As ideias e opiniões expressas no blog são de total responsabilidade de seus autores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Final de um ciclo!

Bom pessoal, é isso. Estamos desabilitando, após sete meses, as inserções de novas postagens aqui no "Pontos de vista". Como tudo na vida tem um começo, um meio e um final; com esse blog não poderia ser diferente.

Confesso, de maneira bastante triste, que não imaginava que esse ciclo se encerrasse tão cedo, mas... é a vida.

Amigos foram convidados a participar do espaço, uns aceitaram outros não. Entretanto todos sabiam que seria uma participação espontânea e sem nenhum tipo de ressarcimento financeiro. Dentre os que aceitaram alguns não puderam continuar participando e por isso convidamos outros companheiros. Porém nem todos estavam podendo, ou querendo, manter seus espaços com textos, cada um tem o seu motivo.

Não estamos aqui para cobrar nada de ninguém e nem poderíamos, afinal de contas ninguém tinha um contrato assinado ou recebia algum tipo de ajuda financeira para fazer parte desse grupo. Mas sentíamos, as vezes, a falta de uma explicação pela ausência do texto. Não por mim, mas pelos amigos que se faziam presentes na leitura dos textos. Contudo como dissemos antes, temos nossos motivos para fazer ou deixar de fazer algo.

Agradeço agora aos amigos que de uma forma ou de outra fizeram parte dessa curta estória seja escrevendo, seja cedendo seus textos para serem publicados ou simplesmente lendo.

Deixo aqui o meu abraço e um sincero desejo de boa sorte a todos que por aqui passaram. E que sintam-se a vontade para continuar visitando. Até mesmo por que o blog continuará no ar e com todas as crônicas escritas até hoje.

Até logo!

Tonni Nascimento

sábado, 20 de outubro de 2007

"Extras-Natal"

Estamos chegando ao final do mês de outubro e, com ele chegamos também ao final de mais um ano solar. Sendo essa uma das épocas mais propícias para quem pretende retornar ao mercado de trabalho formal. Pois é justamente nesse período do ano, Natal e ano novo, que muitas empresas do ramo de serviço ou comércio disponibilizam vagas para aumentar suas produções e/ou vendas.

Então vemos anúncios e mais anúncios de trabalhos temporários. Paralelo a isso acontece uma corrida de pessoas (jovens, adultos e até quase idosos) que seguem de loja em loja, de agência e agência buscando também poder conseguir alguma ocupação – pelo menos até o fim do ano. E dessa forma saem em busca da realização, do que para alguns é um sonho. Por que desse número imenso de pessoas, apenas uns poucos irão conseguir preencher tais vagas.

Antes de essas vagas serem preenchidas existe uma incrível e enfadonha estrada chamada processo seletivo. Realmente torturante, pois mais parece que estão sendo selecionadas para atividades extremamente técnicas ou que necessitam do máximo conhecimento intelectual possível. Afinal de contas para que uma pessoa que vai atuar como auxiliar de loja precisa ter o segundo grau, ops! acabei de entregar minha idade. Mas voltando ao assunto. Para que uma pessoa que vai atuar como mil-e-uma utilidades da loja, sem nenhum tipo de preconceito, precisará ter concluído o atual ensino médio? Ou então para trabalhar como auxiliar temporário de serviços gerais será realmente necessário ter concluído o ensino médio? Não tenho nenhum tipo de preconceito contra esses profissionais ou profissões, mas existe um alto grau de exagero nas seleções.

Enfim o candidato a trabalhador temporário consegue passar pelo processo de seleção e agora será praticamente um apêndice da empresa ou loja da qual é contratado. Terá que abdicar de parte da sua vida para, quem sabe, no final do contrato ser efetivado. Pois seus patrões prometem que aqueles que melhor saírem e se portarem – leia-se aceitar tudo o que lhe for imposto com um lindo e sincero sorriso no rosto – nesse período como temporários serão efetivados na empresa. Então é um tal de “extras” esforçando-se para serem efetivados. Fazendo tudo possível e mais um pouco, tanto para depois da época de extra ser efetivado no trabalho quanto para continuar com o seu. Pois para que novos funcionários sejam contratados é necessário que os antigos sejam demitidos. Afinal de contas dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. É uma lei da física. Não que isso seja uma regra, mas pensemos bem: se a empresa tivesse como manter parte dos temporários ela já teria contratado esse grupo antes dessa época. E, dessa forma não precisaria contratar os “extras”. Por isso é uma batalha que no final das contas o único vencedor é o dono da empresa que terá sua margem de lucros aumentada nesse período.

Agora é melhor eu ir por que o meu chefe já está me olhando torto por eu estar há tanto tempo aqui parado com esse bloco na mão. Afinal de contas tenho que cumprir minha meta se quiser continuar nesse trabalho após o Natal.

Tonni Nascimento

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Tropa de Elite


Eu sei que você já deve ter visto esse filme. Se pararmos em qualquer rodinha de conversa, seja na faculdade, no boteco, no cabeleireiro, na manicure ou na fila do banco, o assunto, provavelmente, será o "Tropa de Elite".

Eu confesso que relutei em ver o filme. Meus alunos falaram que o cara bate na cara do outro, que o homem vomita, que isso, que aquilo... e eu já fiquei com a pulga atrás da orelha cheia de vontade de não ver. Mas professor deve se manter informado e fui eu para a minha maratona. Confesso que não quis pagar pra ver no cinema, e não vou ver mesmo. Vizinho tinha um piratão (eu também não iria comprar um piratão logo do Tropa de Elite!) e me emprestou. É errado? É sim. Fiz, pronto.

No início... eu adoro o Wagner Moura. Ví por ele, só por ele e por mais ninguém (aproveitei a voz sexy dele fazendo papel de narrador em primeira pessoa). Peço desculpas para quem viu o filme e gostou. Eu não gostei. E não adianta vir com aquela desculpa "é a realidade!". Eu sei que é a realidade, ou você acha bonito ter que correr do caveirão enquanto o "coro come" entre policiais e bandidos?

Transformar esse filme no melhor filme brasileiro é terrível. Não é bom na história e não é bom cinematograficamente. Não há lances de câmera, flash-blacks, recursos para tornar melhor o entendimento .

O filme nada mais é que violência sendo combatida com violência. Sei que o filme mostra a realidade, já disse. E muito bem: corrupção, alguns policiais tentando ser honestos, a realidade das faculdades, que muitos "mauricinhos" participam de ONG's pra conseguir o pó com mais facilidade, o esquema dos bandidos... eu sei que isso é realidade. Será que o que vemos no noticiário não é suficiente? Para quem mora na Zona Sul e nunca pegou um ônibus lotado, deve ser o máximo saber como funciona a "favela". Mas quem mora em Bangu, meu amor... por favor! Num lugar que há assassinatos por brigas de kombis, que há fogos quando a polícia chega, que há bandidos nas esquinas oferecendo pó pra viciar, que há os mesmos vendendo em alto e bom som ("maconha! maconha um real!)...

Eu já vivo na realidade, não preciso de um filme pra me mostrar como é a realidade. Posso até não saber dos pormenores... dos detalhes da corporação, não sou policial e não quero ser; não tenho vocação. Iria pirar com o "sistema". Seja o sistema desonesto, seja o sistema honesto e parado. Todos os dois iriam acabar com o pouco de sanidade que conservo.

Ah! E quem se sente orgulhoso com o filme, como se o BOPE estivesse vingando alguma coisa... por favor! Eu tenho orgulho é do cara que trabalha em três empregos pra manter a família, mora na favela e mesmo assim (apesar de todo chamamento para o crime) resolveu ser honesto e ser da paz.

Eu não quero policiais combatendo violência com violência, é como tentar limpar sangue com sangue. A única coisa que ficou realmente registrada, e que merece aplauso foi o remorso que ele sentiu por ter ajudado na morte de um menino e pela mãe não ter podido enterrar o garoto.

Eu sonho que um dia policiais nem mais precisarão usar armas...
Eu tenho fé na NÃO-VIOLÊNCIA.

sábado, 13 de outubro de 2007

Ah, se morássemos no Japão!

E passados alguns dias após a vergonhosa absolvição do senhor Renan Calheiros a vida no Congresso Nacional prossegue. E os escândalos também, quer dizer, tudo voltou ao normal. Agora o mais novo é a indicação do relator para um caso do nosso respeitado senador – quantos mais serão necessários para que esse cidadão saia do senado? O presidente da comissão de ética indicou um dos aliados políticos do acusado para relatar o processo, mas nesse caso algumas vozes levantaram-se e por isso mais um relator será escolhido para o caso.

Nesse momento poderia até parodiar nosso presidente dizendo que em nenhum momento da história do nosso país vieram a tona tantos escândalos envolvendo nossos representantes políticos. Gostaria muito de fazer essa paródia, mas não posso. Não por ser um dos que ainda acreditam que o Lula foi uma das melhores pessoas que já passaram pela presidência, mas por ter plana consciência de que esse momento não é único na nossa história. E não irei aqui lembrar senão essa crônica vai acabar virando uma enciclopédia.

Depois de ler, ouvir e assistir inúmeras reportagens diárias sobre tais escândalos, fico pensando que esses homens são os que nós merecemos. Alguns mais outros menos, mas todos merecemos. Alguns irão discordar, mas a esses direi: o que oferecer a um povo que elege pessoas da estirpe de Paulo Maluf, Clodovil Hernandes, Renan Calheiros, José Roberto Arruda, Leonardo Picciane, Inocêncio Oliveira, José Sarney entre outros tantos? Realmente é uma triste realidade que o povo brasileiro não sabe votar e muito menos quer aprender. Inclusive os moradores dos grandes centros (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba) que se dizem tão intelectualizados e donos de si que elegem alguns marginais.

Agora imaginemos se nosso Brasil fosse como o Japão. Pais onde a honra e a palavra, por vezes, valem muito mais do que documentos assinados. Na primeira denúncia com alguma possibilidade, mesmo que mínima, de ser verdadeira o acusado pediria licença sem vencimentos – é bom registrar isso, do cargo que ocupa. Para que os responsáveis pela investigação pudessem trabalhar sem nenhum tipo de pressão interna para favorecer “esse” ou “aquele” acusado.

Aqui os acusados, possivelmente culpados, apegam-se aos cargos como se suas vidas, biologicamente falando, dependessem desses títulos. E se alguém insinuar que seria de bom tom que o acusado se licenciasse logo é ameaçado de ter seus “podres” jogados ao público e, por medo esse acaba se calando também.

Agora um fato mais triste e absurdo é que sempre esses escândalos somente vêm à tona quando alguns dos cúmplices sentem-se lesionados ou não devidamente “reembolsados” por seu silêncio.

Nesse momento o senador Renan Calheiros está licenciado, mas continua como senador e com todos os direitos e regalias que a posição oferece, mesmo com todos esses escândalos. Ah, se morássemos no Japão!

Quer ficar comigo?

Essa é uma pergunta que as pessoas fazem com muita freqüência.

Defina FICAR ? Beijar alguém, dar uns amassos, uns apertos por um curto prazo (que pode ser um dia, ou algumas horas, ou até alguns minutos).

Por que as pessoas ficam com as outras? O que nos leva a querer ficar com outras pessoas? "Vontade de beijar", "Por que você é linda..." são algumas das respostas que escutamos. Mas por que a insistência em não ter compromisso? Por que eu tenho que só ficar com alguém ao contrário de conhecê-la de verdade? De saber quem é essa pessoa? Será que ela é legal, combina comigo, me agrada, gosta de conversar comigo, gosta de estar ao meu lado? POR QUE INSISTIMOS EM "RELACIONAMENTOS" RELÂMPAGOS? "Relacionamentos" que quando abrimos os olhos já acabaram?

Coloco a palavra relacionamento entre aspas porque não considero o ficar como um relacionamento, e sim simplesmente esbarros acidentais (quem sabe a esfregação de corpos seja para adquirir eletricidade estática?).

Vamos falar a verdade, o ficar é simplesmente movimentação corporal em conjunto, esfregação de corpos, troca de sensações, amenização do tesão... Chega!!

Eu não quero troca de sensações! Eu quero SENTIMENTOS!

Sensações nos trazem arrepio à nuca, sentimentos nos trazem paz de espírito e um sorriso bobo permanente quando há amor; uma sensação que esfregação nenhuma é capaz de proporcionar.
Sensação é bom na parte de baixo do corpo, no sexo (vamos falar a verdade!). Sentimento é bom no corpo todo, desde o coração até o sexo (de uma maneira muito mais intensa!)

Eu sei que é um preço alto quando resolvemos (eu resolvi e sei que a maioria não está comigo, na verdade, quase ninguém) ter SENTIMENTOS. Eu quero um relacionamento cheio de sentimentos e não um encontro de dois corpos que mal se conhecem para permutação de tesões! O preço alto é quase sempre estar só. Eu digo só, quando me refiro a namorado. Mas estou cercada de amigos. Ter amigos é ter sentimento também.

E eu estou correndo o risco de permanecer solteira pra sempre. Assusta, mas é o preço que eu resolvi pagar por ser verdadeira com os meus sentimentos.

Não vou dizer que nunca ficarei, porque posso morder a língua. Eu não sei o dia de amanhã. Mas que eu luto internamente para não me render aos caprichos do meu corpo, eu luto.

Me desculpe quem não acredita no que eu acredito: Eu não sou o meu corpo, eu sou mais que ele, sou espírito. E preciso de sentimentos, porque o espírito se alimenta de sentimentos e são os sentimentos que permanecerão para sempre.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Minha mente, um guarda-roupas

Se pedissem para eu fazer uma comparação da mente humana com algo do dia-a-dia, eu faria a comparação com um guarda-roupas.

Parece pequeno visto de fora, mas quando o abrimos nos espantamos com a quantidade de coisas que temos guardadas ali. Muitas das quais já esquecemos.

Tem dias em que parece que a nossa mente vai entrar em colapso, que não há espaço para mais nada, e parece que ela grita por um tempo para se reorganizar.

Nosso guarda-roupas também faz isso. Abrimos e algumas coisas parece que vão despencar. Dias em que se não organizarmos o que está dentro, não conseguiremos nem acrescentar, nem achar mais nada.

É uma terapia. Abra o guarda-roupas e imagine quantas peças tens guardadas ali. Sempre erramos, sempre temos ali mais do imaginamos. Muito mais do que precisamos.

Retire tudo, ( limpe a mente), separe as coisas que usas mais, as que usas menos, aquelas que há muito estão ali apenas ocupando espaço.

Reorganize a mente. Tente entender, avaliar , priorizar. O que vale a pena estar ali? O que tem ali realmente é necessário? Abra, areje, renove. Tire o mofo. Abra espaço para novas idéias. Esqueça as que estão ultrapassadas e que nada mais acrescentam ao teu crescimento.

Beneficie alguém com as informações que tens. Mas antes, transformes as informações em conhecimento.

Apague as mágoas que como traças corroem coisas boas. Esqueça a raiva que vai minando como o cupim mina a madeira. Mescle o cinza e o preto com cores mais vivas, mais alegres.

COLOQUE PARA DENTRO UMA PEÇA VERMELHA! VERMELHO QUE É SANGUE, VIDA, PAIXÃO!!

Relembre...O vestido que foi usado há tanto tempo, numa noite tão especial. O traje da formatura. O vestido do casamento. Será que ainda serve? Geralmente não...Em algum cantinho, uma roupinha de cada filho de quando eram bebês. Tantas coisas que temos guardadas.

Ah, tantas coisas...De algumas gostaríamos de nos desfazer, de outras; nunca!

Algumas nos trazem angústia, outras ternura e carinho...

Algumas outras; bem raras, enchem a nossa vida, nossos dias, nosso coração, nossa alma, com algo que nem dá para ser definido... Ou será que dá?

Abra as portas da mente, ventile, deixe ali apenas o que é útil. Para que guardar o que não nos serve para nada? Estaremos preenchendo um espaço importante com o que nem é importante.

Pense nisso, prometo que nem vai doer...rs

Mara Von Mühlen

sábado, 6 de outubro de 2007

Qual foi o título?

Fui dormir surpreso na noite de quinta-feira e acordei mais surpreso do que quando fui dormir. Pois tamanha foi a festa produzida por um grupo de pessoas. Parecia até que alguém havia conquistado algum titulo. Algumas pessoas começaram a festejar na noite de quinta-feira e só terminaram no alvorecer da sexta-feira.

Mas também isso é até de certa forma compreensível. Um time que nesse ano só tem andado na rabeira do campeonato e servindo de saco de pancada para uns e outros; quando consegue uma vitória é de se entender porque tanta festa.

Não sou flamenguista e muito menos um anti-flamenguista, mas respeito todos os torcedores desse grande clube. Entretanto é imprescindível analisar como essa agremiação esportiva centenária caiu com o passar dos anos. Até um tempo atrás essa imensa massa fazia festa por conquistas e por títulos, hoje em dia tem festejado uma simples vitória como uma conquista importantíssima. Triste retrato do seu futebol.

Se pararmos para pensar nisso e deixando de lado as paixões e rivalidades clubísticas vamos ver uma reação ou conseqüência de anos e mais anos de mandos e desmandos de um bando de pessoas que fizeram e fazem dos clubes cariocas o que eles querem como se fosse a latrina da casa deles. E hoje temos um bando de jogadores que nem chegam perto dos grandes times das décadas passadas.

Muitos irão achar esse assunto sem nenhuma importância ou de uma futilidade sem medidas. Paciência, cada um pensa da forma que quer – graças a Deus! Afinal de contas vivemos numa democracia. Mas será que alguém poderá me responder que raios de títulos o Flamengo venceu na noite do dia 04 de outubro de 2007?

Tonni Nascimento

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O que todos os homens deveriam saber


Abro a porta do meu carro e de cara coloco um CD do Bruno e Marrone. Fecho as janelas para que meus vizinhos não descubram que eu sou uma brega não-assumida. Aumento o volume e vou refletindo sobre essa sua mania de me deixar pra trás. Essa sua mania de me dizer que estou errada em tudo que eu faço e que nem que eu tente mil vezes, conseguirei ultrapassar a barreira da tua masculinidade.

Aí eu penso, penso, penso e chego a conclusão que eu não quero ultrapassar a barreira de ninguém. Mal consigo lidar com a minha própria. Me dou conta de que eu só quero alguém para dar a mão e caminhar na beira do mar catando conchinhas.

Mas você insistiu todos esses anos em me dizer que eu não era boa o suficiente para você. Mas quer saber? Ninguém nunca vai ser boa o suficiente para você e, ao invés de isso me animar, me deixa triste, porque depois de mim você só vai conseguir conviver com você mesmo. Aliás, é isso que você faz de melhor.

E eu que passei grande parte desse tempo acreditando nessa história de que você seria o pai dos meus 12 filhos e nossa primeira aquisição seria uma fazendinha cheia de patinhos brancos bonitinhos.

O fato é que o patinho fui eu o tempo todo, todo o tempo do mundo. Fui eu em quem nadou num laguinho pra lá e pra cá. Cansei de nadar e não encontrar meu porto seguro, cansei de esperar que você me salvasse das dores do mundo e que me protegesse com teu abraço. Mas eu cansei também de ser a menininha chorona que não deixava você ir embora porque morreria de saudade. Nessa brincadeira toda, eu fui embora de mim mesma e você ficou, dentro desta gravata azul, muito bem guardado.

Não quero mais ser a maluca que quer ficar bonita pra você, ficar cheirosa pra você, ficar legal pra você. Não quero mais procurar paixão e encontrar indiferença.

E agora eu quero mesmo é que você continue esse valentão que pode pegar todas, mas que no fundo não pega nenhuma. Essa sua mania de não entender o que eu sinto me fez entender perfeitamente o que eu sinto. E é só por isso que eu tenho que te agradecer.

Consigo me olhar no espelho agora e me ver mais claramente. E perceber o quanto eu sou maravilhosa. E agora eu posso dizer que você é pouco pra mim. E quer saber mais uma coisa? A minha verdadeira loucura sempre foi tentar desculpar o que não tem desculpa.
Juliana Farias

sábado, 29 de setembro de 2007

Dançar

2:03 a.m. - Considere como sendo sexta-feira ainda.


Quem gosta de balançar o esqueleto (com todo o restante do conteúdo)? Ir pra night dançar, se acabar e voltar pra casa com os pés doloridos? Acho que praticamente todo mundo.
Eu não sou uma pessoa que frequento a "night", mas adoro dançar. Mexer o corpo no ritmo da música é algo maravilho.
Colocar um maravilhoso rock pra espantar os fantasmas da tristeza e da raiva. Funciona. Agente sai mais leve quando dançar até doer. Ou quem sabe uma bela micareta pra esquentar as turbinas, cantar até ficar rouco, se divertir de montão. Que acham? Está bom o sufuciente? Alguns dirão que sim.

Eu digo que há mais felicidade.

Eu sempre dancei. Sempre dancei sozinha, fazendo meus passinhos, dois pra lá, uma giradinha, uma reboladinha e repetindo o mesmo esquema. Achava que estava bom e que era o suficiente. Era independente demais.

Hoje eu afirmo (com experiência) que não há nada melhor do que dançar junto de alguém. NÃO HÁ NADA MELHOR. (Ou quase nada! hihi) E não há terapia melhor do que dançar. Juro. Psicólogo comigo não funcionou, a dança está fazendo com que eu amadureça psicologicamente.
Sentir os braços de alguém nas costas conduzindo pelo salão de dança é um dos maiores prazeres que a vida pode me proporcionar. Sentir que há um espaço pra mim, que eu posso fazer um papel; um papel junto de alguém.
Sentir a respiração de alguém no seu pescoço, e até o suor torna-se mais agradável (por incrível que pareça!).

Sei que estou fazendo a maior propaganda da dança de salão, mas eu já não me imagino sem ela.
Mãos juntas, corpo colado, rosto a rosto, sorrisos, olhares, carinho... isso é dançar!
Ai! E como eu gosto!
Carla Luz

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O que me irrita

Peço sinceras desculpas por não ter postado antes, mas foi culpa de um vírus que se instalou hoje e só consegui remover hoje à noite. Apesar de não ter perdido nada de meus arquivos, me deu um prejuízo imenso esse tempo sem poder trabalhar. De qualquer forma já resolvi e espero não precisar atrasar mais.
------------------------------
O que me irrita...
Não tem muitas coisas que me fazem perder a paciência. Já tive a oportunidade de dizer que era impaciente com tudo, mas são águas passadas. Amadureci o suficiente para aprender a fazer da calma um exercício diário. Mas confesso, sem duvidar, que existe uma forma de me tirar do sério.

E não falo de uma irritação natural, daquelas que temos sem motivos aparentes, só por culpa de um dia ruim. Me refiro a uma irritação profunda e descompassada que, se não tivesse feito tantos anos de análise, possivelmente me faria assassinar alguém.

Eu estou falando da burrice. Se antes eu não sabia, hoje eu sei o que me faz perder a calma totalmente: a burrice. Ai, a burrice me dá nojo, me dá náusea, me dá... me dá... me dá...

Não me refiro as burrices por falta de estudo, oportunidades e etc. Me refiro as burrices por falta de compreensão, de ouvidos, de atenção e de boa vontade. Essa é a burrice que não tem solução, que livro algum poderá solucionar na vida desse cidadão.

O que me indigna na vida é a burrice, realmente isso eu posso afirmar. Me indigna mais que tudo. A burrice pra mim, é a doença mais grave que alguém pode sofrer. E o pior, sofre por vontade própria. Eu odeio a burrice e odeio mais ainda quem se aproveita dela para passar bem.

Juliana Farias

terça-feira, 25 de setembro de 2007

O Elo e eu

Falar de Jorge Vercilo é fácil e, ao mesmo tempo, difícil. É fácil porque para um cantor e compositor de tamanha grandeza não faltam adjetivos; difícil, pois por serem notórias tais qualidades caímos na mesmice e na obviedade ao discorrermos sobre ele.

Mas como falar de uma pessoa como Vercilo sem cair na obviedade de suas características? Se por um lado parecemos pouco criativos ao sempre mencioná-las, por outro, não podemos ser injustos ao não descrevê-las. Portanto, relatemos sempre que Jorge Vercilo é sinônimo de boa música. É nome que rima com talento, arte, ritmo e poesia. É, ainda, o elo responsável por unir grandes amizades; é um grande artista, é sensível, carismático e, sobretudo, poeta: “aquele que escreve e se consagra à poesia”, à “arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados”. Esta é a definição que encontramos na 4ª. edição de 2001 do dicionário Aurélio. Assim, me pergunto, sem querer ser pretensiosa, se o nome Jorge Vercilo não poderia ser acrescido à significação do verbete mencionado, afinal, é através de sua musicalidade, suas composições e de sua bela voz que ele toca profundamente a nossa alma e, por meio de suas músicas, torna nossa vida mais leve e feliz.

Enfim, vemos que não faltam substantivos e nem adjetivos na nossa língua para nos referirmos a Vercilo. Contudo, talvez ainda não exista na nossa língua materna, apesar de sua grandeza e beleza, palavra que consiga perfeitamente defini-lo.

Márcia Santos

domingo, 23 de setembro de 2007

Loucura é a nossa doença

Primeiramente, gostaria de me apresentar: Juliana Farias, sou jornalista especializada em comunicação e política. Atualmente, tenho uma assessoria de imprensa em Porto Alegre, sou colunista de alguns sites e estou finalizando um documentário sobre solidão. Na profissão, já atuei em todas as áreas do jornalismo, mas confesso – sem medo – que minha paixão é o jornalismo político. Como pessoa, sou um ser pensante 20 horas por dia, descontando as quatro horas em que descanso o corpo. Sou apaixonada por cinema brasileiro e músicas antigas e confesso – novamente sem medo – que Nelson Gonçalves e Chico Buarque não param de tocar no meu mp3. Depois desta pequena apresentação, gostaria de agradecer o convite – aceito de imediato – feito pelo Tonni Nascimento e espero ser útil na contribuição, toda quinta-feira, com textos reflexivos e, sempre que possível, bem-humorados. Mas vamos ao que interessa de verdade, o texto!
  • Loucura é a nossa doença
Esta reflexão tão lúcida que me proponho a fazer sobre o Renan Calheiros é conseqüência do que descobri há alguns dias. Venho algum tempo escrevendo sobre minha aversão a este cidadão, mas, após pensar melhor, cheguei a uma conclusão bem diferente. No fundo, a culpa não é dele, nem é nossa. No fundo, a culpa é da loucura.

Ele disse que não iria sair do Senado e de fato lá ele ficou. Quando se resolveu julgá-lo, o tal julgamento foi realizado na "sua casa" com seus queridos compadres. E quando se percebeu que a sociedade poderia se indignar com o resultado, se fechou a casa e se determinou o sigilo total.

Fomos, então, violentados sem pena, humilhados e martirizados esperando do lado de fora um resultado já discutido e programado por eles. Enquanto isso, o presidente viajava e discutia a questão do etanol e se recusava a falar de Renan, votação ou qualquer outro assunto que não fosse o tal etanol.

E nós, dentro da nossa loucura coletiva, permanecemos sem entender nada, sem conseguir refletir ou analisar sequer o motivo disto tudo. Ironia nossa achar que deveríamos ter algum tipo de satisfação desses caras, bobagem nossa achar que merecemos uma explicação sobre essa votação escondida.

Eles não têm tempo para isso. Eles não precisam disso. Eles comandam o país, meus queridos. Eles têm outros interesses para cuidar que não é nos explicar alguma coisa. Nunca foi, nem nunca será. Nós seguimos enlouquecendo um pouquinho mais a cada dia. Economizando cada vez mais e recebendo cada vez menos para conseguir sobreviver. A carência moral e ética que nos acalenta é, nada mais nada menos, que um item presente na cartilha do congresso, que hoje me obrigo a escrever com a letra minúscula.

"São todos uns idiotas que acham que nos enganam", "é um bando de corruptos que só querem saber da gente na época da eleição". Sim! Este é o nosso discurso. Pelo menos o discurso dos que ainda pensam.

Depois desta indignação vem a frase típica do país tropical: "A gente não pode fazer nada", "Eles são mais poderosos, vão roubar sempre". Sim! Eles são poderosos, mas nós somos 180 milhões! Somos uma grande massa que deixa se levar pela tal esquizofrenia que eles nos impuseram. E nós aceitamos, de braços bem abertos.

Mas, então, me diz o que você sugere? O que sugiro? Qualquer coisa que não seja continuar enlouquecendo até ir parar no hospício, que é onde eles querem que a gente fique. Precisamos sair às ruas, com nariz de palhaço mesmo, gritar para que nos escutem e se preciso fazer greve.

Precisamos mobilizar os mais carentes e fazê-los entender que não passam de pessoas sem oportunidades que estão sendo feitas de otárias, assim como nós. Precisamos dizer a eles que não são burros como os acham e que precisam apenas recuperar suas vozes!

A partir daí, aposto, que vão começar a olhar a gente com outros olhos. Não sei se irão parar de tentar nos enganar, de desviar dinheiro público ou de doar cargos para incompetentes em troca de favores. O que sei, de fato, é que pelo menos nós não seremos mais os pilares que não falam e aceitam tudo, que seguram esse bando. Porque nós estamos dominados por este estado de loucura, mas estamos vivos. E é assim que devemos permanecer.

Até quinta!

sábado, 22 de setembro de 2007

Festa do povo

Já que estamos em clima de Festival do Rio, hoje vou escrever sobre um filme que assisti há alguns meses. Não irei cometer a heresia de tecer comentários sobre filmes que ainda nem estrearam no circuito e muito menos a indelicadeza de contar suas histórias. Vou falar sobre um certo filme, muito bom por sinal, que passa em uma certa região no nordeste do nosso país, onde todos acreditam ou pelo menos querem acreditar que a vida é uma imensa maravilha.

“Ó pai, ó”, filme bem gostoso de assistir e que te leva ao mesmo tempo curtir a trilha sonora, que privilegia as boas produções da tão aclamada Axé Music, como também refletir sobre como é a vida das pessoas que vivem abaixo da “linha de pobreza”. Seres humanos que vivem à margem da sociedade e que por isso mesmo utilizam-se do carnaval para exorcizar todos os seus fantasmas, suas “neuras” e exteriorizar seus desejos.

Toda a imprensa vive vomitando que o carnaval baiano é o mais democrático do Brasil. Será mesmo? Fico aqui pensando com meus botões. Concordo que a festa mais famosa, o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, há muito deixou de ser popular, entretanto existem esforços para que as pessoas voltem a curtir as outras opções como blocos e festas nas ruas. Agora voltando ao carnaval da Bahia tenho muitas dúvidas quanto a essa democracia. Já prestamos atenção nas imagens mostradas pela TV? Dentro dos tais cordões, onde só se entra com “abada” é difícil ver um negro – fato estranho para a cidade que tem um dos maiores números de negros do país. Vê-se muito mais brancos, loiros do que negros e mulatos.

Sobre esse assunto concordo com o Michel Melamed, apresentador de TV, que diz que para ele e visto de cima o carnaval baiano mais parece com um bolo de chocolate com recheio de creme, pois se vê muito mais negros do entorno do circuito dos trios elétricos por que no meio da festa a maioria esmagadora é de brancos. Não sou contra e nem a favor de nenhum dos dois carnavais só não creio que um seja mais popular do que o outro. Na minha opinião são festas feitas para quem puder pagar o preço pedido.

Mas... Voltando ao filme, fica claro como o povo brasileiro é guerreiro e criativo. Por que apesar de tanta miséria e dificuldades consegue driblar tudo isso e arrumar um jeito de divertir-se, pelo menos nesses quatro dias de festa. Seja baiano, carioca, pernambucano ou de que região for. Esse povo merece todo o nosso respeito e carinho, pois mesmo sem ter tantos motivos para sorrir acaba encontrando uns poucos para divertir-se enquanto busca um jeito de garantir honestamente o pão do dia seguinte.

Parabéns à equipe de “Ó pai, ó” pela beleza de obra, parabéns ao cinema brasileiro que mostra, quando muitos querem encobrir, a verdadeira face do nosso povo e parabéns ao povo brasileiro pela coragem de levantar a cada dia e sempre tendo a esperança de que hoje vai ser melhor do que ontem e o amanhã será melhor do que hoje.

Tonni Nascimento

sábado, 15 de setembro de 2007

Que país é este?

“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza...”. Jorge Ben estava inspirado e foi muito feliz quando compôs essa canção, mas infelizmente não posso dizer hoje que moro em um país abençoado e que estou orgulhoso do Brasil, ou melhor, do sistema político brasileiro.

Num ato covarde e criminoso contra o povo brasileiro, os nossos respeitáveis(?) e excelentíssimos senhores senadores da republica absolveram o presidente da casa. Em uma irresponsável prova de corporativismo sem escrúpulos e falta de respeito ao povo desse país.

Com quarenta votos pró Renan Calheiros, trinta cinco contra e seis absurdas abstenções, essa corja absolveu o individuo em questão. Não vou mentir aqui e dizer que fiquei feliz com isso, pois não fiquei. Entretanto o que achei mais grave nisso tudo não foi a absolvição em si, normal numa democracia. Mas o absurdo dos nossos representantes decidirem fazer isso às escuras, longe dos olhos da população. Proibindo o uso do sistema interno de som do plenário e a gravação e transmissão da sessão pela TV Senado. Isso soa como democrático para vocês? Ou digno de uma casa que vive vomitando que é o pilar da democracia brasileira?

Essa vergonhosa situação me lembrou de uma letra de um dos nossos maiores compositores que escreveu assim: “Não me convidaram para esta festa pobre que os homens armaram pra me convencer a pagar sem ver toda essa droga que já vem marcada antes de eu nascer...”. Foi dessa maneira que me senti. Como alguém que não é convidado para uma festa armada para nos convencer que o cidadão que estava sendo julgado era inocente e é ele quem vai depois pagar por toda essa farra. Querem inocentar alguém? Que inocentem, pois eles têm esse direito. Afinal de contas vivemos em um país que após muitos anos conquistou o direito à democracia, mas que tenham a hombridade de assumir seus atos perante a sociedade brasileira que é quem sustenta esses cidadãos.

Agora vai começar o carnaval de acusações dizendo que foi o partido A ou B que votou a favor do Renan e acusações que de nada irão adiantar. Agora tão vergonhoso quanto os quarenta votos pró-absolvição, foram as seis covardes abstenções. Pois o que esses seis indivíduos fazem no Senado Federal que numa situação onde têm que posicionar-se preferem ficar em cima do muro só para não se queimarem com os seus iguais e pouco ou nada preocupando com a nação brasileira, que é de quem a opinião deveria realmente importar para eles.

Por conta disso me pergunto: Onde estavam as “grandes” instituições que sempre vêm a público defender aos berros a decência e a moral brasileira. OAB, sindicatos e as outras diversas ordens de classes que sempre adoraram um palco para aparecer. Por que dessa vez não choveram ações nos tribunais para que o acesso às galerias fosse liberado? Afinal de contas aquilo é a Casa do povo brasileiro, e por que todos aceitaram que o dono da casa não pôde entrar e assistir a sessão onde foi decidido um fato de seu total interesse?

E como iniciei esse texto com a citação de uma canção, não poderia encerrá-lo de outra forma. E por isso vou citar um poeta contemporâneo do Cazuza e tão inteligente quanto – Renato Russo. “Nas favelas, no Senado sujeira pra todo lado, ninguém respeita a Constituição... Que país é este?...” Há mais de vinte anos essa canção foi escrita e será que algo mudou? Depois de hoje tenho a certeza que não.

Tonni Nascimento

domingo, 9 de setembro de 2007

Você Pensa Que Pensar É Fácil?

Várias coisas que aconteceram nessas duas últimas semanas me fizeram pensar nas sutilezas da arte de pensar e, sendo esse um local para reflexões, achei que seria interessante falar um pouco das idéias que encontrei e das conclusões a que cheguei.

Faz parte de ser humano o dom de pensar. Todos nós estamos pensando a todo o momento. Pensamos no que temos para fazer, no que já fizemos, no que vemos, nas memórias que a visão nos desperta... Mas existe uma forma de pensar que nem todo ser humano exercita: o pensar criticamente. Apesar disso, apenas o pensamento crítico pode libertar o ser humano da prisão da mesmice.

O pensamento crítico surge quando questionamos o primeiro pensamento espontâneo. É quando o pensamento se dobra sobre si mesmo, checando sua própria validade, que a verdade começa a surgir. Quando questionamos, deixamos de ser imitadores de idéias e repetidores de citações para nos tornarmos donos de nossos destinos e formadores de opinião. É a liberdade plena que só pode ser alcançada quando surge a vontade genuína de se fazer as perguntas certas.

O que me espanta é como esse pensamento crítico é a exceção e não a regra. Para isso só consigo encontrar duas explicações: comodismo ou medo.

O comodismo é fácil de entender. É tão mais fácil ser apenas mais um copiando o que todo mundo faz e seguir a maré sem tentar outras rotas que as pessoas simplesmente se recostam e deixam a corrente levá-las.

O medo, que às vezes se confunde com o comodismo, é um pouco mais difícil de se compreender. É o medo de questionar o comportamento da turma e, por causa disso, ser banido. É o medo de enlouquecer quando o questionamento mostra que coisas que pareciam tão certas, tão sólidas e que serviam de base para a existência se desfazem mais rápido que castelos de areia frente a certas perguntas. Exagero? Acho que não. Se duvidar (e tiver coragem) pense um pouco acerca das perguntas abaixo:


  • Se existe um salário mínimo para garantir que a população tenha um padrão de vida minimamente (em teoria) digno, porque não existe um salário máximo que impeça que a renda se distribua de maneira tão desigual?
  • Se, quando atraso o pagamento de uma conta, o banco me cobra juros que aumentam o valor a ser pago, porque, ao pagar uma conta antes de seu vencimento, não posso cobrar juros ao banco, reduzindo o valor a ser pago?
  • Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?


Eu, questionar essas verdades universais que o mundo reproduz a tantos e tantos anos? Tá louco! Melhor ficar quietinho na minha concha assistindo TV.
E o medo nos impede de seguir em frente. Triste, mas acabamos prisioneiros numa cela sem paredes e a céu aberto, sem provar verdadeiramente da liberdade que nos cerca.

Por isso, recomendo a você que questione e coloque os miolos para malhar. Se enlouquecermos, que seja na liberdade plena, onde nenhuma idéia vive se não tiver uma boa justificativa para isso.

sábado, 8 de setembro de 2007

185 anos de independência. Será mesmo?

Independência ou morte! Assim dizem que o nosso país nasceu. Dia 07 de setembro de 2007 – 185 de independência do Brasil. Será mesmo? Confesso que por muito tempo acreditei nessa estória mágica, criada não sei por quem que nos conta um ato heróico do nosso querido e amado príncipe do Reino Unido de Portugal e Algarves o Pedro, mais tarde conhecido como D. Pedro I.

Assistimos hoje várias matérias e programas sobre a Independência ou sobre nosso país irmão Portugal. Entretanto fico aqui pensando com meus botões: Temos consciência e valorizamos o fato de ser o Brasil um país politicamente independente? Ou será que continuamos nos comportando e agindo como uma colônia?

De alguns pontos de vista podemos dizer que muitos de nós ainda agem como colonizados, pois somente valorizam o que vem de fora – das nossas diversas metrópoles. Por que atualmente não somos, segundo alguns, colônia de um país apenas e sim de várias potências. Afinal de contas importamos idéias, costumes, produtos, idiomas e até festas! Não que eu seja contra o intercambio entre as nações ou a globalização. Mas tudo tem um limite! E hoje em dia muitos brasileiros somente valorizam o que for produzido ou criado fora das fronteiras nacionais.

Para muitos o nosso cinema não presta, só prestam as “obras-primas” produzidas em Hollywood ou no velho continente; nossas músicas são bregas, mas todos emocionam-se quando escutam uma coisa brega em inglês, pois aí é uma pérola musical. Até no esporte, mais precisamente no futebol, estamos preferindo torcer pelos times europeus.

Enfim vivemos atualmente em um país politicamente independente. Mas volto a questionar: será que o povo brasileiro está pronto ou tentando viver como nação realmente independente? Pois se é ruim ser uma colônia controlada por força militar externa, imaginemos o que é ser uma colônia por total acomodação ou por escolha do povo que deseja viver sob o domínio estrangeiro.
Tonni Nascimento

O Palavrão

Antes de entrar diretamente no assunto escolhido, peço desculpas, desde já, pelos palavrões que escreverei aqui, mas é por uma "boa" causa (eu acho...).

Quantos palavrões você conhece? Vários, com certeza. Dos mais simples (será que posso dizer que um palavrão é simples?) aos mais sonoros . Os palavrões apareceram na minha vida com os "Mamonas Assassinas", mas eu era tão inocente que escutava as músicas, cantava e não me dava conta de que estava falando palavrões. Acho que no início, todos éramos inocentes. Éramos.

Depois vem a fase "eu só falo palavrão em piadas" (eu confesso: eu sempre falo isso). A nossa necessidade de se expressar com essas palavras é descarregada contando piadas de loiras, bicha (desculpe a palavra), papagaio, português... Usamos essa desculpa da piada para não sermos taxados de desbocados. Às vezes, funciona.

Outra coisa que você percebe são aquelas pessoas que falam palavrão com tanta naturalidade que chega a assustar. Vou exemplificar para vocês entenderem, sente a sutileza. De repente, alguém grita:"Vem cá, buceta!". É de assustar, mas a pessoa só queria dizer:"Querida, você poderia vir aqui, por favor?". Deu pra entender, né?

Outro dia eu andei "filosofando" com a minha mãe sobre os palavrões, vê se você já pensou sobre isso. Fiquei pensando sobre a sonoridade dos palavrões e me deparei com características realmente interessantes. Vamos começar com os mais famosos. "Merda" já não é mais considerado palavrão hoje em dia (só se for na casa de vocês, porque na minha ainda é e ai de mim se ficar falando muito essa palavra), perdeu toda força e impacto que lhe eram característico na época do Império, quando não havia esgoto e na necessidade de se livrar do resíduo fecal logo gritavam "vai a merda!". O melhor mesmo era não estar perto da janela que se jogava a merda alheia para não ser atingido.

O "puta que pariu" ou "a puta que te pariu" ainda são considerados palavrões dos bons. Mas a força dessa expressão ilustrativa dos sentimentos, está no puta, é no puta que colocamos toda a raiva e frustração com a mãe do nosso semelhante para feri-lo em seu âmago sentimental. Já o "vai tomar no cu" é realmente forte e não é qualquer um que fala assim em público. A força dessa expressão está na palavra cu. Pequena e pesada. Você pode até dizer que não diz esse palavrão, mas que você, às vezes, pensa, pensa sim.

Mas o palavrão mais gostoso de se falar é "caralho". Com certeza alguém já falou essa palavrinha perto de você e tenho quase certeza que foi em alto e bom som, assim: "CAA-RAA-LHOO!!". É um palavrão totalmente sonoro, todas as sílabas são muito bem articuladas para que não haja nenhuma ambigüidade ao ouvinte. Sei que você já escutou, falou, pensou ou vai falar algum dia um palavrão desses, é só esperar a hora da topada do pé na quina da mesa, na hora daquela dorzinha de ver estrelas. Nessa hora você vai ter uma imensa vontade de falar um palavrão, nem que seja um pequenino.

Se você não gostou do que eu escrevi, não ligue, eu não vou falar nenhum palavrão, esse texto já tem muitos. Pegue qualquer um, o que mais lhe agradar, e faça bom proveito.

sábado, 1 de setembro de 2007

Animais em circos

Há poucos minutos assisti a um documentário sobre maus tratos que os animais sofrem, principalmente, nos circos. Infelizmente ainda existem pessoas que acreditam piamente que um circo não pode ter “graça” sem animais. Será mesmo que para um circo existir, que para termos alguns momentos de bem estar e alegria outros seres vivos necessitam passar por uma vida inteira de privações e sofrimento? Quando o documentário terminou essa dúvida não calou na minha mente.

Felizmente no estado do Rio de Janeiro os espetáculos circenses com animais estão proibidos. Não sei de quando é essa lei, mas fiquei feliz em saber que ela existe. Não é muito mais sensato assistir a um espetáculo que uma pessoa por vontade própria e com total consciência do que está fazendo e dos riscos aos quais está sujeita preparou? Isso mesmo. Um trapezista sabe o que está fazendo, um equilibrista também. Porém um leão, um elefante, um chimpanzé ou um dócil cachorro não sabem e muito menos entendem o porquê de passar por isso. E nem assim deixam de ser obrigados, por inúmeras vezes, vilmente castigados para apresentarem alguns truques para que seus supostos treinadores recebam os aplausos que somente eles conseguem entender.

Alguns podem agora estar achando esse texto muito chato ou sem razão de lógica para continuarem a lê-lo. Mas outros, e tenho certeza que são muitos, o acharão bastante oportuno. E mesmo que aconteça o inverso, ele servirá pelo menos para expressar minha opinião sobre tal assunto. Para aqueles que ainda pensam que não existe nada de mal em ver um leão saltando sobre círculos de fogo ou elefante que sapateia que tal refletir sobre alguns fatos. Realmente não haveria nada de mais se esses fossem atos naturais a esses animais, mas sabemos que não o são. Pois se o fossem não veríamos graça, até porque seriam atos comuns. E como nada de natural existe nisso imaginemos por quanto sofrimento e tortura esses seres passam...

Hoje em dia, ficamos horrorizados quando vemos notícias sobre fazendeiros que mantêm trabalhadores sobre regime de escravidão ou quando vemos alguma obra que conta como os negros eram trazidos para as Américas e tratados cruelmente presos por pesadas correntes ou em minúsculos cubículos, onde nem ao menos podiam andar. Entretanto desconhecemos(?) que alguns animais são retirados de seu habitat natural e tratados da mesma forma ou, por via de regra, de modo muito mais desumano.

Imagine-se nessa situação. Difícil não? Mas vou tentar ajudar. Numa situação hipotética seres de outro planeta vêm a Terra e escolhem alguns exemplares de animais, entre eles escolhem você, para serem levados para um espetáculo no planeta de onde vieram. Privado de sua liberdade, sem entender coisa alguma do que eles lhe dizem e tratado a base de muita porrada, mas muita porrada mesmo, às vezes até por fome você é forçado a passar até que aprenda os truques. Mesmo que não concorde e não goste você tem que fazer tudo que eles lhe obrigam, pois só assim o sofrimento pelo qual você passa irá momentaneamente passar. E dia após dia você tem que passar por essa situação humilhante até que um belo dia você morre, não se sabe se por desgosto ou por causa da carga desumana de castigos ou surras que levava.

E aí, conseguiu se colocar nessa situação? Se sim percebeu como é horrível, mas é por isso que os animais circenses passam. E enquanto aceitarmos circos que utilizam animais nos seus “espetáculos” mais e mais animais irão passar por essa situação. Atualmente temos alguns circos que estão deixando de ter animais nos seus shows e outros que nunca chegaram a tê-los, mas muitos ainda insistem nessa atitude abominável até que eles percebam que essa forma de produzir espetáculos não é mais rentável ou nós nos portamos com mais dignidade e decidirmos agir realmente com mais humanidade.

Tonni Nascimento

domingo, 26 de agosto de 2007

Espera

Por vezes escutei pessoas a dizer que quem espera alcança. Mas, de que espera estamos falando? Esperar sentado para não cansar, ou vendo TV para o tempo passar mais rápido. Ansiosa que sou, nunca consegui colocar tais esperas em prática, sempre gostei de me adiantar, de estar um passo a frente, e apesar de nunca ter rompido o casulo da lagarta para ajudar a borboleta sair, ultrapassei meus limites inúmeras vezes só para ver algo que se realizar quando e onde queria.

Mas existem certas verdades que regem o Cosmo e nossas pequeninas vidas também. É bíblico: “Debaixo do céu há tempo para todas as coisas”. E há. E mesmo em minha vida ansiosa e corrida houve espera. Uma espera inconsciente, silenciosa, calma. Não uma espera ociosa. Mas uma espera dinâmica. Como o discípulo que espera, a preparar-se, pela chegada do Mestre.

Todas as vezes que isso se tornou consciente era um martírio, um desespero. Terei de esperar? Não. Eu não queria. Eu não quis. E desisti. No entanto, mesmo quando desistia da espera consciente, deixando situações e vivências maravilhosas de lado só por que precisavam de mais alguns minutos, mesmo assim, eu esperei. E hoje, ao questionar-me sobre a espera ideal, relembrei um poeta-pedagogo que traduziu toda a espera que busco hoje. Não deixei de ser ansiosa, mas entendi que cada etapa é importante para o aprendizado. E que o sabor de um fruto maduro, colhido no momento certo, é incomparável.


Escolhi a sombra desta árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,:
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso, esperar, na forma em que esperas,
porquê êsses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque êsses, ao anunciar-te ingênuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera
.”

Paulo Freire, "Canção Óbvia" Março 1971.

sábado, 25 de agosto de 2007

Caninos abandonados

Andando por esses dias pelas ruas do bairro onde moro deparei-me com uma situação que ainda me deixa bastante triste. Percebi como têm muitos cães pelas nossas ruas. Isso infelizmente é um caso antigo, pois sempre existem pessoas que, às vezes, por impulso pegam um filhote de cão para criar e depois por vários motivos e com o mesmo impulso os abandonam nas ruas, mas que de uns tempos para cá esse número tem aumentado e muito.

Por inúmeras vezes pessoas comuns, como nós, presenteiam amigos, namorados e afins com lindos e fofos “mimos” sem se dar conta que esse mimo é um ser vivo e que crescerá carecendo de cuidados e atenção para viver. Coisa que não acontece com os outros tipos de mimos que também presenteamos os nossos amigos como por exemplo: CD’s, DVD’s, livros e outros do gênero. Mas ao contrário desses presentes que quando você enjoa pode emprestar sem preocupar-se com a devolução, doar ou dar para algum outro amigo ou conhecido ou simplesmente deixar largado em um canto; com um filhote de cão isso não poderá ser feito, até porque ele não poderá ser emprestado ou deixado de lado como um objeto qualquer, afinal de contas é um ser vivo, sendo totalmente dependente do seu dono e condicionado a essa dependência.

Podemos até alegar que o canino por não poder raciocinar não tem sentimentos ou qualquer outro tipo de referencial de apego emocional. Entretanto será essa uma verdade? Quantas vezes já ouvimos falar de cães que arriscam a própria vida para defender a do seu dono ou de algum membro da sua família? Quantas pessoas comentam que uma das alegrias ao retornar para sua casa ou apartamento é ter a certeza que seu companheiro de “quatro pés” estará o aguardando ansiosamente? E como eles ficam tristes por não receber atenção ou ficam enciumados quando aparecemos com outros animais em casa? Eles podem até não ter o dom do raciocínio, mas com certeza eles podem sentir e, por diversas vezes, bem mais que nós, os seres humanos.

Por esse simples motivo já seria muito bom se nós pensássemos bastante antes de dar de presente um filhote. Não que isso não deva ser feito, mas se o tivermos vontade de fazer que tenhamos o cuidado de saber se a pessoa presenteada gosta realmente, se tem espaço em casa e tempo para cuidar do cão e como são os hábitos dos cães enquanto forem filhotes e durante a fase adulta, para que não ocorram futuros arrependimentos.

Mas também, de um certo modo fico com um alívio no coração, pois da mesma forma que há pessoas que simplesmente jogam seus cães nas ruas também existem, embora em menor escala, as que os recolhem dando-lhes afeto e um lar. E mesmo quando não podem ou não têm como recolhê-los dão um jeito de alimentá-los mesmo estando nas ruas e sempre que possível dando-lhes um pouco de carinho. Por isso andando pelas nossas ruas além de ver muitos cães também tenho visto vasilhas com água, comida e às vezes até um certo tipo de abrigo. Não é o que eles merecem, mas já serve como um pouco de alento.

Contudo, caros amigos, bom mesmo seria se isso não fosse mais necessário. Se parássemos de abandonar nossos animais de estimação e os tratássemos com o carinho e respeito que todo ser vivo necessita. Mesmo que por qualquer motivo não possamos mais ficar com ele, que tenhamos o bom senso de procurar alguém para cuidar dele ou, em último caso, deixá-lo em um abrigo. Desse modo não mais seria necessário termos que alimentar cães que ficam circulando pelas ruas à espera de uma mão que lhe ofereça alimento e um mínimo de carinho. Mas enquanto esse tempo ainda não chega que possamos continuar cuidando da melhor forma possível não somente dos cães, mas de todos esses companheirinhos que ainda não conseguiram encontrar um pouso ou foram expulsos dos seus.

Tonni Nascimento

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

?????

Você já percebeu o quão esquisito você fica quando está apaixonado? A quantidade de coisas que normalmente você não faria que você acaba fazendo? Um bando de coisas que você acha ridícula, que quando acontece contigo, parecem coisas maravilhosas?

Eu pensei nisso hoje... bem, na verdade, eu ando pensando nisso faz algum tempo. Eu estou num momento " eu tô sozinha"; todas as minhas amigas estão namorando, meus alunos todos estão namorando e só eu (só e somente só) não estou! Tem hora que até parece perseguição divina ou total esquecimento...

Minhas lindas amigas( e isso não é uma ironia!) têm ótimos namorados. Elas estão sempre com um olhar iluminado (com estrelinhas que sobem e descem), pensando em qual presente comprar para o namorado, pensando em ligar pra ele, fazendo isso, fazendo aquilo.... deixando recados apaixonados no orkut... Isso sempre me fez enjoar, achar brega, revirar o estômago e sentir vontade de chamar o Raul.... mas eu parei para me analisar: será que quando eu tiver o meu namorado, eu não farei igualzinho ou pior?

Quando agente não tem ninguém tudo isso parece muito brega, muito clichê... e é, nessas horas que, às vezes, me pergunto se realmente eu quero ter um namorado.

É muito fácil pra mim, como poetiza que me classifico, estar sozinha. Eu posso amar a todos e a ninguém ao mesmo tempo. Eu posso versificar a beleza de um corpo moreno, morrendo de amores pelo branquelo do meu amigo, sem problemas.... Mas ter um namorado é exclusividade. E exclusividade é também exclusão. Exclusão dos outros e prioridade de um só.

Eu não sei se eu sei mais namorar. Eu quero e acho que não sei mais.
Eu sei amar no papel, não sei se sei amar na prática.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Divagações sobre a Saudade.

Ouvi a Marisa Monte cantando, na minha cabeça, “Tô com sintoma de saudade, tô pensando em você” desde a hora em que me levantei da cama. Aí fiquei pensando, o que realmente quer dizer saudade?

Se fizesse essa pergunta pra alguém, rapidamente me responderiam “é a falta de alguma coisa que um dia vivemos e que hoje não temos mais”.

Mas será que é só isso mesmo? Será que saudade é só vontade de ter de volta aquilo que perdemos? Às vezes, penso que não.

Quando pensei nisso, na mesma hora me veio à cabeça o Renato cantando “Essa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi”... Então, fiquei pensando em quantas vezes a vida me parece vazia e pensei “Será que nesses momentos também não sentimos saudades? Saudades de algo que ainda não vivemos?”

Parece loucura, mas acho que é isso mesmo que acontece. Quando nós dá aquela sensação de vazio, sentimos falta de alguma coisa, que pode ser algo que já tivemos ou algo que sempre sonhamos em ter e ainda não nos foi dada essa oportunidade. Não seria isso um tipo saudade?

Num surto de loucura, acho que poderia dizer que esse é o único tipo de saudade que temos. Afinal, quando lembramos de alguém não pensamos nas tantas coisas que poderíamos fazer juntos? Nas coisas que poderíamos ter vivido juntos e não vivemos? Pensamos em como seria bom estar com aquela pessoa, passear ao lado dela, vê-la sorrindo, mesmo que isso nunca tenha acontecido.

Assim chego a acreditar, e porque não afirmar, que saudade é vontade de mudar, é querer ter algo diferente do que vivemos hoje, é imaginar como seria bom se a vida não fosse exatamente como é.

SAUDADE É, ANTES DE TUDO, SONHO!

Josiane Vieira

domingo, 19 de agosto de 2007

E o que mudou?

Tinha algumas idéias sobre alguns assuntos para escrever, mas me deparei com esse texto e decidi compartilhar.

Da série: "Quero escrever sobre qualquer tema, sim. E daí?"

Talvez isso tenha acontecido com alguma das raras almas que visitam essa adega. Isso de querer escrever, mas não ter idéia sobre o quê. Não? Então eu devo ser mais louco do que penso. Acredito que vocês iriam fazer a mesma coisa com tantas vozes em sua cabeça, tantas personalidades ansiosas por serem interpretadas, escritas, vivenciadas.

A primeira coisa que vejo é o calendário. Hoje é dia dezesseis de agosto. Tudo bem que é mês do cachorro louco ou, para os que acreditam na lenda do número 23, é mês oito que significa dois elevado ao cubo, ou seja, 2³, mas ainda assim é um mês notável. Agosto de momentos históricos que chocaram as pessoas e as marcaram para sempre a ferro em brasa. Não, não falarei da Rosa de Hiroshima (Peguei o termo emprestado, ok, Vinícius?), mas sim de um momento da história moderna brasileira.

(Voz em off de Christopher Lee)

Ano de 1992...


"Eu conclamo a população a sair de casa vestida em verde e amarelo em protesto contra as intenções golpistas de determinados setores políticos e empresariais interessados em apear-me do poder". (Fernando Collor de Mello)

Muitas pessoas saíram às ruas, mas não de verde e amarelo. Foram de preto mesmo. Aquela multidão de jovens capitaneada pela UNE vociferando palavras de ordem, jorrando ao léu uma frase que, naquele instante, virou uma onomatopéia nacional: FORA COLLOR! FORA COLLOR!

Depois disso, Collor sofreu o impeachment (como eu falei quando era mais novo, impeachmado. Gosto muito de neologismos).

Hoje em dia, mais instruído e pé no chão, pergunto-me: O que mudou em 15 anos? Nada, absolutamente nada. Assim como no movimento de Diretas, onde a Rede Globo informou que se tratasse apenas da comemoração aos 430 anos da cidade de São Paulo, o movimento do Impeachment, dizem por aí, foi orquestrado pela própria emissora. Sendo isto verdade ou não, foi a última vez que vi um movimento político com a sociedade nas ruas. É até engraçado, pois a mesma Globo o pôs no poder em 1989.

Hoje a UNE é nada menos do que uma empresa que cria cartão de estudante para dar meia-entrada em espetáculos, cinema e afins; embora haja pessoas de boa índole que ainda se importam com movimentos sérios. A sociedade, eu a vejo como um bando de cordeiros pronto para o abate, sem vontade de criar, muito menos de desconstruir (eu disse desconstruir, não destruir). Os políticos... Bem, estes não mudam nem de nome.

O que mudou? Apenas eu. Assim como Saramago, considero que não há nada mais retrógrado do que a esquerda. Pensando melhor, retrógrado é esse desinteresse em mudar o que está errado, não importando que seja para uma situação de direita ou esquerda.

sábado, 18 de agosto de 2007

Cobrar ou não cobrar?

Não sei se vocês estão acompanhando o Parapan Rio 2007, na medida do possível estou acompanhando e sentindo uma enorme felicidade e orgulho dessas pessoas que mesmo com inúmeros motivos para entregarem-se ao bel prazer da sua sorte nos dão exemplos de força de vontade e vitória pessoal praticando esportes e participando de competições como o Parapan.

Mas apesar desse assunto ser interessantíssimo, ele não será o foco principal desse texto, muito provavelmente será o tema do próximo. Entretanto um assunto me chamou a atenção esses dias. Não sei se por excesso de auto-afirmação ou preconceito enrustido de uma parcela da população.

O fato que me chamou a atenção foi um e-mail enviado por uma leitora a um jornal carioca em que ela criticava a resolução do comitê organizador dos Jogos Parapanamericanos de não cobrar um valor financeiro para que os torcedores entrassem nos ambientes onde os jogos serão disputados, dizendo que isso é uma falta de respeito com os atletas e que essa renda poderia ser repassada a uma instituição que patrocinasse os atletas.

Quando acabei de ler o e-mail fiquei pensando no porquê das entradas serem gratuitas e, caso fosse cobrado algum valor financeiro pelo ingresso, de que forma esse valor seria útil aos atletas ou se iria fazer alguma diferença nas suas vidas e preparação para futuras disputas. Pensei um pouco e cheguei a uma conclusão: a de que esse montante não seria tão útil a esses homens e mulheres que tão brilhantemente lutam contra suas próprias dificuldades pessoais e nos mostram que mesmo com alguma deficiência é possível viver de forma digna e praticar esporte de forma competitiva quanto aquela leitora julgou que seria. Se a entrada para os jogos não fosse gratuita correr-se-ia o risco de termos as arenas esportivas esvaziadas ou com a presença de apenas parentes e amigos dos atletas, além de perder-se a chance de apresentar esses esportes e exemplos de vida a uma parte da sociedade que não teria chance de participar dessa festa da mesma forma que não pôde participar dos Jogos Panamericanos.

Crianças de escolas públicas estão indo assistir aos jogos, outros portadores de necessidades especiais estão tendo a chance de ver que pessoas com as mesmas dificuldades que eles estão vivendo e crianças também portadoras de necessidades especiais estão vendo que mesmo na situação que estão podem e devem permitirem-se sonhar com a possibilidade de um futuro melhor, quem sabe através do esporte. Talvez alguns poucos desses que citei acima pagassem um valor para assistir aos jogos, mas com certeza muitos dos que estão indo não teriam a mesma oportunidade de participar dessa festa esportiva e humanitária.

Por isso, respondendo a pergunta título, a melhor opção para esses jogos é a de não cobrar um valor financeiro para assistir aos Jogos Parapanamericanos e, felizmente, foi essa a resolução do comitê organizador.

Tonni Nascimento

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Eu quero casar com Jesus!


Eu quero casar com Jesus

Tudo começou com uma conversa entre eu e minha amiga. Estávamos falando que nenhum homem presta (aquelas coisas... falando mal da raça masculina!), que homem isso, homem aquilo... E aquela frase sai: Só Jesus presta. Eu tive que concordar e saí com essa frase: Eu quero casar com Jesus já que ele é o único homem que realmente presta. E eu comecei a pensar como seria um Jesus marido (e perfeito é claro!)

Primeiro, ele não iria mentir pra mim. Mentir é pecado. Então, só teríamos verdade entre nós. Um relacionamento maduro se baseia na cumplicidade e verdade entre os cônjuges, e Ele seria sempre verdadeiro. Ponto pra Jesus.

Não iria me trair. "Não cobiçarás a mulher do próximo". Ele nem cobiçaria, nem me trairia com outra! Só isso, eu já voto em Jesus. Primeiro, trair é um pecado; e para trair é necessário mentir e esse é um outro pecado. Por tanto, ele não me trairia porque estaria cometendo dois pecados ao mesmo tempo e Jesus não faria isso, já que é perfeito. Mais um ponto pra Jesus.

Ele sempre iria querer o meu bem "Fazer aos outros aquilo que gostaria que ele fizesse", sempre me trataria bem, nunca me magoaria, não me deixaria triste, não me deixaria sozinha, nem chorando; ele não faria isso com ninguém, muito menos comigo! Três pontos pra Jesus.

Não iria ficar jogando os meus erros na minha cara, isso seria humilhação demais. Nem Maria Madalena passou por humilhação pública, porque eu teria de passar?

Além disso tudo, ainda perdoaria meus erros! "Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem". Tudo resolvido! Vou casar com Jesus! Mil pontos pra ele!!!!!

Carlinha
(E me desculpem pela demora de postar... estava meio atarefada! Mas hoje eu consegui! Ufa!)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A próxima vítima

Mais uma vítima de bala achada estampa as páginas dos jornais: o engenheiro Aílton Lopes Moreira.

Hoje está sendo ele, mas amanhã pode ser eu ou até mesmo, você, querido leitor.

Nunca as páginas dos jornais cariocas estiveram tão democráticas: ricos e pobres; bonitos e feios; intelectuais e povão; todos, atualmente e a qualquer momento podem ter (embora ninguém queira) esses “quinze minutos de fama”, movidos pela trágica situação de violência que impera em nossa sociedade.

Aí, o nosso equivocado Secretário de (Des)Segurança Pública, Sr. José Mariano Beltrame, informa que “poderíamos acabar com os traficantes em um dia, se quiséssemos, mas não vamos colocar a população em risco.”

- E daí, Secretário? Acabar com traficantes representa uma ação específica contra a vida humana, cujo objetivo é levá-los à morte.

Claro que numa sociedade em que a população está acuada pelo medo, muitos apóiem a pena de morte aos bandidos acreditando ser essa a solução, o que é um outro imenso e lamentável equívoco.


- Mas, Secretário, o senhor não é povo. Está num cargo que envolve ações de inteligência e depoimentos dessa natureza só demonstram despreparo para o cargo.


Eliminar o traficante nem de longe fará se extinguir o tráfico.


- Acredito, Sr. Secretário, que não tenha sido contratado para enxugar gelo. O traficante é resultado de uma série de graves distorções sociais.


É natural que se devam continuar existindo as ações policiais, mas enquanto se associar a causa da violência urbana à bandidagem, estaremos agindo como a pessoa com câncer no cérebro que toma o analgésico para aliviar a dor.

- Vamos lá, Secretário, convoque sociólogos, profissionais de educação, assistentes sociais. Vamos ouvir os juristas, os representantes dos núcleos familiares, os inúmeros voluntários religiosos ou não que se doam pela causa da inclusão social. Que tal, também, buscar médicos, sanitaristas, pedagogos, psicólogos, publicitários, jornalistas e tantos outros representantes sociais. Monte uma força-tarefa que envolva ações reais de repreensão, mas que não ignore o mais importante: os aspectos profiláticos. Ah, mas esqueça totalmente os políticos, como o seu chefe, por exemplo. Porque os políticos são só gargantas que bradam por soluções, mas que precisam da miséria humana para se reelegerem.


Assim, Secretário, haverá uma chance real de se acabar com a violência em nosso querido Rio de Janeiro. Pode ser até que perca o cargo, mas ficará para sempre como o primeiro Secretário de Segurança Pública que de fato nós já tivemos.


Como não sei se serei a próxima vítima, deixe-me apresentar enquanto estou viva:
- Muito prazer, eu sou Alcione Koritzky.

Alcione Koritzky

sábado, 11 de agosto de 2007

Quem escreve também dos males se despede!

Alguma vez você começou a escrever só para passar o tempo? Não importa se era um excelente texto literário ou uma porcaria qualquer, mas você escreveu? Se a resposta for sim, qual foi sensação? Aposto que de certa forma deve ter sido bem agradável.

Pois é, sempre disseram que quem canta seus males espanta, mas e quando a gente escreve também. Quantas meninas têm diários que são verdadeiros confidentes de suas dores e sorrisos, quantas raivas são despejadas nas linhas de uma folha, quantos amores, lícitos e ilícitos, são descritos nos papeis, quantas idéias são passadas através dos símbolos gráficos. Realmente, nos servimos da escrita das mais variadas formas.

Não é preciso de muito conhecimento sobre a gramática da língua que quisermos escrever, basta apenas que tenhamos ao alcance das nossas mãos uma folha em branco e de um utensílio que sirva para marcar a folha, pobre coitada. E pronto, teremos uma poesia, um conto, uma carta ou um registro que só Deus sabe se será útil para a humanidade. Porém de uma coisa temos certeza: o que for escrito pode até não ser útil para a sociedade, mas para quem escreveu vai ser com certeza!

Pensemos nisso quando nos recusarmos a escrever: Será que Drummond ficou analisando se os seus escritos eram úteis para alguém? E Oscar Wilde, Cecília Meireles, Machado de Assis? E aquele rapaz inglês, Shakespeare, que escreveu os melhores textos cênicos da história e que dizem que a maioria deles foi escrita apenas para que ele tivesse o que comer? É claro que quando pegarmos em um papel e caneta não vamos ter a pretensão de tornarmos os novos mestres da escrita, mas que se dane escrevamos mesmo assim se nos for útil e agradável naquele momento.

Bom, essa era a mensagem que queríamos passar com essas pobres linhas. Se alguém após a leitura sentir-se animado a começar a escrever ótimo, se não paciência. Mas aqueles que já têm esse hábito possam cultiva-lo cada vez mais e que possam despir-se de todos os tipos de medo e mostrar ao mundo seus escritos. Um bom começo é mostrar para os amigos íntimos e depois, aos poucos, mostrar aos conhecidos e desconhecidos se sua intenção for escrever para instruir ou distrair. Agora se a sua escrita for apenas uma forma de terapia que continue a escrever.

Agora é pegar papel e caneta e mãos a obra!

Tonni Nascimento

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Meu guri

Dona Natureza morava no morro. Era uma espécie de mendiga verde. Vivia de uma esmolinha aqui, outra ali. Não incomodava ninguém, só queria saber de levar sua vidinha. Acordava bem cedo e mal caía o dia já estava na cama. Pobre, abandonada, alimentava-se de água e luz, mas, mesmo assim, não fazia o tipo revoltada. Humilde, achava que tinha tudo o que precisava para viver. Acreditava em Deus, e que o Criador devia saber o que estava fazendo.

Como típica carioca moradora de morro, Dona Natureza viu-se obrigada a passar por todos o tipo de agressão. Foi queimada, violentada, teve sua casa invadida, levou paulada, viu seus filhos serem assassinados. Tem até hoje um buraco negro no pulmão, fruto de uma bala perdida que insiste em não cicatrizar e que, a cada dia, só faz aumentar. Mas quem liga para o que acontece nos morros? Quem liga para o que acontece com Dona Natureza? Algumas poucas pessoas, percebendo seu sofrimento, até tentaram ajudar. Plantaram mudas que não mudaram nada. No máximo, aliviaram a culpa.

El Niño, filho mais novo de Dona Natureza, o único que sobreviveu à ultima chacina, não aceitando o conformismo da mãe e sem nenhuma perspectiva de futuro, acabou por seguir o caminho de tantas outras crianças: passou a cometer pequenos delitos. Transformou-se numa espécie de pivete verde. Começou a promover arrastões levando os carros dos bacanas, invadindo casas, e até matando, com suas enchentes e chuvas de verão. Por onde passava, instaurava o medo. Do quase anonimato foi parar nas paginas dos principais jornais do mundo, como um perigoso assassino a ser combatido a todo custo. Foi perseguido, investigado, acusado. El Niño, que no fundo era de natureza pacifica, foi transformado em um grande vilão. Sua passagem como um furacão serviu ao menos para abrir os olhos de algumas pessoas, que viram na sua revolta um fato a ser estudado.

Mas como um Big Brother da vida, teve seus 15 minutos de fama e desapareceu da mídia. Poucos meses depois, era como se nada tivesse acontecido. Revoltado com o sofrimento de sua mãe, a cada dia mais pobre e doente, e com o descaso das autoridades, El Niño se mandou do morro prometendo vingança. Por aqui, quase ninguém lembra dele. Dizem que saiu do país e que, depois de participar de inúmeras guerrilhas, é hoje um dos terroristas mais temido do mundo, uma espécie Bin Laden verde, que estaria por trás de tsunamis, furacões, tornados, secas e outros grandes atentados. Lunático, fundador de uma seita fundamentalista, vive na clandestinidade, escondido com seus seguidores em algum lugar da Antártida, preparando um próximo atentado ainda mais violento. Hoje, não aceita negociar. Acha que não existe mais clima para isso.

Silvio Lach

Publicado originalmente na Revista Domingo/ JB – edição de 15 de abril de 2007.

sábado, 4 de agosto de 2007

A beleza da vida

Alguns dias atrás recebi uma notícia muito agradável: uma grande amiga está grávida. Num primeiro momento fiquei um pouco apreensivo, afinal de contas tanto ela quanto seu namorado são novos, mas depois fiquei mais tranqüilo, pois sei que eles têm plena consciência do que estão fazendo. E tenho certeza que eles terão apoio, no que for necessário, para criar seu filho tantos dos familiares quanto dos amigos.

Dias depois de receber tal notícia comecei a pensar como nós, seres humanos, somos felizes em ter consciência do que está acontecendo a nossa volta e no nosso corpo. Os outros animais não sabem direito o que está acontecendo, eles apenas sentem.

Já paramos alguma vez para pensar no quanto é belo vermos uma mulher que está gerando outra vida dentro dela? Como a natureza, ou Deus (para aqueles que acreditam) é sábio em nos permitir isso? Temos nove meses, mais ou menos duzentos e setenta dias para nos preparar para receber aquela criaturinha que será o motivo e razão futura de tudo que viemos a fazer na nossa vida desse momento em diante. Teremos trinta e oito semanas para nos prepararmos e receber em nossos braços um ser que será totalmente dependente de nós por muito tempo.

Confesso que tenho um desejo enorme de ser pai, de ouvir pela casa o som de uma nova vida. E, por isso, a cada amigo ou amiga que me diz que vai ser pai ou mãe sinto uma pontada de inveja, não pelo outro está recebendo essa graça, mas por ainda não ter chegado o meu momento. E, de certa forma, tento observa-los e aprender o que deverei fazer quando minha hora chegar.

Por considerar tanto a maternidade quanto a paternidade como algo tão belo e um divino presente, não consigo entender algumas atrocidades cometidas contra seres indefesos que apenas querem uma chance de nascer, serem recebidos com amor e dentro desse sentimento crescer. Não vou aqui julgar esse ou aquele por qualquer tipo de ato cometido contra uma criança seja que idade tiver, inclusive as que ainda não nasceram.

Paremos um dia, por alguns instantes e observemos cenas corriqueiras do nosso dia-a-dia que não damos tanta importância. Como um casal que espera seu primeiro filho. Quanto eles curtem aquele momento, como já se sentem ligados àquela criaturinha que ainda nem um rosto tem. Ou como pais com seu bebê ou com crianças um pouco maiores que passeiam juntos e se divertem. Vejamos como a natureza é sábia e bela.

Somente nós, seres humanos, temos a graça de perceber, entender esses sentimentos, somente nós sabemos o que é ser mãe ou pai. Então que passemos a valorizar esse dom que recebemos e amemos os nossos filhos, os que já estão aqui e os que virão.

Tonni Nascimento

domingo, 22 de julho de 2007

A Perda da Inocência

Você se lembra dos seus primeiros anos de vida? De como tudo era novo e mágico e o mundo parecia um lugar imenso de mistérios intimidadores? Ainda bem que você era acompanhado de dois super-heróis prontos para te ajudar: papai e mamãe.

Lembra de como o quintal ou a rua em frente à sua casa pareciam um mundo de infinitas possibilidades onde amigos reais e imaginários poderiam ser o que quisessem?

Lembra de como as “tias” da escola pareciam imensas e inteligentes, sempre sabendo como resolver aqueles trabalhinhos complicados que te davam para fazer na escola?

Ah, que delícia era ser o desbravador do mundo: encontrar casulos pendurados em árvores perto de casa, ralar o joelho e saber que a super-mamãe está sempre lá para te salvar, rolar na grama e sair cheio de carrapichos pendurados pela roupa, ser o melhor jogador da rua (mesmo que os outros jogadores todos apontem para si dizendo o mesmo)...

Mas aí algo acontece.

É difícil definir quando esse momento chega, mas acaba sendo em algum ponto entre o dia em que você deixa de desenhar o seu próprio nome para efetivamente escrevê-lo e o dia em que você descobre que o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa não existem exatamente na forma de pessoas. De repente o mundo passa a não ser tão grande quanto se imaginava, o que antes era misterioso passa a se tornar conhecido e catalogado e papai e mamãe deixam de ser tão super assim.

Agora você já pode ir até a padaria ou ao mercadinho da vizinhança quando sua mãe pede, os livros que você lê começam a ter mais palavras do que figuras, a tia da escola começa a mostrar a ciência por trás da magia do mundo e você já descobriu um punhado de coisas em que papai e mamãe não são nem de longe tão bons quanto você imaginava.

E a vida continua a acabar com a festa. Ela te força a aprender o que é a decepção, a morte e todo um mundo de eventos e sentimentos longe do colo da mamãe.

E quando você se dá conta, ela já se foi. Aquela inocência dos olhos de criança dá espaço a discussões sobre política, religião, guerras, estudo, trabalho, dinheiro... Bem vindo ao mundo adulto!

Parece um quadro meio apocalíptico, eu sei, mas toda grande mudança é assim, não é? O que a lagarta chama de fim, é apenas o começo para a borboleta.

Por mais que a inocência se vá, se você for esperto o suficiente, vai saber manter o espírito jovem. E essa é que é a grande sacada para a vida adulta: crescer, mas manter uma certa jovialidade, uma certa curiosidade e uma certa visão imaginativa que só uma criança poderia ter, pois só assim você vai conseguir perceber que a vida deixou de ser uma festa de criança para se tornar um baile que pode ser tão divertido quanto a festa, apesar de ter um pouquinho mais de regras.

E, quando você menos espera, se da conta que está agradecido por aquela inocência infantil ter ido embora, porque só assim você consegue escapar de certas armadilhas do baile da vida adulta. Vai ver que é exatamente por isso que crianças não podem entrar nesse baile, né? E, nossa, como ele se torna magicamente maravilhoso quando você descobre certas verdades com as quais só um adulto consegue lidar. Mas o mais interessante é exatamente isso: a magia não acaba, apenas muda de roupagem a cada nova dança, a cada novo ritmo. E como perde aquele que fica se escondendo pelos cantos, sentado longe da pista de dança, apenas praguejando a própria sorte.

Vamos celebrar o fim da inocência e a beleza da vida adulta! Conceda a si mesmo o prazer desta dança!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Albergue



Eu lí num texto de Rubem Alves (do livro - O amor que acende a lua - que é muito bom por sinal) que nós somos um Albergue.
E que nesse albergue moram muitas pessoas. Umas boas, outras más, outras normais, outras esquezitas... Isso ficou algum tempo pairando na minha mente, sem que eu entendesse direito.

No meu albergue moram pessoas totalmente diferentes. A personalidade dominante é a dona do albergue, aquela que cobra o aluguel, que procura ver se o albergue está em boas condições, como andam os hóspedes... Essa personalidade dominante é aquela que manda e que conhece todos os outros inquilinos.

Alguns inquilinos precisam ficar presos e trancados (Rubem Alves também fala nisso e eu tenho que corcordar com ele). O meu ciúme é regido por um homem... Ele é impulsivamente impulsivo. Sente ciúmes de tudo e de todos, é aldaz, voraz, audacioso, e extremamente perigoso. Esse fica preso. Mas ele grita e como grita.

Outra é uma cigana. É "cigana oblíqüa". Essa está aprendendo a conviver com as pessoas. Vamos dizer que ela vive em regime semi-aberto, em alguns momentos ela fica trancada. Ela não grita, mas sussura... e, às vezes, é pior. Mas ela, eu sei que aprenderá a conviver com as pessoas com total educação... falta pouco pra liberdade total. Mas ela me ajuda. Eu sou tímida demais e ela é muito sensual, e muitas vezes eu preciso dela. É só ela aprender a vir com calma e não ser voraz e devoradora.

Outro inquilino é uma criança... ela é tranquila... às vezes passa correndo e cantando, fazendo bolinha de sabão... Não faz estranho algum, mas quando ela aparece sempre querem que eu volte a ser adulta... mesmo quando eu quero que a criança fique.

Tenho um deprimido dentro de mim. Um deprimido depressivo com tendências suicidas. Esse também fica trancado. Já soltei ele algumas vezes... foram os momentos mais tristes da minha vida... Eu o mantenho trancado, mas ele chora alto que dá dó. Toda vez que ele chora, me dá um aperto no peito... mas não dá pra soltá-lo. E uma vez ou outra ele pede pra morrer... Algumas vezes eu me senti tentada, foram as vezes que ele ficou solto. Se eu soltá-lo, teria que matá-lo, e isso implica em acabar comigo. Esse eu mantenho preso também.

O intelectual anda solto... O filósofo também passeia pelo hotel com liberdade... e é ele que está me ajudando a escrever esse texto. E o ansioso está aqui do lado atormentando e me deixando com dor de barriga.

O apaixonado deveria estar preso, mas me roubou a chave e anda cantarolando canções de amor e dizendo o nome de alguém a plenos pulmões, deixando o ansioso desesperado, o deprimido achando que tudo vai dar errado, o ilusionisma me enchendo de imagens bonitas e falsas na hora de dormir... ai! E eu mesmo estou perdendo o controle do albergue.

Eu preciso dominar a todos!
Apaixonado! Volta pro seu quarto! Ele não está apaixonado por nós!
Ansioso, se acalma! Não tem nada pra temer, não vai acontecer nada!
Deprimido, se alegre... não tem nada pra acontecer, não tem coisas tristes pra acontecer, só coisas alegres!
Ilusionista, pára de me mostar imagens de mim e de quem estou gostando. Eu gosto sozinha, ele nada sente por mim! Essa é a verdade!

Vamos ver se eu consigo colocar moral e restabelecer a ordem.

Eu sou uma e sou tantas....
_________________________________

Eu não sei se foi um bom texto, mas eu precisava escrever isso.

domingo, 15 de julho de 2007

PAN, PAN, PAN, PAN ...




A vida é um hospital

Onde quase tudo falta.

Por isso ninguém se cura

E morrer é que é ter alta.

[Quadras ao gosto popular – Fernando Pessoa]


Poesia, jornalismo e política. Hoje, ao voltar do mercado a conversar com o motorista do táxi, quis ser especialista em cada um destes assuntos.


Primeiro quis ser poeta, para poder escrever o que ocorre com o mundo, de forma singela e doce, como faz Pessoa. Depois quis ser jornalista, para descrever o que se passa em nossa cidade de maneira verdadeiramente imparcial. E por último, quis saber e entender o que fazem esses a quem damos o poder de decidir o destino de nosso dinheiro, de nossos impostos e no fim, de decidir também como é nossa vida enquanto povo, população, cidadãos da República Federativa do Brasil.

Passávamos por uma rua perto de casa quando ele disse para que eu não andasse por ali à noite. “É deserto, escuro, perigoso e ultimamente tem dado muito assalto por aqui...”

Aí comecei a pensar no PAN enquanto conversava com ele. Não no pan-americano e seus turistas, força nacional, exército, médicos e ambulâncias a postos... Mas sim no PÂNico que mães e pai sofrem dia após dia ao saírem para trabalhar e deixar seus filhos em casa, ou quando precisam levá-los ao hospital público (que se tem médico não tem remédio, se tem remédio não tem leito etc.) No PANdemônio que é pegar ônibus lotado e encarar engarrafamentos quilométricos, em ter que pensar que se pago esta conta, não pago aquela.

E, como sempre gosto de buscar qual o meu papel em relação a isso tudo, percebi que minha falha maior é evitar os assuntos de política, evitar discutir sobre o que faz nosso Presidente, dizer que religião até pode, mas que política não se discute. E olhando em volta, dei-me conta que num quadro geral, esse é o perfil de brasileiro.


Cidadão esforçados, batalhadores, que lutam dia após dia contra as forças “invisíveis” do desemprego, da fome, do cansaço... Essa gente que vibra com a Copa do mundo, com o final da novela das oito, mas que é completamente desinformada em relação a política. A gente fala de política na fila do banco, dizendo que o país é uma bagunça. Mas não se importa em assistir o horário político, em ler os projetos de governo de nossos candidatos, de questionar a origem e a capacidade daquela pessoa em governar uma cidade, um estado, um país.


E depois a gente reclama... Reclama após votar em candidatos de milhares de partidos diferentes, sem saber se um apoiará o outro depois que eleito. A gente reclama, enquanto eles enriquecem e quase nada fazem. Apenas reclamamos, mas de que adianta se deixar manipular para sair a rua como caras pintadas se no fundo, nem sabíamos o real motivo de fazermos aquilo?


Esse PAN (e agora falo do torneio esportivo) me fez ver mais uma vez, que a assertividade do todo, depende do um. É claro que como boa torcedora, fico vibrando, gritando, pulando em frente a TV esperando por medalhas. Mas na vida além do PAN, está na hora de entra no time dos que vestem de verdade a camisa de seu país, e que fazem a diferença para que seja este o lugar onde quero viver e criar meus filhos.


Política e religião? Está mais do que na hora de discutir, entender, questionar!


E quanto ao posicionamento do novo Papa? Bem... Isso fica para o próximo post.


Beijocas politizadas.

sábado, 14 de julho de 2007

Viva essa energia!

Esse é o tema dos XV Jogos Pan-americanos, mas não iremos falar sobre os jogos. Pelo ao menos não diretamente. Vamos tentar falar sobre o que eles trarão de bom para a nossa cidade, nosso país e para o nosso povo.

Estamos vivendo uma onda de boas vibrações na nossa cidade por causa desse evento esportivo que o Rio de Janeiro está sediando. Moços, crianças e idosos estão em clima de festa e descontração. É como se estivéssemos em um carnaval ou reveillon fora de época, pois toda a cidade esta respirando, ou pelo ao menos tentando respirar, esse clima festivo que se nos apresenta.

Mas o que achamos desse tema? O que será que a organização pensou quando decidiu que seria esse o tom da nossa festa?

É bem interessante essa escolha, até por que se formos levar em conta ela veio em excelente hora, quase que por coincidência. É bom também lembrar que o tema foi definido há bastante tempo atrás, quando começou a pensar na cerimônia de abertura. Entretanto parecia que eles, os organizadores, estavam adivinhando o que estaria acontecendo com a nossa cidade.

Não é segredo para ninguém que nossa cidade, como todo o país, está passando por um momento bastante crítico no quesito segurança e, que por causa disso, a maioria ou boa parte da população tem andado apreensiva e até receosa em sair dos seus lares, de buscar o convívio com os outros. Fazendo com que alguns dos atributos do nosso povo, a espontaneidade e a alegria, sejam menos vistos no momento.

Mas como se por encanto as coisas começaram a mudar. Começamos a sentir e viver o clima do Pan. Essa energia mais do que positiva vindo de todos os lados e fazendo com que nosso povo lembrasse que somos um povo alegre, festivo e que menos que tudo a nossa volta pareça ruim sempre damos um jeito e revertemos o quadro de forma que isso não atrapalhe a nossa vida.

Que energia é essa? É a energia da comunhão de idéias, de sentimentos, a troca da desconfiança pela certeza de que o amanhã será melhor. Essa energia maravilhosa que só quem vive nessa cidade que foi abençoada de todas as formas pode sentir. Essa energia que sentimos quando estamos caminhando à beira da praia sentindo o gosto da maresia, a refrescante sensação de caminhar por entre os nossos jardins ou florestas ou a energia que vem desse povo que está sempre com um sorriso no rosto e disposto a dividir com quem aqui chega essa sensação maravilhosa de viver numa cidade que é uma verdadeira obra de arte de Deus.

Que possamos viver essa energia, não apenas nessas épocas de festas. Carnaval, reveillon ou agora o Pan-americano. Que tenhamos vontade para fazer com os outros dias do ano sejam tão belos como os dias de festa. Que essa troca deliciosa de energias positivas possa continuar ad infinitun.

Que não só a realização dos Jogos Pan americanos e a eleição do Cristo Redentor como uma das sete maravilhas do mundo moderno, sejam motivos de festa, mas o fato de sermos seres humanos, de termos um divino presente em nossas mãos que é a dádiva de viver nessa cidade tão bela. Que a cada dia quando acordarmos pela manhã possamos lembrar de agradecer pelo simples fato de estar vivo e viver esse dia como se fosse o último, tornando-o útil e dividindo com alguém essa dádiva. Que lembremos de dar bom dia para quem cruzar o nosso caminho, agradecer pelos favores que nos forem feitos, ser gentil com o um estranho, entre milhares de outras coisas que podemos fazer. Para que no fim do dia, quando deitarmos a cabeça no travesseiro possamos dizer: hoje eu vivi essa energia maravilhosa de fazer o outro um pouco mais feliz dividindo com ele a minha alegria de ser carioca e viver na Cidade Maravilhosa.

Que essa onda de boas vibrações e energias positivas que pousam agora sobre a nossa cidade possam servir de estímulo e alavanca para que comecemos a viver realmente com mais respeito e amor. Que vivamos essa energia!

Tonni Nascimento

terça-feira, 10 de julho de 2007

Eu sou o obstáculo

Certa vez um cão estava quase morto de sede, parada junto à água. Toda vez que ele olhava seu reflexo na água, ficava assustado e recuava, por que pensava ser outro cão. Finalmente, era tamanha a sua sede, que abandonou o medo e se atirou para dentro da água. Com isso o reflexo desapareceu. O cão descobriu que o obstáculo, que era ele próprio, a barreira entre ele e o que buscava, havia desaparecido.

Nós estamos parados no meio do nosso próprio caminho. E, a menos que compreendamos isso, nada será possível em direção ao nosso crescimento. Se a barreira fosse alguma outra pessoa, poderíamos nos desviar. Mas nós somos a barreira. Nós não podemos nos desviar. Quem vai desviar-se de quem? Nossa barreira somos nós e nos seguirá como uma sombra.

Esse é o ponto onde nós estamos; juntos da água, quase mortos de sede. Mas alguma coisa nos impede, porque nós não estamos saltando para dentro. Alguma coisa nos segura. O que é? É uma espécie de medo. Porque a margem é conhecida, é familiar e pular no rio é ir em direção ao desconhecido. O medo sempre diz: “agarre-se àquilo que é familiar, ao que é conhecido”.

E as nossas misérias, nossas tristezas, nossas depressões, nossas angústias, nossos complexos, nos são familiares, são habituais. Nós vivemos com eles por tanto tempo e nos agarramos a eles como se fosse um tesouro. Esse é o caso de todos nós. Ninguém nos está impedindo. Apenas o próprio reflexo entre nós e o nosso destino, entre nós como uma semente e nós como uma flor. Não há ninguém mais impiedoso, criando qualquer obstáculo. Portanto, não continuemos a jogar a responsabilidade nos outros. Essa é uma forma de nos consolar, deixemos de nos consolar, deixemos de ter autopiedade. Fiquemos atentos. Abramos os olhos. Vejamos o que está acontecendo com a nossa vida. Escolhamos certo e decidamos dar o salto.

Autor desconhecido