As ideias e opiniões expressas no blog são de total responsabilidade de seus autores.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

É censura ou não é?!


Todos vocês já devem ter visto, lido ou ouvido algo sobre o livro “Roberto Carlos em Detalhes” do historiador Paulo César de Araújo. Precisamente, sobre a proibição do livro.

Tenho as minhas impressões sobre a situação. Confesso que não acompanhei o que a imprensa publicou a respeito. Mas, tenho um professor que é, além de jornalista, amigo do autor e, portanto não deixou escapar a oportunidade, possibilitando aos seus alunos conversarem com Paulo César pelo telefone, uma semana após o tal acordo judicial.

O que pretendo expor são as minhas conclusões e se possível tomar conhecimento do que pensam os leitores deste blog.

Paulo César pesquisou durante 15 anos sobre MPB. Entrevistou várias personalidades da cena musical. Durante essa pesquisa, lhe passou pela cabeça que tinha vasto material para editar um livro que tivesse como fio condutor, seu ídolo, Roberto Carlos.

Por que Roberto? Porque o Rei flertou com vários movimentos da música brasileira, se consagrou como cantor romântico e se destaca fora do Brasil como poucos brasileiros.

Durante todo esse tempo, o autor do livro tentou inúmeras vezes - diz que irá buscar o Guinness Records por isso – entrevistar o Rei. Comunicou à Assessoria do cantor que estava escrevendo um livro e que desejava se encontra com o Rei. Foi ignorado.

Após 12 anos de pesquisa, a editora Planeta se interessou pelo projeto. Também tentou falar com Roberto Carlos, em vão. Paulo recebeu apoio dos editores que acreditavam que o cantor adoraria o livro quando o lesse.

1 ano e meio antes do lançamento do livro, notas foram publicadas em jornais de grande circulação do país. Portanto, Roberto não poderia desconhecer a existência do livro, já que foi procurado pelo autor, pela editora e tinha a sua disposição jornais que informavam a publicação.

O livro foi lançado em novembro de 2006. Em dezembro, o cantor processou o autor e a editora. A audiência de conciliação ocorreu em abril de 2007. Paulo acreditava que haveria acordo e, seguindo recomendações, não se utilizou de advogados pessoais.

Em suas impressões, durante o julgamento, o autor afirma que Roberto Carlos não teria lido o livro, pois o mesmo questionava passagens distorcidas. “Parece que alguém leu trechos para ele sem dizer que havia aspas, que eram citações e que na verdade meu livro era contrário as tais citações”.

O autor sentiu-se coagido e desprotegido. Não houve acordo e sim imposição. Paulo ainda sugeriu que fossem retirados os trechos que tratam da vida de Roberto Carlos. Em vão.

A queixa era invasão de privacidade. Mas, o material do livro está disponível em outras publicações. Tudo o que havia sobre a privacidade de Roberto Carlos – o que segundo o autor é 10% do livro e essencial para se contar a história de um homem que tem em suas canções a sua vida, sua fé, sua mãe e sua esposa – já é público, foi retirado de revistas, jornais, etc., ao longo desses 15 anos.

Roberto também reclamou que Paulo queria ganhar dinheiro à custa do seu nome. Paulo abriu mão dos direitos autorais para Roberto. Em vão.

Hoje, é o livro ainda está nas livrarias, mas prestes a esgotar-se. Porém, quem estiver no Centro do Rio o encontra por R$10 em camelôs e se preferir pode baixar pela internet. Imagine só, logo no Brasil, onde quase não se lê: Pirataria de livros!

Paulo faz sucesso: Palestrando em vários países, saindo nos jornais e revistas. Talvez, esteja ganhando mais dinheiro do que com o livro. Mas diz que chora todas as noites, pois a sua obra pode ser queimada! 15 anos de trabalho na fogueira! Menos pior se for reciclado, mas mesmo assim...

A lei assegura a liberdade de expressão. Na constituição encontramos pontos favoráveis a Paulo e outros a Roberto. Mas, destas questões legais eu não entendo nada!

No que eu entendo esse livro não poderia ter sido proibido assim. Só não dei detalhes sobre a audiência, porque não tenho gravações do que ouvi e não quero ser pega de surpresa por aí... Mas confio no Paulo César... E meu Deus! Que audiência foi essa! Viva a Justiça Brasileira e sua Imparcialidade.

Aff...que a minha língua não agüentou: Só um Detalhe...o juiz é cantor!

Há dois arquivos de uma entrevista que o autor do livro deu na PUC. clique aqui

Thais Dias

4 comentários:

Bruno F. disse...

Complicado. Na verdade, como muito bem posto em sua análise, a lei ampararia a ambos, porém em alguns aspectos. Talvez o erro tenha sido de comunicação. O fato é que se Roberto Carlos ainda está vivo, creio que ele está no direito de tentar impedir já que têm seu nome diretamente relacionado à obra. Uma coisa é ser alguém público, o que não é o caso. Ser público é ocupar um cargo público. No Brasil, constantemente confundimos o que é público, o que é interesse público, o que é interesse do público, e, o que são celebridades e pessoas públicas.

Invasão ou não, qualificado ou não, há que se respeitar a lei. Liberdade temos todos a partir do momento em que respeitamos a liberdade alheia, e isto implica em acatar ordens judiciais.

Nem sempre o que é do interesse do público é de interesse público.

Não acredito que seja censura.

Abraços!

Tonni Nascimento disse...

Não acredito que o fato contato tenha algo a ver com censura, acho que no caso o fato relevante é que,infelizmente, a justiça brasileira enxerga e escuta, muito bem por sinal, quando lhe é conveniente ou seja: quando uma das partes tem condições financeiras e renome nacional.

O que na minha modesta opnião é ainda mais grave do que censura, a parcialidade da justiça.

Marcos Bahia disse...

O que me chama mais atenção nesse relato é o Roberto Carlos, teoricamente ciente da publicação com tanto tempo antecedência, não ter mostrado ou menor interesse na fase de pesquisa e produção, mas ter sido categórico uma vez que a obra foi lançada. Uma simples nota de um porta voz solicitando uma cópia para revisão pelo próprio Roberto seria suficiente para evitar muita dor de cabeça... Me pergunto porque isso não aconteceu...

Thaís disse...

Faço a mesma pergunta, Marcos.
Paulo estava disposto a conversar e fazer modificações com o Roberto durante a ediçaõ. É lamentável...