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domingo, 17 de junho de 2007

Eu e Téo

Quando me perguntam qual a minha religião, sempre prefiro dizer que não possuo nenhuma e explicar que sou simpático a várias práticas e idéias, algumas delas originadas de vertentes religiosas conhecidas, outras, pequenas porções de sabedoria coletadas aqui e ali.

Minha experiência por contato direto com instituições religiosas é bem pequena. Já fui a missas na Igreja Católica e já fui várias vezes aos Centros Espírita aos quais minha mãe foi vinculada. Mas essa pouca experiência foi suficiente para que eu chegasse a uma conclusão: instituições religiosas não funcionam para mim. Elas acabam sendo muito hierárquicas e restritivas demais para que eu consiga aceitá-las dentro da idéia que tenho de religião. Desde que cheguei a essa conclusão nunca mais senti nem remota vontade de participar de qualquer instituição religiosa, mais por não ter encontrado nenhuma que contradissesse a imagem que tenho delas do que por birra.

Prefiro viver a minha vida pautado numa lei simples que resumo em “fazer o bem”. Eu tento, a cada dia, viver sob essa lei. E não porque me seja uma lei imposta, mas porque me faz bem segui-la e me faz bem ver os frutos maravilhosos que ela gera ao meu redor. Vale dizer que estou longe de ser um “bom samaritano” ou qualquer adjetivo nesse sentido. Tenho diversas falhas e limitações como qualquer ser humano desse mundo, mas tento sempre viver pelo meu melhor por mim e para os que estão ao meu redor. Tento pôr em prática e cativar por exemplo.

Acho que por isso me incomoda um pouco quando escuto alguém falar fervorosamente de sua religião (principalmente se mencionar a instituição que freqüenta). Tento sempre manter o respeito pelas idéias dos outros, mas prefiro conhecer melhor aquela pessoa que fala antes de dar ouvidos realmente ao que ela fala. Acabo sempre me recordando dos tempos de escola em que alguns alunos que conheci decoravam às vezes capítulos inteiros de livros de Física ou Química e, ainda assim, se mostravam incapazes de resolver problemas simples dessas matérias. Fico me perguntando o quanto daquilo que aquela pessoa diz ela coloca realmente em prática na sua vida. Penso também (e muito!) se ela segue as restrições impostas por sua religião/instituição (quando estas restrições existem) porque aquilo lhe é natural ou simplesmente porque elas lhe são impostas. Conheço pessoas que vão às celebrações de sua fé simplesmente porque se sentem obrigadas e não por serem movidas por uma fé verdadeira. E algumas dessas pessoas são o exemplo mais marcante de alunos que sabem o livro todo de cabeça, mas que não aprenderam realmente a matéria. Algumas delas até mesmo, e cito isso como um dos motivos mais fortes de me manter distante, fazem parte da hierarquia de suas instituições religiosas.

Mas é com a mesma admiração que tinha pelos alunos que diziam “É, esse problema não sei resolver” e iam estudar mais ou pedir ajuda ao professor, que lembro de um rapaz que fazia parte do mesmo Centro que a minha mãe fazia naquela época. Uma prática difundida dentre os médiuns daquele Centro era a não ingestão de carne. Quanto a isso aquele jovem disse “Acho louvável que vocês consigam, mas eu ainda não consigo abrir mão de comer carne”. Admirei a coragem daquele rapaz de assumir sua limitação na frente dos outros médiuns e achei ainda mais maravilhoso que não houvesse nenhum tipo de castigo ou restrição de atividades àquele rapaz. Ele continuou desempenhando as mesmas funções de qualquer outro médium, comendo carne ou não. Afinal, posso até estar errado, mas acho que a vontade genuína dele de trabalhar e vibrar energeticamente junto com grupo deve ser visto como algo muito mais importante que sua dieta. Pode parecer uma bobeira, mas esse respeito e aceitação da parte do grupo é o tipo de coisa que me faz recobrar a fé nas pessoas.

Eu apenas gostaria de ter mais contato com pessoas assim do que com os religiosos que parecem que muito sabem mas que pouco ou nada do que sabem colocam em prática...

Marcos Bahia

2 comentários:

Anônimo disse...

Amor... a polêmica e a diplomacia fizeram par perfeito no escrito... Medida certa pra não sair a vassouradas, nem ficar longe de ser você mesmo...

Valeu o trabalho, a noite em claro e ter me deixado sozinha, jogada as baratas naquele quarto frio e escuro... :P

Em relação ao texto, o termo religião vem de religare, religar... mas religar pq? Será que realmente fomos puros antes e nos desviamos do caminho e só através da tão famosa Religião estamos nos reconectando a Deus?

Não... vejo a evolução como um fato, sementinha, plantinha, animal, elemental e tchan ran.... homem... até um dia, espíritos puros e plenamente felizes.

A religião, deixando a etmologia de lado, é apenas uma ajuda temporária, e assim como remédio... faz efeito para uns e não faz nada para outros.

Tudo varia de acordo com o que você escreveu... a real vontade de ser alguém melhor e fazer o bem.

Sigamos... para o alto e avante.

Só pra não esquecer, fica aqui parte do meu monólogo:

"Sabe o que Gandhi, Jesus, Madre Teresa, Sidarta e Luther King tem em comum? A fé. Fé em cada ser humano e sua capacidade de ser feliz..."

Grande beijo...
Amo você...

Tonni Nascimento disse...

Infelizmente muitos de nós,religiosos, ainda usam a religião apenas como objeto de condição social, pouco fazendo sobre o que escuta/estuda, sempre o exemplo perfeito do faça o que eu falo mas não faça o que eu faço.

Mas em contra partida, felizmente, existem também os que realmente tentam agregar com a religião algo de bom para a sua vida e para o outro também. Fazendo da religião o que ela deve ser, um elo de (re)ligação entre os homens e Deus. Independente da posição social, financeira, cultural e moral. Bastando apenas que nos esforçamos de verdade para entrar em contato com Deus.

Excelente texto e ótima reflexão.