(Ou “Uma Receita Simples a Quatro Mãos”)
Quando eu era mais jovem, eu sonhava com uma paixão de filme de cinema. Daquelas que me colocaria nas nuvens, me faria sentir borboletas no estômago e balançaria meu mundo de uma forma radical e irresistível. Eu queria um amor que fosse quente como um incêndio, consumindo a tudo e não deixando que nada ficasse em seu caminho. Queria que a mulher da minha vida vivesse por mim e que seu estilo se encaixasse como uma luva em meus gostos, desejos e manias. Ela seria uma fada, uma deusa, causando mudança completa na minha vida ao transformá-la num completo paraíso.
Quando eu era mais jovem, eu sonhava com uma paixão de filme de cinema. Daquelas que me colocaria nas nuvens, me faria sentir borboletas no estômago e balançaria meu mundo de uma forma radical e irresistível. Eu queria um amor que fosse quente como um incêndio, consumindo a tudo e não deixando que nada ficasse em seu caminho. Queria que a mulher da minha vida vivesse por mim e que seu estilo se encaixasse como uma luva em meus gostos, desejos e manias. Ela seria uma fada, uma deusa, causando mudança completa na minha vida ao transformá-la num completo paraíso.
Bem, desde esses meus primeiros ensaios na vida amorosa eu percebi duas coisas.
A primeira é que ninguém recebia ou pagava contas de água, luz ou telefone e que os cartões de crédito não tinham limite nos romances que me inspiravam. Nenhuma mocinha era vista em cena, preocupada com o orçamento do mês. Nenhum mocinho parava para pensar antes de comprar os presentes mais caros para a sua amada.
A segunda coisa que percebi foi que menino que brinca com fogo, além de fazer xixi na cama, pode se queimar bastante. Agora, imagina um menino que brinque com o incêndio de uma paixão... Dói. E pra caramba.
Definitivamente “romance de cinema” e “paixão incendiária” são coisas que dificilmente funcionam na vida real. Acaba sendo como aquelas receitas elaboradas dos chefes de cozinha franceses: super elaboradas e obscenamente caras, mas em porções minúsculas que servem apenas para você sentir um gostinho e jamais matariam a fome de ninguém.
Só mesmo a experiência de alguns anos para ensinar que a chama de uma pequena vela ou tocha é suficiente para espantar a escuridão e que o calor humano de um abraço sincero mantém o frio distante. Quem precisa de um incêndio?
Só mesmo a experiência de alguns anos para ensinar que um romance de verdade é feito na simplicidade das pequenas coisas e que elas é que são o verdadeiro tempero de qualquer relação. Quem precisa de romance de cinema?
A beleza do amor está em fazer as contas juntos e explodir em felicidade ao descobrir que sobrou o suficiente para ir ao cinema e ainda comprar a pipoca. A felicidade está em descobrir que ela comprou atum, mesmo que ela não seja muito fã, só porque sabe que você gosta. A delícia da relação é ele levar um livro no seu trabalho, para te emprestar, só porque ouviu você comentando sobre ele.
Bilhetinhos apaixonados, beijos roubados, telefonemas no meio da tarde, piadas por mensagem de celular, atividades a quatro mãos, aceitação, carinho, paciência... Esse é o tempero de um amor de verdade. E é esse amor que agora, não tão jovem, eu tanto queria e que, graças a essa jóia rara que divide os domingos aqui comigo, eu tenho.
Sim, é o que temos. E não importa o quanto olhamos pra trás e dizemos: como fui louco de aceitar aquela situação em minha vida? Como pude ter um relacionamento como aquele? Simples, foi fruto de uma escolha e de uma necessidade. Escolha porque o livre-arbítrio está aí para todos e necessidade pois como poderemos distinguir o que realmente importa, daquilo que não, se não tivermos experiências? NÃO HÁ COMO.
Consideramos justas toda forma de amor, como canta Lulu. A paixão avassaladora que queima e deixa marcas profundas que demoram a cicatrizar, a amizade que quase virou namoro até que pudéssemos perceber que amigos são amigos, e beijo na boca é um negócio bem a parte disso (far far away), aquele outro desejo escondido que não foi revelado nem ao travesseiro e vivido apenas na imaginação...
No fim das contas, tudo que vivenciamos antes de chegar aqui nos fez melhores um para o outro. Erros para que não se repitam, acertos para dar o devido e merecido gostinho de vitória. E depois de tanta solidão, tantas escolhas, e caminhar contando passos com a solidão: um grande amor, aconchegante, morninho, cheio de cumplicidade e carinho. Não somos iguais, vejam bem. Eu amo dançar e ele joga RPG (!!!). E isso não é problema, são apenas novos mundos e experiências que podemos ofertar um ao outro.
E que possamos não esquecer, o importante é o que importa. Saber cozinhar também ajuda muito. Isso vale tanto para as moças, quanto para os rapazes.
Beijocas e muito amor a todos nós, sempre!
Clarissa e Marcos Bahia.
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