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sábado, 30 de junho de 2007

Onde estão os limites?

Fomos, no final da semana passada, pegos com a notícia de mais um crime cometido por jovens da classe média alta da nossa sociedade. Dessa vez o crime aconteceu na Barra da Tijuca e, felizmente, uma testemunha anotou o número da placa do automóvel em que os jovens estavam e eles foram rapidamente encontrados e presos.

Não iremos aqui narrar esses fatos e muito menos contabilizá-los. Até porque todos somos conhecedores das atrocidades cometidas pelos “filhos da nata da nossa sociedade”. Entretanto é publico e notório que a nossa juventude tem demonstrado que alguma coisa está errada na sua formação, pois já está virando um fato rotineiro sermos assaltados pela imprensa policial com tais atos criminosos.

De quem será a culpa? Dos pais que educam(?) de forma totalmente livre? Da atual pedagogia de educação que acha que apenas são “travessuras“ tão comuns a essa faixa etária? Ou da sociedade como um todo que limita-se a pensar que enquanto não for com alguém próximo não lhe interessa?

Muitos podem achar que estou sendo pessimista ou duro em pôr a culpa em pessoas que estão livres dela. Afinal de contas o que a sociedade tem a ver com o fato de alguns pais não saberem criar e educar seus filhos de modo que estes venham a ser úteis à sociedade.

Um dos motivos que vemos para que esses crimes continuem acontecendo é a falta de diálogo nas famílias. Se formos analisar de onde esses jovens vêm, veremos que muitos foram criados sem que em suas famílias houvesse um mínimo de diálogo. Os pais, muita das vezes preocupados em dar bens materiais aos filhos, esquecem-se de passar-lhes conteúdos de ética e moralidade. Deixam que eles ajam ao seu bel prazer, sem impor-lhes limites, às vezes por medo das suas crias, posto que foram criados sem limites e agora não reconhecem nem mesmo a autoridade paterna.

Não iremos deixar toda a culpa desses crimes somente na conta dos pais, pois vemos muitos jovens com menos ou nenhum contato com seus pais crescerem e tornarem-se pessoas de boa índole, visto que parte dessa índole, boa ou má, é inata ao ser humano, bastando que ele seja instigado a exaltá-la. Para que a parte positiva suplante a negativa é necessário que ele, ainda na fase infantil, tenha exemplos positivos para que possa agregá-los aos seus valores pessoais. Valores esses que irão nortear suas decisões pelo resto das suas vidas. E nesses exemplos vamos colocar os pais, professores e pessoas próximas à família. Mas isso não exime de deixar claro que o exemplo maior tem de vir dos pais, que serão os primeiros “ídolos” e contato social desses jovens enquanto ainda estiverem na fase infantil.

Que esses crimes sirvam de exemplos para que prestemos mais atenção em como estamos criando nossos filhos, crianças ou jovens, visto que eles serão os homens e mulheres que irão dirigir o futuro da nossa sociedade. E como irão fazer isso de modo positivo se, quando mais jovens, não tiveram nenhuma noção de como ser cidadãos de bem? Como nossos filhos e netos poderão formar as futuras gerações? Que possamos como pais, educadores, parentes e amigos começar a impor limites às nossas crianças enquanto ainda temos tempo para fazê-lo. Pensemos nisso agora antes que isso deixe de ser, infelizmente, acontecimentos comuns e tornem-se normais.

Tonni Nascimento

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Confissões aborrecentes!


Sempre acreditei que olhar oblíquo significava apenas que a pessoa em questão era só vesga... Por isso sempre me identifiquei com o adjetivo, pois, como vocês podem ver nesta imagem, eu sou vesga. Não há como contestar... Aí descobri que isso quer dizer muito mais que um atributo(se é que eu posso assim denominar) físico.

O olhar oblíquo é um olhar enviesado, misterioso, cheio de enigmas; e se tem uma coisa que meus olhos não têm é segredo... Aliás, quando o assunto é este, acredito que minhas retinas negras e obtusas acompanhem a minha boca que, de tão grande, entrega até os meus próprios segredos, porque eu sempre falo demais. Então, devo mesmo pensar só na vesguice, que é o atributo que melhor define a obliquidade do meu olhar...

Mas, por um momento fiquei pensando que esta particularidade (outro substantivo que pode ser impróprio) pode ser um dom.

Graças aos meus olhos tortos, vejo tudo torto: Um lado só das coisas, uma só visão parcial, sentimental, irracional... passional.

À primeira vista de meus olhos enviesados as coisas sempre vão dar certo: o telefone sempre vai tocar, eu sempre vou cortar o fio certo, as intenções são sempre boas e as pessoas sempre vão me entender... Só que isso nem sempre acontece... mas não faz mal por que, apesar de tudo isso, continuo estrábica e sempre vou ver as coisas do mesmo jeito... A obliquidade me permite desejar.... e, mais ainda, ter esperança, ainda que os desejos estejam longe da mão....

Se eu vou alcançá-los um dia? Quem vai saber... Mas uma coisa é certa: como eu sempre tenho a oblíqua certeza de que tudo sairá como eu vejo, eu estou sempre fazendo as coisas acontecerem ao meu redor... E ISSO FAZ QUALQUER UM CRESCER... ATÉ UMA PESSOA OBLÍQUA...

Marília Vieira

terça-feira, 26 de junho de 2007

Sacrifícios e Escolhas...

Estava eu vivendo uma semana atribulada, tentando concluir a famigerada monografia, vendo o tempo correr desesperadamente no relógio e no calendário, impedindo-me de fazer tantas coisas que eu gostaria, mas que, naquele momento, tive de deixar para trás por causa daquele trabalho.

Imediatamente, comecei a reclamar e reclamar devido a essas tantas coisas que eu desejava fazer e que aquele trabalho estava atrapalhando.

Depois de algum tempo, e de alguns chiliques e ataques, dei-me conta de que aquele trabalho do qual eu reclamava era fruto de uma escolha minha e, mais do que isso, era o meu passaporte de entrada em uma nova fase da minha vida profissional e intelectual.

Naquele momento então, pus-me a refletir a respeito das tantas vezes que eu e tantas outras pessoas nos pusemos a praguejar quando nos víamos diante de uma situação que frustrava nossos planos imediatos. Mas, em nenhum momento, passa-nos pela mente a idéia de que tal situação é, na verdade, o resultado do caminho que nós mesmos optamos por seguir em um dado momento de nossas vidas.

Quando falo em situações que frustram nossos planos imediatos, não me refiro apenas aos trabalhos que temos de fazer. Muitas vezes, deixamos pessoas de lado em nome de coisas que nos parecem interessantes por apenas um momento.

Não digo que devemos viver sempre dentro de uma planejamento rígido e inabalável, mas devemos ter sempre em mente que para cada passo que damos hoje, há outros tantos que a própria vida rabisca a nossa frente sem, algumas vezes, oferecer-nos a oportunidade de apagar.

É evidente que, ao falar dessa forma, vem nos imediatamente a idéia de que cometemos grandes erros ao mudar nossos planos em função de algo que nos aparece repentinamente. Não, não é essa a minha idéia! O que tenho em mente, ao falar assim, é que cada vez que escolhemos temos de fazê-lo sempre de maneira consciente, sabendo que estamos traçando novos rumos para nossa vida.

Cada passo dado, cada escolha, implica em conseqüências para nós e para as pessoas a quem envolvemos em nosso caminho. Assim, podemos dizer que cada sacrifício que, supostamente, nos é imposto pela vida é na verdade apenas o preço de nossas escolhas e cada vez que escolhemos devemos fazê-lo sem medo, mas sempre conscientes de que estamos traçando nosso próprio caminho e, seja ele qual for, será exatamente da maneira como nossos passos o traçaram, terá exatamente o nosso número, o nosso sujeito e que só os nossos passos poderão levá-los a novos rumos .

Josiane Vieira

domingo, 24 de junho de 2007

Pessoas

É legal dar-se conta de que realmente cada ser é um livro vivo cheio de coisas a ensinar. Conhecer não significa impor aquilo que sabemos ou sentimos aos outros, o maior dos aprendizados é o de aceitar cada um como é.

Obviamente se pudéssemos mudaríamos milhares de coisas em milhares de pessoas, ou até mesmo milhares de coisas numa única pessoa. Mas aí ela deixaria de ser uma linda caixinha de surpresas para virar aquela imagem exata que queremos, e que logo nos entedia.

Precisamos planejar, mas não devemos temer mudar os planos. E além de nós mesmos, o que mais nos faz mudar de planos são as outras pessoas... que a todo momento nos dão (apesar de não existir receita de bolo) dicas de como viver melhor.

É bem mais simples, mais fácil e mais divertido quando aceitamos que cada pessoa tem um potencial maravilhoso, lindo e que o mais chato e insuportável dos seres tem algo que o faz amável e respeitável, e que não é o fato clichê dele ser filho de Deus... isso todos somos. É um olhar que ele dá, um jeito de falar com as crianças, a maneira de colocar a mão no queixo quando está pensando, a caridade que faz escondido... quem procura, acha. E quem busca o melhor de cada um, encontra surpresas maravilhosas.

Existem aprendizados que a princípio são muito dolorosos, principalmente aqueles que nos mostram que os que amamos são perfectíveis, longe de perfeitos.

E isso acontece todos os dias com as chamadas decepções... mas porque será que nos decepcionamos com as outras pessoas?

É por que amamos demais? Confiamos demais? Nos entregamos completamente?

Ou porque depositamos no outro algo que é de nossa responsabilidade? Que é a felicidade e a constância nos bons sentimentos.

É muito simples dizer que o marido é muito diferente depois que casou, que ele enganou-a, pois antes do casamento não era dessa maneira.

Mas... será que não se criou uma imagem em cima daquela pessoa, e ao invés de casar com a pessoa, tivemos a intenção de casarmos com aquela imagem que criamos?

Normalmente procuramos por alguém que seja e tenha tudo aquilo que não somos, não temos, mas que intimamente (talvez até inconscientemente) queremos ser e ter. Como dá muito trabalho encontrar esse alguém que queremos ser, criamos um outro alguém, colocamos aquela máscara em cima do que o outro é realmente, e nos dizemos perdidamente apaixonados... Depois de um tempo: “Acabou, não era nada daquilo, que decepção...”

Dizem que o amor é cego. Eu discordo. O amor enxerga muito bem, muito além de nossos limites egoístas. O amor aceita e por sua força transforma. O que nos torna cegos são o egoísmo e o orgulho que não nos permitem ver o outro com os olhos do amor, e sim com os olhos rancorosos de quem procura desesperadamente por um tesouro que está dentro, e não fora.

Você se casa com uma imagem, que é quebrada a cada gesto, a cada palavra de um outro ser que anseia por ser amado como é, e isso é uma via de mão dupla. Ele também se casou com a imagem que projetava de sua esposa, e vê que ela é bem diferente...

E no fim das contas voltamos a era do querer receber para então doar... mais do que já recebemos de Deus? Jamais receberemos assim de um outro ser. E se quisermos ser amados como somos, que passemos a amar como são os outros. Cheio de defeitos... e qualidades também.

É por essas e outras coisas que o ser humano ensina tanto... Não há nada como a experiência de aprender com os outros. E de aplicar em si mesmo esse aprendizado.

sábado, 23 de junho de 2007

Fidelidade, a base de um relacionamento.

Semana passada alguns comemoram o Dia dos Namorados. Muito ouvimos sobre o assunto relacionamento. Então nos venho a decisão de ser mais uma voz a ecoar nesse universo de idéias e fatos.

Sempre escutamos de que a traição, ou se você preferir a infidelidade, é a grande vilã que ronda os relacionamentos estáveis. Creio que com isso todos concordam, mas existem outras idéias ou teorias sobre o assunto e não existe um consenso entre as pessoas. Entre essas idéias, teorias ou ditos populares temos uma que diz que o homem precisa se envolver com várias outras mulheres, pois tem uma produção de sêmen infinitamente superior à produção de óvulos pela mulher, e, por isso, tem de “descarregar” pois o acumulo desse material pode prejudicar a sua saúde. Uma outra diz que é muito mais grave quando a mulher trai porque ela se envolve emocionalmente com o outro e para o homem essa relação extra-relacionamento é apenas física.

Existem várias outras idéias sobre o tema e eu não quero, nem tenho, a pretensão de ser o dono da verdade ou o seu porta-voz. Contudo, nessa semana ouvi outras tantas que para mim são novidades e que até um certo ponto fazem algum sentido, valendo a pena dividir com vocês. Uma diz que a promessa de fidelidade eterna é um compromisso assumido com base apenas na esperança, afinal de contas somos seres que mudamos constantemente de gostos, opiniões, sentimentos e até de ideais. Não somos hoje o que fomos há um, dois, dez, vinte anos, da mesma forma não seremos daqui a cinco, dez ou vinte anos o que somos hoje e nem sentiremos da mesma forma o que agora sentimos. Por conta disso, como podemos ter a pretensão de afirmarmos hoje o que estaremos sentindo daqui a alguns anos? Como podemos prometer amar alguém pessoa até o fim dos nossos dias?

Por conta da quebra dessa promessa/compromisso, muitos casais se vêem forçados a separar-se. São duas forças, uma interna e outra externa que ficam empurrando de forma inclemente o casal a tomar uma decisão que eles mesmos não querem tomar, mas por uma questão exclusivamente social ele termina o relacionamento, mesmo que eles sofram mais com a separação do que com a quebra do tal acordo.

Dizem também que existem certos tipos de infidelidade que chegam a salvar relacionamentos, posto que de uma hora para outra, um dos parceiros, ou os dois, percebe que ainda vive e passa a sentir uma necessidade de dividir com o parceiro essa energia, esse desejo que ele, ou ambos, achava que já estava morto, mas que entre as cinzas ainda resistia uma pequena faísca precisando apenas de uma leve brisa para reacender o fogo por completo.

Todavia mesmo entre os casais que aceitam essa quebra do acordo, ela nunca ocorre sem dor, sem sofrimento. Cada casal, cada relacionamento tem o seu código de ética. E, dependendo dele, a aceitação ocorrer com mais ou menos dor. Mesmo quando o casal declara aos quatro ventos que está tudo bem, dependendo da maturidade e do entendimento entre eles, a infidelidade pode ser realmente esquecida e servir como ingrediente para que o relacionamento torne-se mais forte ou também pode ficar escondido lá nos recônditos da memória e, na primeira crise, sair da toca e jogar, definitivamente, esse contrato no lixo. Mas como disse antes isso vai depender da maturidade do casal e da forma que esse contrato foi redigido.

Mas o que é a traição? Para alguns será o contato físico-sexual com outra pessoa que não o parceiro oficial, para outros será simplesmente o contato mais subliminar, platônico ou emocional.

Porem, se você esta com uma pessoa interessante e que ache que vale a pena, para que ficar preocupando-se com isso agora? Curta o momento, divirta-se, divida com o parceiro tudo que for possível e que você ache que deva dividir. E façamos como o Poetinha disse há muito tempo: Viva-o em cada vão momento, pois “... assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte,... quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.

Que vivamos esse momento enquanto essa chama arder, procurando nunca deixá-la apagar. Mas, se o “acaso” assim quiser, que saibamos deixá-lo morrer e logo procuremos novas lareiras, novas lenhas para novos fogos acender alimentando-os enquanto pudermos e tivermos energias para fazê-lo.

Tonni Nascimento

terça-feira, 19 de junho de 2007

Tempo de Ser Mulher

Enquanto eu recebia um abraço carinhoso dos que só os amigos nos dão, ouvi-o falar que todos precisamos em nossas vidas, de um tempo para vivermos para dentro de nós.

E fiquei pensando nisso. Nesta necessidade de fazermos uma viagem pra dentro de nós, de nos encontrarmos, de nos avaliarmos. É onde precisamos estar sozinhas. Não queremos companhia, não queremos que nos digam que a vida é assim mesmo, não queremos o som alto, o barulho do telefone. Queremos paz!

Queremos um espaço nosso, que nos é negado a cada dia, porque cada vez mais nos imputam mais tarefas. Cada dia a carga que as cobranças geram, aumenta e nos pressiona mais e mais até que nos sentimos sufocar. Que vontade de gritar: Deixem-me!

Dêem-nos um tempo. Nós precisamos dele. Nossa hora de perguntar: Por que não lutamos mais? Por que deixamos que sufocassem nossos sonhos? Surgem pensamentos como: O tempo passou e não há mais tempo pra mim. Ele agora, é dos filhos. Não tenho mais vida. Não tenho mais sonhos, ajudo a realizar os sonhos dos outros.

Tenho que estar firme sempre, ser a esponja, aquela que absorve os problemas, enquanto que ninguém se interessa pelos meus. Meu rosto está cansado, meu corpo está cansado, minha alma está cansada. Parem o mundo que quero descer!

Quantas das que me lêem, não pensaram nisso em algum momento de suas vidas? Como ficou resolvido isso? Vale a pena continuar vivendo? Alguém sentiria nossa falta se morrêssemos hoje?

Quem cuidaria da casa desarrumada, do bebê que chora, do outro filho que quer colo. De mais um que reclama da falta de dinheiro, do outro que acha que as coisas só acontecem com ele. Pra quem reclamariam das cuecas na gaveta errada, daquele tênis e louça que ainda não tivemos tempo de lavar?

Ah, e o marido, a elogiar bundas que nunca são parecidas com as nossas? Somos frágeis mas temos que nos revestir com uma proteção imaginária, porque mães não cansam, mães não reclamam, mães nem são mulheres, são “apenas” mães.

Mas não desanimem, daqui a 20 anos, quando nossos filhos já estiverem devidamente encaminhados, teremos tempo pra olhar nosso rosto enrugado, sentir as dores do reumatismo, “degustar” a nossa incapacidade de fazer tudo o que nunca tivemos tempo de fazer, porque naquela altura do campeonato, nossos maridos (nem todos, obviamente), já terão sucumbido aos encantos de alguma guria. (Só rindo mesmo!).

Bem... isso prova que temos motivos pra sorrir no dias da mães, depois é claro, de lavarmos toda a louça oriunda da comemoração.

Felicidades, a todas essas heroínas do dia-a-dia!

Mara Von Mühlen

Publicado originalmente no site Recanto das letras
em 31/05/2007.

domingo, 17 de junho de 2007

Eu e Téo

Quando me perguntam qual a minha religião, sempre prefiro dizer que não possuo nenhuma e explicar que sou simpático a várias práticas e idéias, algumas delas originadas de vertentes religiosas conhecidas, outras, pequenas porções de sabedoria coletadas aqui e ali.

Minha experiência por contato direto com instituições religiosas é bem pequena. Já fui a missas na Igreja Católica e já fui várias vezes aos Centros Espírita aos quais minha mãe foi vinculada. Mas essa pouca experiência foi suficiente para que eu chegasse a uma conclusão: instituições religiosas não funcionam para mim. Elas acabam sendo muito hierárquicas e restritivas demais para que eu consiga aceitá-las dentro da idéia que tenho de religião. Desde que cheguei a essa conclusão nunca mais senti nem remota vontade de participar de qualquer instituição religiosa, mais por não ter encontrado nenhuma que contradissesse a imagem que tenho delas do que por birra.

Prefiro viver a minha vida pautado numa lei simples que resumo em “fazer o bem”. Eu tento, a cada dia, viver sob essa lei. E não porque me seja uma lei imposta, mas porque me faz bem segui-la e me faz bem ver os frutos maravilhosos que ela gera ao meu redor. Vale dizer que estou longe de ser um “bom samaritano” ou qualquer adjetivo nesse sentido. Tenho diversas falhas e limitações como qualquer ser humano desse mundo, mas tento sempre viver pelo meu melhor por mim e para os que estão ao meu redor. Tento pôr em prática e cativar por exemplo.

Acho que por isso me incomoda um pouco quando escuto alguém falar fervorosamente de sua religião (principalmente se mencionar a instituição que freqüenta). Tento sempre manter o respeito pelas idéias dos outros, mas prefiro conhecer melhor aquela pessoa que fala antes de dar ouvidos realmente ao que ela fala. Acabo sempre me recordando dos tempos de escola em que alguns alunos que conheci decoravam às vezes capítulos inteiros de livros de Física ou Química e, ainda assim, se mostravam incapazes de resolver problemas simples dessas matérias. Fico me perguntando o quanto daquilo que aquela pessoa diz ela coloca realmente em prática na sua vida. Penso também (e muito!) se ela segue as restrições impostas por sua religião/instituição (quando estas restrições existem) porque aquilo lhe é natural ou simplesmente porque elas lhe são impostas. Conheço pessoas que vão às celebrações de sua fé simplesmente porque se sentem obrigadas e não por serem movidas por uma fé verdadeira. E algumas dessas pessoas são o exemplo mais marcante de alunos que sabem o livro todo de cabeça, mas que não aprenderam realmente a matéria. Algumas delas até mesmo, e cito isso como um dos motivos mais fortes de me manter distante, fazem parte da hierarquia de suas instituições religiosas.

Mas é com a mesma admiração que tinha pelos alunos que diziam “É, esse problema não sei resolver” e iam estudar mais ou pedir ajuda ao professor, que lembro de um rapaz que fazia parte do mesmo Centro que a minha mãe fazia naquela época. Uma prática difundida dentre os médiuns daquele Centro era a não ingestão de carne. Quanto a isso aquele jovem disse “Acho louvável que vocês consigam, mas eu ainda não consigo abrir mão de comer carne”. Admirei a coragem daquele rapaz de assumir sua limitação na frente dos outros médiuns e achei ainda mais maravilhoso que não houvesse nenhum tipo de castigo ou restrição de atividades àquele rapaz. Ele continuou desempenhando as mesmas funções de qualquer outro médium, comendo carne ou não. Afinal, posso até estar errado, mas acho que a vontade genuína dele de trabalhar e vibrar energeticamente junto com grupo deve ser visto como algo muito mais importante que sua dieta. Pode parecer uma bobeira, mas esse respeito e aceitação da parte do grupo é o tipo de coisa que me faz recobrar a fé nas pessoas.

Eu apenas gostaria de ter mais contato com pessoas assim do que com os religiosos que parecem que muito sabem mas que pouco ou nada do que sabem colocam em prática...

Marcos Bahia

sábado, 16 de junho de 2007

Cine Arte Bangu

Cinema para quem gosta de arte! A primeira vista essa frase pode parecer pedante, pretensiosa ou até mesmo elitista. Cinema de Arte, onde já se viu isso? Mas longe disso, ela quer apenas afirmar que os cinéfilos, amantes, apreciadores ou aqueles que simplesmente gostam de assistir a filmes nas telonas têm agora um novo espaço para saciar suas vontades sem precisar sair do bairro onde moram.

Quinta-feira, 14 de junho de 2007, Bangu recebeu um excelente presente – voltou a ter uma sala de cinema com 95 lugares, o que ainda é pouco para um bairro com mais de 400 mil habitantes e que há algum tempo tinha quatro salas que aos poucos foram sendo abandonadas. Talvez muitos só lembrem agora do antigo Cine Matilde, mas acreditem o bairro já teve mais salas.

A inauguração foi uma festa marcante, digna de uma idéia maravilhosa. O trecho da rua da Feira em frente ao cinema foi fechado para que a população pudesse dividir com os responsáveis pela sala e amantes do cinema a felicidade de voltar a ter uma sala para apreciar a sétima arte. Antes de começar o filme, uma solenidade ocorreu dentro da sala com a presença do prefeito César Maia, do secretário de Cultura Ricardo Macieiras, dos proprietários do cinema Adil Tiscatti, Fernanda Oliveira e o vereador Renato Moura, além de outros convidados enquanto lá fora as pessoas esperavam ansiosas para assistir ao filme escolhido para a festa. O filme escolhido para a inauguração não poderia ser outro senão “Ó pai ó”, uma produção nacional de excelente qualidade que agrada todos os gostos e idades.

Enquanto todos assistiam ao filme eu ficava dividindo minha atenção entre a tela e as pessoas à minha volta que provaram que há muito sentiam falta de um espaço de lazer como o cinema, pois se comportaram de forma elogiável, como pessoas educadas que são e deram provas disso ontem. Não ocorreu, como costuma acontecer em qualquer canto da cidade em eventos onde há a presença de muitas pessoas em espaços públicos, confusões, distúrbios ou qualquer tipo de incidente. E ao final do filme, de forma espontânea, surgiram aplausos, pois todos haviam acabado de assistir a um evento de arte. Então nada mais justo do que os aplausos para a obra e para os artistas que possibilitaram os momentos incríveis que todos vivenciaram.

O Arte Bangu apesar do slogan, não apresentará apenas obras tidas por uns como perfeitas obras de arte e por outros por filmes sem-graça e chatos. Até porque como o gosto é uma coisa muito pessoal, cada um tem o direito de gostar do estilo de filme que mais lhe aprouver – e que ninguém ouse mudar ou questionar o seu gosto. Serão apresentados também os filmes que entrarem no circuito comercial como qualquer cinema, mas também terá espaço para as obras que não estiverem nas salas dos grandes grupos.

E como o grupo paulista de rock registrou na década de 1980 “... A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...”, pegarei essas palavras emprestadas e acrescento ainda: Nós queremos e agora temos diversão e arte de qualidade, pois agora fomos presenteados com o Cine Arte Bangu. Parabéns aos idealizadores do projeto, Adil Tiscatti, Fernanda Oliveira e Renato Moura e parabéns principalmente à comunidade banguense que agora volta a ter o seu espaço no cenário cultural cinematográfico da Cidade Maravilhosa.

Agora é só chamar os amigos, familiares ou amores, esperar a nossa vez na fila, comprar o ingresso, a pipoca e curtir o prazer de assistir a um filme numa sala de cinema pertinho da nossa casa.

Tonni Nascimento

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O dia do seu (ou do meu) aniversário

Hoje é o seu aniversário, e sabe como é, né? De cinco em cinco minutos alguém liga pra te desejar felicidades, amor, paz, carinho, juízo e tudo de bom no mundo que você merece. Aniversário é assim mesmo, mas quando já é a vigésima sétima ligação, você começa a desejar que o “dia do seu aniversário” acabe logo pra você poder assistir um filme inteiro sem nenhuma interrupção ou se divertir na sua festa.

Você faz parte do orkut? Eu faço. E quando chegou o meu aniversário, eu recebi tantas mensagens que até me assustei e pensei: “Nossa! Ou eu sou muito amada ou a maioria dessas pessoas é falsa pra caramba”. Brincadeirinha! Também mando mensagens de aniversário pelo orkut! Não vejo tal pessoa faz quatro anos, mas no aniversário dela, que por sinal o orkut sempre lembra, eu vou lá e escrevo aquela mensagem de paz e felicidade. Não é falsidade não, é falta de tempo pra se comunicar, vergonha de voltar a falar com alguém que não vemos a cinco anos ou mais. Eu adoro receber as mensagens de aniversário do orkut, pelo menos não preciso parar o filme pra lê-las, posso fazer isso de uma vez só. (Esse ano, quero contar quantas felicitações eu vou receber!)

Já reparou que tem sempre gente te desejando juízo? Só que até hoje eu ainda não entendi o porquê, eu nunca fiz nenhuma grande besteira... Alguns até me desejam menos juízo, pode isso?
O bom mesmo do aniversário é escutar a voz das pessoas amadas te desejando felicidades e amor, fazer festa com os amigos, sair pra almoçar fora, ir ao cinema, se divertir! Se hoje é o dia do seu aniversário, se divirta e “feliz aniversário, muitos anos de vida, muita paz, carinho, amor, saúde e juízo!”. (E não é falsidade não!)

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(Olha a cara desta criança!!!!!!)

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Proposta para uma nova justiça

parte I ou foco I

O juiz e coordenador do Projeto Justiça para o Século 21, Leoberto Narciso Brancher, defende mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que contribuiriam para a aplicação da Justiça Restaurativa.

A Justiça Restaurativa, já sendo testada em Porto Alegre, surpreende pelos resultados e produz efeitos sociais dificilmente alcançados pelos métodos tradicionais. Concentra a atenção no diálogo entre as partes envolvidas. Promove encontros orientados e protegidos entre transgressor, vítima, familiares e comunidade, e contribui para a construção de estratégias capazes de restaurar laços sociais rompidos pela infração.

Como exemplo, o juiz cita o caso de um rapaz que atirou no segurança de um baile, deixando-o paraplégico. Após um ano, o jovem aceitou assistir, na prisão, ao vídeo que mostrava as conseqüências do seu ato: a vida do segurança na cadeira de rodas, e suas dificuldades financeiras. Essa ação aproximou vítima e transgressor. Até a mãe do infrator foi sensibilizada, e divide sua bolsa-família com a família da vítima.

O objetivo é reafirmar o infrator como ser humano, tratando-o como tal para enfatizar o reconhecimento e a reparação dos seus desvios. Possibilitar que as partes envolvidas, juntas, encontrem soluções para os problemas, e produzir mais comprometimento e responsabilidade do criminoso para evitar a reincidência criminal.

Para Brancher, diminuir a idade penal e implantar a pena de morte são “punições puras e simples que só geram mais violência”. O que deve ser feito é ampliar as punições, aumentando, por exemplo, a detenção máxima de três para cinco anos, e utilizar abordagens pedagógicas terapêuticas.

Transformar o criminoso em demônio só piora a situação: perde-se a oportunidade de recuperação. A sociedade assiste constantemente a crimes chocantes. Porém, não compreende que estes jovens encontram-se dentro de um círculo vicioso no qual reproduzem suas experiências violentas. Responsabilizá-los é um dever. Banalizar suas vidas, uma crueldade, talvez mais grave que seus crimes.

Estes jovens não compartilham de “uma visão de mundo baseada em valores humanos positivos”. Na periferia, dificilmente, há elementos desta natureza. Em contrapartida, há o vício, o sexo e o crime. Nesta realidade, eles acreditam que esses são os únicos meios de sucesso, satisfação e felicidade.

Crianças crescem em ambiente familiares desestruturados, violentos e incapazes de estimulá-las positivamente. Desorientadas, buscam proteção nas ruas. Proteção esta que nunca é gratuita. São exploradores que agem de maneira tão violenta quanto à encontrada no lar. Confirma-se, assim, o círculo vicioso.

Em sua análise, Brancher classifica miséria e exclusão social como fatores criminógenos. Salienta que não o são apenas pelos problemas de distribuição de renda, mas, principalmente, pela afetação familiar e sociocultural. Responsáveis, que enfrentam jornadas exaustivas de trabalho e são obrigados a deixar os filhos sozinhos em casa, não possuem condições para se dedicarem aos mesmos, que ficam condenados ao abandono e a solidão.

Thais Dias

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Super-machos



A Humanidade não cansa de me surpreender...

Hoje fiquei sabendo que, além das designações Macho e Fêmea, existem também os Super - Machos e as Metafêmeas. Tratam – se de alterações genéticas que algumas pessoas têm que justificam, ou pelo menos tentam, certos tipos de comportamento.

No caso dos ditos Supermachos a alteração genética diz respeito ao cromossomo Y ( O que define o sexo) que, nesses novos representantes da espécie, é duplo (XYY). Devido a isso, certas características masculinas, como por exemplo, a agressividade normal dos homens, torna-se excessiva nestes indivíduos.

As grandes mentes científicas de nosso mundo moderno tentam com esta nova descoberta justificar a atitude dos serial-killers que, segundo esses estudiosos, teriam como justificativa para seus crimes hediondos essa “falha” genética.

Mas, pensemos um pouco nas reações humanas...

Quantas pessoas trazem dentro de si um turbilhão de coisas que tem de controlar para viver em sociedade?

Não seria exagero dizer que todos nós somos assim...

A cada dia tentamos a todo custo mascarar sentimentos e reações em nome do respeito às regras, por orgulho, por educação... Independente do sexo.

E assim vamos vivendo. Uns conseguem por muito tempo mascarar os sentimentos e viver calmamente, outros, explodem. O que pode se dizer que é o caso desses supermachos. Pensando nesse assunto, fiquei me questionando sobre esta aptidão humana de “disfarçar” e acho que é isto que falta nessa “nova raça”: eles não disfarçam e reagem agressivamente às coisas que recebem...

Mas já pensou se essa desculpa pega?

O que mais se vai ouvir é o seguinte: “Ah! Eu bati na minha esposa não foi porque eu quis, é que sou doente... sou supermacho!”

Tem de se prestar atenção para não confundir os Supermachos com os “Supermachões” que são em maior quantidade no mundo inteiro e suas reações não têm nada de biológicas. Seus problemas são sociais!

O Supermachão apresenta características muito mais marcantes e menos perceptíveis, mas igualmente nocivas às do Supermacho e, o que é pior; livremente aceitas na sociedade.

Eles enganam, as incautas com promessas de amor eterno; exigem a mulher só para si, mas não se incomodam em dividir-se entre todas as outras... Tudo isso com a desculpa de que isso é “coisa de macho”.

Então devido a tudo isso, temos de tomar cuidado para que essa nova descoberta da ciência não sirva de desculpa para as atrocidades que são cometidas contra às mulheres e não tem relação alguma com este traço genético e sim com um traço muito mais marcante e quase hereditário: as circunstâncias sociais.

Marília
Vieira

terça-feira, 12 de junho de 2007

Hoje: eu. Amanhã: eu, mais além...

"Trate as pessoas como se elas fossem o que poderiam ser e você as ajudará a se tornarem àquilo que são capazes de ser”.

Goethe

Incrivelmente eu tenho passado por esta experiência. Tantas pessoas sempre acreditaram em mim e eu pude "ir além".

Hoje, faço questão de fazer o mesmo com meus amigos e aluninhos. O Jean Luiz, meu aluno de 8 anos, hoje, pela primeira vez, desde fevereiro, conseguiu conter-se: não bateu em colega algum, não xingou, não perturbou ninguém, não chutou, não me desrespeitou, fez todos os trabalhos propostos na aula.

Por isso, ele conseguiu receber a "etiqueta do bom comportamento". Uma tática que uso todo fim de aula para mostrar aos meus pequeninos que podemos ser melhores se assim o desejarmos. Mas não é uma etiqueta que é colada aleatoriamente no caderno. Sento, e num diálogo reflexivo e consciente vou mostrando a eles que a vida é regida pela Lei de Causa e Efeito, a 3ª de Isaac Newton.

Outro dia, o Jean me azucrinou tanto a cabeça que eu falei pra turma, em tom de bronca: - Vou pensar duas vezes antes de acreditar quando vocês fazem cartinhas para mim dizendo que me amam. O que se diz e o que se fala têm de estar de acordo com o que se pratica.Então, minha aluninha Jennifer Daiane, de 8 anos também, perguntou muito sabiamente: - Tia, como é que isso funciona?

A turma estava em silêncio, perguntando-se, provavelmente, de onde ela tinha tirado aquela pergunta. Hum... Só Deus sabe... rs. Respondi, tentando buscar na simplicidade das palavras algo que não fosse muito difícil de se entender:

- Por exemplo, dizer que ama e não respeitar o outro, não é amar de verdade. Fazer pirraça, desobedecer, bater nos outros, xingar... Quem ama, não faz nada disso. Por isso, pra eu acreditar no que vocês escrevem e me dizem, será preciso que vocês comecem a respeitar a mim e aos outros.

Jean Luiz me olhava com olhos de "ai, isso é comigo!...”

Toda bronca deve, assim que oportuno, vir acompanhada de um beijo na testa, um afago nos cabelos, um abraço maior que os próprios braços, um olhar sereno e algumas cócegas, porque rir é o melhor remédio.

Também falei com a mãe do Jean, que sempre que vai à escola fala para mim, na frente dele: - Esse menino não tem jeito, ele acaba comigo!

Pedi-lhe, em segredo, que não mais falasse isso a ele, porque ela estava atrapalhando um trabalho que eu estava fazendo na escola. Disse-lhe:

- Mãezinha, não diga mais isso. Diga que ele é um menino bom, só que está com vergonha de mostrar que é bom, então, faz estas coisas de que ninguém gosta. Diga-lhe que pode melhorar se ele quiser! Vamos trabalhar juntas, por favor.

A mamãe Patrícia me olhava como se eu estivesse entoando um canto hipnotizador de sereia. Acredito que funcionou, visto o resultado do comportamento do Jean hoje.

Sim, eles entenderam a bronca que relatei anteriormente... Porque são crianças inteligentes e, como tudo o que tenho aprendido com a Doutrina Espírita, são almas em redenção, compromissos meus do passado, afetos e desafetos (que vão virar afetos), sequiosos de saber, mas muito mais carentes de atenção e amor! E tudo o que se aprende com amor, fica mais facilmente registrado.

Uma oportunidade imperdível! Graças te dou, Senhor!

Erika Ferraz Ueoka

sábado, 9 de junho de 2007

Qual é a sua raça?

Negro, Índio, Branco. Cafuso, Mameluco, Mestiço. Ah, sim... ainda temos o verde de fome (muito comum nas metrópoles, vivem pelas ruas), o vermelho de raiva (este encontramos espalhado por todo o globo), o roxo de vergonha (hoje em dia é mais difícil localizar), também tem aqueles de sangue azul (o interessante é que é a cor que só os inteligentes podem ver, os normais ou abaixo da média, enxergam vermelho mesmo).


Devem haver muitas outras denominações coloridas as quais não se tem conhecimento, apesar de toda globalização, cada cultura ainda possui seus mistérios e segredos. Mas, num país onde gêmeos idênticos são diferenciados como Negro e Branco. Qual será a sua raça?


Aproveitando o ensejo, façamos outras perguntas: Quem é você? Quais são as suas raízes? Seus princípios e valores? Quem são seus ancestrais? Há uma árvore genealógica de todos os seus antepassados na parede do seu quarto? Vamos, responda! RESPONDA! Qual é a sua raça?


Num país em que muitos dizem ter “um pé na senzala”, é possível que muitos de nós tenhamos também “uma mão na casa grande”, “uma cabeça nos canaviais”, “um coração nas matas”.


Qual é a sua raça? Se você ainda está perguntando a mamãe e ao papai suas origens, ou tentando buscar na memória qual mistura fez você. Aqui vai uma dica: Você pertence a uma raça única, que apesar do grande potencial para dominar o mundo, o vêm destruindo em prol de prazeres efêmeros, uma raça que é tão bela quanto feroz, uma raça que apesar de vangloriar-se por sua racionalidade, não respeita nem mesmo seus próprios instintos de sobrevivência. E se apesar disso tudo você ainda tem dúvidas, aqui está a sua resposta. A sua raça é...









... A RAÇA HUMANA.










O Homem – Animal racional ou irracional?

Fico pensando na quantidade de notícias que escuto sobre maltrato que os homens, seres racionais, praticam contra os animais, sejam domésticos ou não – os chamados irracionais.

Mas até que ponto nós podemos ser chamados de seres racionais? Será que estamos usando o nosso bom senso e a nossa racionalidade quando maltratamos nossos companheiros diários e os nossos meios de subsistência? Vejo e ouço muitos casos de maltrato e até de crueldade com esses animais, que muitas vezes nem sabem o que está acontecendo, e conseqüentemente o porquê de estarem sendo agredidos.

Um dos casos mais fáceis de ser percebidos é o do carroceiro que não consegue ou não quer perceber que o cavalo, jumento ou o jegue não tem condições de puxar uma carroça com uma carga altíssima, e mesmo assim ele chicoteia sem pena ou espanca o pobre animal. Muitas vezes sem nem se dar conta de que aquele animal também precisa de um pouco de respeito, pois também é um ser vivo e por isso tem seus limites físicos.

Outro caso é o de donos de cães e gatos que todos adoram quando são filhotes, pois são muito lindos e fofinhos, mas conforme vão crescendo e envelhecendo são largados como se fossem meros objetos de decoração das nossas casas. Certa vez estava passando de carro pela Linha Vermelha, uma via de alta velocidade aqui do Rio de Janeiro, por um trecho onde não havia residências num raio bastante respeitável de quilômetros quando vi um cão andando pelo acostamento. Por não ter nenhuma residência perto da região onde estava e o animal aparentar já estar na fase adulta só poderia supor que ele fora abandonado. Agora que tipo de ser humano(?) abandona um animal numa via onde a velocidade média é de 100 km/h?

Também existem casos de animais que são abandonados quando estão velhos ou doentes. Lembro agora que alguns animais, principalmente os cães, apegam-se às pessoas e quando chegam à velhice querem ficar perto de quem eles sempre consideraram como seus companheiros e quando se vêem longe de seus donos sentem-se abandonados. Lembro agora de um cão que tivemos que, quando já estava bem velhinho, aonde nos íamos ele sempre estava perto da gente, com o seu andar já bem vagaroso.

Não podemos nos esquecer dos casos de maldade gratuita, como o caso que aconteceu numa cidade gaúcha, onde três jovens por não ter o que fazer e para vencer o tédio decidiram amarrar uma cadela ao seu automóvel e andar pela cidade por vários quilômetros. Nem preciso relatar o final da estória para termos uma noção do tamanho da crueldade. Houve também um caso mais recente, na cidade de São Paulo, de um homem que deixou seu cachorro sem alimento por quase três meses e ainda queria enterrá-lo vivo.

Relatos de maus tratos contra os animais temos diversos, infelizmente. Mas quando vamos ter consciência de que qualquer forma de vida, seja animal, vegetal ou humana deve ser respeitada? Infelizmente a mídia não dá muito destaque aos crimes cometidos contra os animais chamados domésticos, sejam de carga ou de companhia. Dá-se importância à vida dos animais silvestres sem perceber que bem embaixo dos seus narizes, muitas vezes nas portas das suas redações, acontecem crimes contra os animais urbanos.

Nossa intenção não é que papariquemos ou cometamos exageros ao tratar dos nossos animais e dos que vivem pelas ruas, mas que tenhamos pelo menos o mínimo de respeito por todos os animais sejam silvestres, urbanos, de carga ou domésticos. Que possamos enxergar nesses seres companheiros de habitat e quando testemunharmos algum tipo de agressão que façamos uma denúncia e, dessa forma, provemos que somos capazes de exibir o título de animais racionais, porque o mau trato aos animais também é crime.

Tonni Nascimento

domingo, 3 de junho de 2007

Anos Incríveis

Ou Reflexões em Uma Mão de Pôquer

Não sei se todos vão lembrar de uma série chamada “Anos Incríveis”

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Essa série, que fez sucesso nos anos 90 aqui no Brasil, retrata a adolescência de Kevin Arnold durante o início dos anos 70. É uma série de um extremo realismo e de uma delicadeza e beleza intensas.
Essa série marcou a minha infância, mas eu nunca havia conseguido assistir todos os 115 episódios que a compõem. Nunca até semana passada quando, maravilhado, fechei esse ciclo que havia sido deixado aberto por tanto tempo.
E o que aconteceu foi que o episódio 111, intitulado de “Pôquer”, me fez pensar em várias coisas, incluindo esse espaço, do qual agora começo a fazer parte.

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Esse episódio em particular retrata uma das típicas noites de pôquer de Kevin Arnold, já com dezessete anos, e seus amigos do segundo grau (não consigo me habituar a falar ensino médio...). Da esquerda para a direita na imagem acima eles são Jeff Billings (que veio transferido de outra cidade), Kevin Arnold, Chuck Coleman (Kevin o conheceu no Segundo grau), Randy Mitchell (Kevin também o conheceu no Segundo grau) e Paul Pfeiffer (que é amigo de Kevin desde os primeiros anos da infância).
Conforme esse episódio vai se desenrolando, os conflitos começam a surgir. Paul, que sempre foi “alérgico a tudo”, começa a se mostrar um grande chato, sempre preocupado demais com sua saúde, entrando em conflito direto com os outros, incluindo Kevin, por causa disso. Chuck revela que sua namorada suspeita que está grávida. Randy é o “grande perdedor” das noites de poquer e é tão ruim em Matemática que talvez repita de ano e não se forme. Já Jeff está roubando no jogo, como Kevin descobre no meio do episódio.
A coisa toda esquenta como uma panela de pressão pronta a explodir, culminando com a última mão da noite. No último jogo daquela noite Kevin e seus amigos travam uma guerra de nervos, apostando alto (o “pingo” para participar da rodada é de um dólar inteiro, meu amigo!), cada um disposto a sair vencedor, provando sua superioridade frente aos outros. A voz do Kevin adulto, o narrador da série, explica: “De repente não éramos mais meninos jogando um jogo de gente grande. Éramos homens, homens em guerra. Defendendo nosso terreno, lutando por posições. Era a hora de não se ter pena, não se fazer prisioneiros. As apostas estavam feitas”
Com as apostas encerradas, as mãos são reveladas. Kevin tem um par de valetes. Chuck tem uma quase-sequência, sendo derrotado Kevin. Paul mostra dois pares, um de valetes e um de noves, derrotando Kevin. É quando Randy revela sua mão: uma trinca de setes. Tudo dependia da mão de Jeff. Ou ele ou Randy seria o vencedor daquela noite. Jeff parece nervoso. Ele olha suas cartas, passa a mão no nariz e então diz: “Eu saio. Não tenho nada...”
E Randy ganhou a bolada de quase sete dólares! “A beira da desilusão e do desespero, Randy Mitchell, o eterno perdedor, finalmente ganhou uma vez.”
É quando tudo começa a clarear para aquele quinteto de amigos. O telefone toca e é Alice, a namorada de Chuck dizendo que as suspeitas não se confirmaram; ela não estava grávida. Randy se despede dizendo que vai “malhar nos livros”. Quando todos partem, Kevin vai arrumar a mesa e fica curioso quanto às cartas de Jeff. O rapaz havia deixado seu jogo sobre a mesa com as cartas viradas para baixo. Kevin começa a desvirá-las e qual não é sua surpresa ao ver o seguinte:

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Uma quadra de reis. Jeff poderia ter ganho aquele jogo, mas preferiu deixar Randy sair vitorioso.
Esse foi o momento em que eu fui obrigado a pausar o episódio. Minha tia me chamou, pois o almoço estava pronto.
Fui me servir pensando nas amizades que fiz na minha infância e adolescência. Em como meus amigos me marcaram e ajudaram a fazer de mim a pessoa que sou hoje. Lembro do Bruno, aquele que foi o meu Paul Pfeiffer, emocionado com a redação que eu fiz na quarta série homenageando-o, me fazendo descobrir a habilidade que eu tinha com a escrita. Lembrei de professores que me impulsionaram e estimularam como os vários que fizeram o mesmo por Kevin ao longo da série. Me peguei pensando que em algumas ocasiões eu havia feito como Jeff e deixado outros ganharem só para ver o brilho da felicidade nos olhos de um amigo. Em outras ocasiões, tenho quase certeza que fizeram o mesmo por mim.
Foi quando meus pensamentos me levaram até esse blog que você agora está visitando. Percebi que a ligação que eu formei com várias pessoas ao longo da minha vida era a mesma que eu agora formava com os outros contribuintes e leitores deste blog. Me dei conta que estaríamos juntos para promover a troca de idéias, discuti-las e até brigar se necessário (não como adolescentes com hormônios em ebulição, mas como amigos adultos e maduros). E, como bons amigos, estaríamos juntos para promover o crescimento uns dos outros, acrescentar um pouco de nós mesmos nos outros e ajudá-los a serem felizes. Por conta disso, ao agradecer a Papai do Céu pela minha “merendinha” do dia, também agradeci por estar sendo agraciado com vocês, aqueles que já considero meus novos amigos. Agradeci por estar começando o que eu espero que sejam Anos Incríveis de parceria junto a vocês.
Eu ia parar por aqui, mas, ah, vocês devem estar curiosos quanto ao fim do episódio, não é?
Bem, o que acontece é que Kevin desvira a última carta e tem a revelação:

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Sim, cinco reis. Jeff estava roubando novamente. Rindo gostosamente me lembrei que meninos adolescentes são sempre meninos adolescentes.
É quando Paul retorna para buscar o casaco e Kevin se dá conta, depois de todas as rusgas que os dois tiveram durante aquela noite, que a “facilidade não declarada de relacionamento” que eles tinham durante a infância estava acabando. Quando Paul está saindo, Kevin o chama, pronto para se desculpar por tudo o que aconteceu. Mas não precisa dizer nada. Como só os grandes amigos conseguem fazer, Paul lê os sentimentos de Kevin em seu olhar. Ele então sorri e agradece, saindo em seguida.
Bruno se despediu de mim na oitava série. Nossa amizade nunca mais foi a mesma desde então. Hoje nem mesmo mantemos contato. Mas há uma parte de mim que deve sua existência a Bruno, assim como sei que o mesmo acontece com ele. E essas marcas deixadas pelos nossos amigos são a porção deles que carregamos para toda a vida do lado esquerdo do peito, seja lá mais quantas noites de pôquer ainda tivermos pela frente.

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Um grande abraço para todos vocês, meus amigos, que por aqui passarem.

sábado, 2 de junho de 2007

Desculpem-me!! Era para eu ter escrito na sexta, mas minha sexta foi uma confusão total!!! Espero não roubar o sábado do Tonni!

Bem, vamos lá! Não vou me alongar!
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Você já deve ter escutado isso: Agora não se pode mais reprovar!!!
É isso mesmo, minha gente! O município não reprova mais! Que maravilha, não? Os professores poderão lecionar sem se preocupar com notas e avaliações, não ficarão frustados se seus alunos forem mal nas notas, porque as notas não terão mais valor algum!! Que maravilha!!!!

Ironias de lado, essa é uma das piores notícias que eu já ouvi em toda a minha vida. Acho que as autoridades governamentais não se tocaram da complexidade de não se reprovar mais.
Mas ele verão, num futuro bem próximo, o que isso significará; ou como já pude notar, o que está significando.

Os alunos vão começar a faltar muito. Pra quê ir para aula, se eu não fico mais reprovado? Pra quê estudar? Pra quê me esforçar? Não tenho motivo! É isso que os alunos irão pensar? Não! É isso o que eles ESTÃO pensando e FALANDO. Isso mesmo! Eu já ouvi os alunos falarem isso! Muitos nem querem ir pra escola, não tem o que fazer na escola, já passaram de ano.
Lí uma frase no jornal e tive que concordar: (Era mais ou menos assim) "No futuro, que empresa contratará pessoas que foram alunos das escolas públicas?". E isso é uma verdade.


Agora, onde fica o professor nessa história? Reprovar não pode mais, mas o que ele faz com os alunos que não querem nada, que não estudam nada e que, mesmo com o esforço dele, não estão nem aí pra hora do Brasil? Isso eu quero saber e ninguém ainda me diz .

Aproveitem a não reprovação.... (se é que eu posso falar em aproveitar...)

Mas desse jeito, o Brasil vai pro brejo!

Ética e moralidade

Esta semana iria escrever sobre outro assunto, o texto já estava até pronto, porém vai ter que esperar até a semana que vem, não que o assunto não seja importante – eu acho até importantíssimo, mas um acontecimento fez com que eu mudasse o tema da minha crônica nessa semana.

Estava assistindo ao programa da TV Record chamado O aprendiz 4 – O sócio, com o empresário Roberto Justos onde teve uma situação inusitada. Mas antes de contar a situação vou explicar como o programa funciona para que quem não o assista possa entendê-lo. Esse programa consiste em duas equipes que disputam entre si com uma tarefa proposta pela produção do programa e quando uma equipe perde um membro desse grupo é eliminado até que reste apenas um, que nesse caso fará uma sociedade com o Roberto Justus.

Na tarefa dessa quinta-feira as equipes deveriam produzir e pôr em prática uma campanha promocional de uma empresa de telefonia celular parceira do programa. E as equipes logo pensaram em montar estandes nos shopping centers ou nas ruas para divulgar a tal campanha. Ambas não conseguiram as autorizações necessárias para montarem suas tendas; uma desistiu e pensou em outra possibilidade, a outra equipe decidiu insistir nessa idéia e montou seu estande mesmo sabendo que seria uma coisa ilegal, pois não tinham autorização da prefeitura para utilizar um espaço público. Estando dispostos até a subornar um fiscal de prefeitura caso algum aparecesse.

No dia que teriam que divulgar a campanha, esse grupo foi abordado por um dos auxiliares do Roberto sobre o fato de estarem fazendo algo de forma ilegal, quando um membro da equipe disse que tinha no bolso a quantia de R$ 100,00 para usar caso fosse necessário.

No final da tarefa, essa equipe foi declarada perdedora e com isso teria que participar de uma reunião junto dos conselheiros e de Roberto Justus para saber quem iria sair do programa. Na reunião, os membros do grupo foram abordados sobre o fato de eles estarem expondo a marca de uma empresa de renome internacional a um fato ilegal e sobre a atitude de subornar algum fiscal que acaso viesse cumprir seu papel.

Na tal reunião sempre um dos membros sai do programa, mas dessa vez tanto o Roberto Justus quanto os seus auxiliares fizeram questão de frisar o quanto a equipe errou em admitir a possibilidade de subornar um funcionário publico, pois devemos sempre primar pela ética e pela moralidade em qualquer situação e principalmente naquela situação, pois estaria passando em rede nacional. Por conta disso, o líder da equipe foi eliminado por não ter cortado a idéia logo que a mesma surgiu e o autor da idéia também, pois o dono do programa disse que estaria sendo incoerente se mantivesse no programa alguém que mencionou a possibilidade de praticar um ato ilícito.

Fico agora pensando no seguinte: Não sei se esse empresário é tão ético assim na condução dos seus negócios, mas achei importantíssima a sua postura em deixar claro que somos nós que devemos mudar essa mentalidade de que o nosso país é uma zona, onde cada um faz como quiser e interpreta as leis ao seu bel prazer. Que nós também possamos começar a nos importar mais com o que fazemos e menos com os outros. Quando cada um de nós começar a fazer a sua parte com ética e um mínimo de moralidade com certeza nosso povo irá mudar seu modo de pensar e de agir.

Tonni Nascimento