A vida é um hospital
Onde quase tudo falta.
Por isso ninguém se cura
E morrer é que é ter alta.
[Quadras ao gosto popular – Fernando Pessoa]
Poesia, jornalismo e política. Hoje, ao voltar do mercado a conversar com o motorista do táxi, quis ser especialista em cada um destes assuntos.
Primeiro quis ser poeta, para poder escrever o que ocorre com o mundo, de forma singela e doce, como faz Pessoa. Depois quis ser jornalista, para descrever o que se passa em nossa cidade de maneira verdadeiramente imparcial. E por último, quis saber e entender o que fazem esses a quem damos o poder de decidir o destino de nosso dinheiro, de nossos impostos e no fim, de decidir também como é nossa vida enquanto povo, população, cidadãos da República Federativa do Brasil.
Passávamos por uma rua perto de casa quando ele disse para que eu não andasse por ali à noite. “É deserto, escuro, perigoso e ultimamente tem dado muito assalto por aqui...”
Aí comecei a pensar no PAN enquanto conversava com ele. Não no pan-americano e seus turistas, força nacional, exército, médicos e ambulâncias a postos... Mas sim no PÂNico que mães e pai sofrem dia após dia ao saírem para trabalhar e deixar seus filhos em casa, ou quando precisam levá-los ao hospital público (que se tem médico não tem remédio, se tem remédio não tem leito etc.) No PANdemônio que é pegar ônibus lotado e encarar engarrafamentos quilométricos, em ter que pensar que se pago esta conta, não pago aquela.
E, como sempre gosto de buscar qual o meu papel em relação a isso tudo, percebi que minha falha maior é evitar os assuntos de política, evitar discutir sobre o que faz nosso Presidente, dizer que religião até pode, mas que política não se discute. E olhando em volta, dei-me conta que num quadro geral, esse é o perfil de brasileiro.
Cidadão esforçados, batalhadores, que lutam dia após dia contra as forças “invisíveis” do desemprego, da fome, do cansaço... Essa gente que vibra com a Copa do mundo, com o final da novela das oito, mas que é completamente desinformada em relação a política. A gente fala de política na fila do banco, dizendo que o país é uma bagunça. Mas não se importa em assistir o horário político, em ler os projetos de governo de nossos candidatos, de questionar a origem e a capacidade daquela pessoa em governar uma cidade, um estado, um país.
E depois a gente reclama... Reclama após votar em candidatos de milhares de partidos diferentes, sem saber se um apoiará o outro depois que eleito. A gente reclama, enquanto eles enriquecem e quase nada fazem. Apenas reclamamos, mas de que adianta se deixar manipular para sair a rua como caras pintadas se no fundo, nem sabíamos o real motivo de fazermos aquilo?
Esse PAN (e agora falo do torneio esportivo) me fez ver mais uma vez, que a assertividade do todo, depende do um. É claro que como boa torcedora, fico vibrando, gritando, pulando em frente a TV esperando por medalhas. Mas na vida além do PAN, está na hora de entra no time dos que vestem de verdade a camisa de seu país, e que fazem a diferença para que seja este o lugar onde quero viver e criar meus filhos.
Política e religião? Está mais do que na hora de discutir, entender, questionar!
E quanto ao posicionamento do novo Papa? Bem... Isso fica para o próximo post.
Beijocas politizadas.
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