imensa nogueira foi um grão.

Diversos frutos que saciam a fome de tantos tiveram suas origens no singelo grão.

Vânia Bündchen, a mãe que gerou a nossa mais famosa modelo, foi também grão.

Dessa forma, felizes as mulheres que abrigam o pequeno grão em seu ventre, permitindo que criem raízes próprias, individualidades que, assim como nós, querem a sua chance de poder caminhar por essa passarela maravilhosa chamada vida.

Alcione Koritzky

domingo, 1 de julho de 2007

Tempos Modernos

Quando eu era mais jovem, eu olhava para o futuro com olhos brilhantes cheios de maravilhamento. Sei que muito disso se deve à minha condição na época. Eu ainda era uma criança descobrindo o mundo e meus amigos mais próximos eram de famílias de condição financeira melhor que a minha, podendo então, comprar brinquedos mais caros e ter coisas em casa que variavam do luxo até o inatingível para mim. Fora isso, confesso que desde aquela idade a tecnologia (e a ficção científica) já prendia em muito a minha atenção. A série original de Jornada nas Estrelas me fascinava, os primeiros computadores pareciam coisas maravilhosas trazidas de outro mundo e a primeira vez que assisti Mestre Yoda tirar o cruzador estelar de Luke de dentro do Pântano, fiquei reprisando a cena na minha cabeça por horas.

Mas o tempo vai passando e nós vamos crescendo. Não há como fugir disso.

Foi em 92 que meu vocabulário mudou um pouco e meu futuro ficou abalado em suas bases. Nesse ano ECO deixou de ser apenas a reverberação do som para se tornar também uma reunião de pessoas que queriam salvar o mundo para que eu pudesse viver os sonhos que nutria na infância. Mas a situação estava feia. Buracos na camada de ozônio aqui (não dá para remendar?), superaquecimento ali (não dá para colocar um ventilador?), desmatamento acolá (eu sei plantar feijão no algodão, isso ajuda?)... Entretanto, mesmo com o nosso mundo agonizando em sua cama celestial de hospital, ainda havia uma luz de esperança na forma de guerreiros, paladinos da justiça que estavam dispostos a investir em pequenos barcos contra imensos barcos baleeiros para garantir que nosso planeta pudesse se recuperar. Aquela cena me tocou e acreditei que meu futuro seria salvo por aquelas pessoas que vestiam o verde da esperança e o branco da paz.

Passaram-se mais alguns anos nos quais o meu gosto pelas coisas tecnológicas apenas cresceu. Principalmente porque eu via essa tecnologia sendo cada vez mais usada no dia-a-dia para resolver as “doenças” do nosso planeta. Filtros em chaminés e veículos diminuíam a emissão de poluentes. Avanços tecnológicos permitiram que o CFC perdesse força em sua escavação na camada de ozônio. Até mesmo no reflorestamento eu descobri que aquelas invenções maravilhosas estavam ajudando, sem nem precisar doar o meu pé de feijão! Era o futuro que se descortinava na minha frente! Eu sabia que logo, logo a USS Enterprise apareceria numa matéria do Fantástico ou do Globo Repórter.

Mas não foi isso que vi.

O que eu descobri foi que a tecnologia estava matando tanto ou até mais do que curando e ajudando. Pessoas inventavam todo tipo de desculpa ao redor do mundo para pegar uma arma e matar quem estivesse por perto. Aos poucos fui descobrindo que nosso planeta, já tão carente de cuidados, estava sendo banhado no sangue de seus habitantes. E isso não era novidade! “Meu Deus,” me perguntei, “onde está o ‘viemos em paz’ ou o ‘não se entregue ao lado negro da força’?”

A resposta que tive foi gás mortal sendo liberado em metrôs, homens usando seus corpos como suporte para bombas e, mais recentemente, aviões cheios de passageiros sendo lançados contra prédios. Parecia que, como a Chalenger vários anos antes, meu futuro era um foguete que não chegaria a seu destino. Foi quando descobri que meu foguete talvez nem chegasse a decolar, pois um homem precisava do combustível para seus mísseis. Ele misturava vingança, liberdade, guerra, democracia, armas de destruição em massa e favores devidos à indústria bélica de seu país no mesmo discurso como se esses termos sempre tivessem sido irmãos. E, sob suas ordens, seres humanos de diferentes nacionalidades sangraram e morreram apenas para que nosso planeta derramasse um pouco mais de seu sangue negro na “direção correta”.

Lutar contra a força daquele homem era loucura, mas podíamos, ao menos, direcioná-la para coisas construtivas. Pelo menos foi isso que outros homens pensaram ao se reunir no Japão para assinar papéis que dariam mais chances para nosso planeta se recuperar dos danos causados a ele. O homem disse que não assinaria nada. “E ai de quem tentar me forçar!” foi o que ficou subentendido quando ele foi embora.

Essa semana, ouvi notícias de que o mar está subindo por conta do aquecimento global. Em cem anos o mar subirá mais um metro causando enchentes e alterações geo-climáticas até para aqueles que vivem longe do litoral. Esses mesmos cem anos são o tempo que levará para que o processo de desertificação do Brasil destrua todo o território do país. Então esse é o futuro que me espera? Entre o deserto escaldante a as águas assassinas?

Parei e pensei por muito tempo. Será que não aprendemos nada de 92 até hoje? Pensei mais e vi que a pergunta era mais profunda. Será que não aprendemos nada nesses 3,5 milhões de anos nos quais o homem vive na Terra? Acho que não. Ser humano significaria ser aquele por trás do taser, do sabre de luz ou dos canhões de plasma. Ser o usuário e não a ferramenta. Teríamos que pensar, ponderar, criticar e decidir com sabedoria antes de tomar ações.

Não é isso que fazemos.

No fim eu acho que somos como as máquinas que criamos, repetindo a mesma tarefa dia após dia, sem muita imaginação ou variação. Matamos uns aos outros porque é o que sempre fizemos. Continuamos destruindo o planeta porque é o que sempre fizemos. E responsabilizamos nossos “vizinhos” porque é o que sempre fizemos. E enquanto não assumirmos que a culpa é nossa e pararmos de perder tempos com brigas sem sentido e com tantas outras besteiras, enquanto não superarmos esse estado de “máquina de carne”, jamais chegaremos realmente ao futuro.