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domingo, 23 de setembro de 2007

Loucura é a nossa doença

Primeiramente, gostaria de me apresentar: Juliana Farias, sou jornalista especializada em comunicação e política. Atualmente, tenho uma assessoria de imprensa em Porto Alegre, sou colunista de alguns sites e estou finalizando um documentário sobre solidão. Na profissão, já atuei em todas as áreas do jornalismo, mas confesso – sem medo – que minha paixão é o jornalismo político. Como pessoa, sou um ser pensante 20 horas por dia, descontando as quatro horas em que descanso o corpo. Sou apaixonada por cinema brasileiro e músicas antigas e confesso – novamente sem medo – que Nelson Gonçalves e Chico Buarque não param de tocar no meu mp3. Depois desta pequena apresentação, gostaria de agradecer o convite – aceito de imediato – feito pelo Tonni Nascimento e espero ser útil na contribuição, toda quinta-feira, com textos reflexivos e, sempre que possível, bem-humorados. Mas vamos ao que interessa de verdade, o texto!
  • Loucura é a nossa doença
Esta reflexão tão lúcida que me proponho a fazer sobre o Renan Calheiros é conseqüência do que descobri há alguns dias. Venho algum tempo escrevendo sobre minha aversão a este cidadão, mas, após pensar melhor, cheguei a uma conclusão bem diferente. No fundo, a culpa não é dele, nem é nossa. No fundo, a culpa é da loucura.

Ele disse que não iria sair do Senado e de fato lá ele ficou. Quando se resolveu julgá-lo, o tal julgamento foi realizado na "sua casa" com seus queridos compadres. E quando se percebeu que a sociedade poderia se indignar com o resultado, se fechou a casa e se determinou o sigilo total.

Fomos, então, violentados sem pena, humilhados e martirizados esperando do lado de fora um resultado já discutido e programado por eles. Enquanto isso, o presidente viajava e discutia a questão do etanol e se recusava a falar de Renan, votação ou qualquer outro assunto que não fosse o tal etanol.

E nós, dentro da nossa loucura coletiva, permanecemos sem entender nada, sem conseguir refletir ou analisar sequer o motivo disto tudo. Ironia nossa achar que deveríamos ter algum tipo de satisfação desses caras, bobagem nossa achar que merecemos uma explicação sobre essa votação escondida.

Eles não têm tempo para isso. Eles não precisam disso. Eles comandam o país, meus queridos. Eles têm outros interesses para cuidar que não é nos explicar alguma coisa. Nunca foi, nem nunca será. Nós seguimos enlouquecendo um pouquinho mais a cada dia. Economizando cada vez mais e recebendo cada vez menos para conseguir sobreviver. A carência moral e ética que nos acalenta é, nada mais nada menos, que um item presente na cartilha do congresso, que hoje me obrigo a escrever com a letra minúscula.

"São todos uns idiotas que acham que nos enganam", "é um bando de corruptos que só querem saber da gente na época da eleição". Sim! Este é o nosso discurso. Pelo menos o discurso dos que ainda pensam.

Depois desta indignação vem a frase típica do país tropical: "A gente não pode fazer nada", "Eles são mais poderosos, vão roubar sempre". Sim! Eles são poderosos, mas nós somos 180 milhões! Somos uma grande massa que deixa se levar pela tal esquizofrenia que eles nos impuseram. E nós aceitamos, de braços bem abertos.

Mas, então, me diz o que você sugere? O que sugiro? Qualquer coisa que não seja continuar enlouquecendo até ir parar no hospício, que é onde eles querem que a gente fique. Precisamos sair às ruas, com nariz de palhaço mesmo, gritar para que nos escutem e se preciso fazer greve.

Precisamos mobilizar os mais carentes e fazê-los entender que não passam de pessoas sem oportunidades que estão sendo feitas de otárias, assim como nós. Precisamos dizer a eles que não são burros como os acham e que precisam apenas recuperar suas vozes!

A partir daí, aposto, que vão começar a olhar a gente com outros olhos. Não sei se irão parar de tentar nos enganar, de desviar dinheiro público ou de doar cargos para incompetentes em troca de favores. O que sei, de fato, é que pelo menos nós não seremos mais os pilares que não falam e aceitam tudo, que seguram esse bando. Porque nós estamos dominados por este estado de loucura, mas estamos vivos. E é assim que devemos permanecer.

Até quinta!

Um comentário:

Anônimo disse...

oi, sempre acompanho tua coluna no dimínio e nos artigos.com.
vou te acompanhar toda quinta aqui!

dUDA