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domingo, 24 de junho de 2007

Pessoas

É legal dar-se conta de que realmente cada ser é um livro vivo cheio de coisas a ensinar. Conhecer não significa impor aquilo que sabemos ou sentimos aos outros, o maior dos aprendizados é o de aceitar cada um como é.

Obviamente se pudéssemos mudaríamos milhares de coisas em milhares de pessoas, ou até mesmo milhares de coisas numa única pessoa. Mas aí ela deixaria de ser uma linda caixinha de surpresas para virar aquela imagem exata que queremos, e que logo nos entedia.

Precisamos planejar, mas não devemos temer mudar os planos. E além de nós mesmos, o que mais nos faz mudar de planos são as outras pessoas... que a todo momento nos dão (apesar de não existir receita de bolo) dicas de como viver melhor.

É bem mais simples, mais fácil e mais divertido quando aceitamos que cada pessoa tem um potencial maravilhoso, lindo e que o mais chato e insuportável dos seres tem algo que o faz amável e respeitável, e que não é o fato clichê dele ser filho de Deus... isso todos somos. É um olhar que ele dá, um jeito de falar com as crianças, a maneira de colocar a mão no queixo quando está pensando, a caridade que faz escondido... quem procura, acha. E quem busca o melhor de cada um, encontra surpresas maravilhosas.

Existem aprendizados que a princípio são muito dolorosos, principalmente aqueles que nos mostram que os que amamos são perfectíveis, longe de perfeitos.

E isso acontece todos os dias com as chamadas decepções... mas porque será que nos decepcionamos com as outras pessoas?

É por que amamos demais? Confiamos demais? Nos entregamos completamente?

Ou porque depositamos no outro algo que é de nossa responsabilidade? Que é a felicidade e a constância nos bons sentimentos.

É muito simples dizer que o marido é muito diferente depois que casou, que ele enganou-a, pois antes do casamento não era dessa maneira.

Mas... será que não se criou uma imagem em cima daquela pessoa, e ao invés de casar com a pessoa, tivemos a intenção de casarmos com aquela imagem que criamos?

Normalmente procuramos por alguém que seja e tenha tudo aquilo que não somos, não temos, mas que intimamente (talvez até inconscientemente) queremos ser e ter. Como dá muito trabalho encontrar esse alguém que queremos ser, criamos um outro alguém, colocamos aquela máscara em cima do que o outro é realmente, e nos dizemos perdidamente apaixonados... Depois de um tempo: “Acabou, não era nada daquilo, que decepção...”

Dizem que o amor é cego. Eu discordo. O amor enxerga muito bem, muito além de nossos limites egoístas. O amor aceita e por sua força transforma. O que nos torna cegos são o egoísmo e o orgulho que não nos permitem ver o outro com os olhos do amor, e sim com os olhos rancorosos de quem procura desesperadamente por um tesouro que está dentro, e não fora.

Você se casa com uma imagem, que é quebrada a cada gesto, a cada palavra de um outro ser que anseia por ser amado como é, e isso é uma via de mão dupla. Ele também se casou com a imagem que projetava de sua esposa, e vê que ela é bem diferente...

E no fim das contas voltamos a era do querer receber para então doar... mais do que já recebemos de Deus? Jamais receberemos assim de um outro ser. E se quisermos ser amados como somos, que passemos a amar como são os outros. Cheio de defeitos... e qualidades também.

É por essas e outras coisas que o ser humano ensina tanto... Não há nada como a experiência de aprender com os outros. E de aplicar em si mesmo esse aprendizado.

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